Friday, April 24, 2015

OS VINGADORES VOLTAM ARREBENTANDO (por Carlos Cirne)


Você se lembra de sua reação ao ver, pela primeira vez, “Neo” se esquivando de tiros, no primeiro “Matrix” (1999)? Lembro-me claramente de pensar: “Isso é muito bom! E provavelmente começa a ser copiado amanhã de manhã”. Dito e feito. A partir de então, o efeito “bullet-time” passou a fazer parte da cartilha de filmes de ação com viés futurista ou de fantasia, e a câmera lenta tomou conta do panorama. Assistindo a esta nova aventura dos “Vingadores”, o sentimento é praticamente o mesmo. O filme é tão bom que deve estabelecer alguns parâmetros para a indústria, a partir de agora. E não é papo de fã, não.


A gente sabe que para cada “O Império Contra-Ataca” - a magnífica continuação do “Star Wars” original, ou seja, o atual “Episódio V” - existe uma dezena de continuações que afundam fragorosamente num oceano de repetições sem graça das fórmulas bem sucedidas no primeiro episódio. Mas, também acontecem – mais raramente – casos de continuações que têm algo mais a acrescentar à franquia, como este novo “Vingadores”.


Principalmente porque, a rigor, este é o segundo filme da equipe, mas o público já está familiarizado com os personagens a bem mais tempo, por seus filmes “solo”, dentro do Universo Marvel. Ou seja, todo mundo já conhece o “Homem de Ferro” de Robert Downey Jr. (três filmes), o “Thor” de Chris Hemsworth (dois filmes), o “Capitão América” de Chris Evans (dois filmes também), além de duas incursões anteriores não muito bem recebidas do “Hulk”, que parece ter encontrado seu intérprete definitivo na figura de Mark Ruffalo. Isso sem falar de “Nick Fury” (Samuel L. Jackson), que já vagou por vários destes filmes, mesmo que só em pontas rápidas. E os outros personagens – “Viúva Negra” (Scarlett Johansson) e “Gavião Arqueiro” (Jeremy Renner), entre outros - também já são conhecidos do público, no mínimo, do filme anterior dos “Vingadores”. E isso facilita muito as coisas, porque não é necessário explicar muito, é mais como se revíssemos velhos amigos.



E o roteiro do diretor Joss Whedon faz uso dessa familiaridade do público com os personagens para injetar inúmeras cenas de humor – às vezes até involuntário, mas sempre muito aguardado pela plateia – dentre as quase ininterruptas cenas de ação, hiperbólicas a ponto de fazer Michael Bay (cineasta de sucessos do cinema-pipoca como “Pearl Harbor” e da série “Transformers”) parecer lento. Com um senão: estas cenas, aqui, não são anabolizadas a ponto da fadiga visual ou auditiva, mas sim instrumentos fundamentais no desenvolvimento da história.


Falando destas cenas de ação: você se lembra de uma cena no último terço do primeiro filme, que foi repetida à exaustão, aonde os “Vingadores” vão se posicionando para a luta em círculo, um a um, de costas para os outros, em total prontidão? Pois bem, esta imagem meio que se repete neste episódio, só que com muito mais personagens, e sem estarem estáticos, mas em movimento, numa coreografia impossível de ser imaginada. Um deslumbre visual, e provavelmente uma grande dor de cabeça para os técnicos em efeitos visuais.



A história? Simplificando bem, e tentando não estragar nada: mais uma vez, uma iniciativa bem intencionada acaba fugindo ao controle e, ao adquirir vida própria – tornando-se o “Ultron” do título (com a excepcional voz de James Spader na dublagem) -, transforma os “Vingadores” em seu principal alvo no intento de alcançar sucesso em sua missão – a paz mundial. Os heróis devem então trabalhar juntos – sem exceção – para evitar a aniquilação.


É importante destacar também que, apesar do partido “ação” do filme, este é, sem sombra de dúvida, o episódio de qualquer franquia do Universo Marvel onde mais se aprende a respeito de cada um dos personagens e onde, indiferente de sua posição dentro do grupo, cada um é fundamental para que se resolva a equação. E, além da apresentação de novos componentes da equipe - Aaron Taylor-Johnson como o “Mercúrio”, Elizabeth Olsen como a “Feiticeira Escarlate” e Paul Bettany como o “Visão” -, espere também algumas inevitáveis baixas. 



E é aí que reside o grande trunfo do filme: o carisma de seu elenco e a impressionante química entre eles. É praticamente impossível não se deixar envolver pelos personagens. Não deixe de ver, mesmo que não seja fã do segmento. É diversão garantida!



Em tempo: na sessão para imprensa foram ainda apresentados dois trailers de futuras atrações do estúdio, que esperamos que acompanhem as exibições dos “Vingadores”: um trailer estendido (vários minutos) da nova aventura de ficção científica estrelada por George Clooney, “Tomorrowland”; e o novo trailer do mais estranho super-herói da Marvel a ganhar filme-solo, o “Homem-Formiga”, estrelado por Paul Rudd. Se você, como eu, estava meio temeroso pelo resultado, a julgar pelo trailer, pode esperar pelo melhor. O filme parece ser muito divertido. Vamos aguardar.
Ah, sim: não perca a participação hitchcockiana de Stan Lee – o “pai” de todos estes personagens - em “Vingadores - Era de Ultron”. Ele está lá, claro.



VINGADORES - ERA DE ULTRON
Avengers: Age of Ultron
(2015 – 142 minutos)

Direção
Joss Whedon

Elenco
Robert Downey Jr.
Chris Evans
Chris Hemsworth
Mark Ruffalo
Scarlett Johansson
Jeremy Renner
Samuel L. Jackson
Aaron Taylor-Johnson
Elizabeth Olsen
Idris Elba
James Spader (voz)
Stellan Skarsgård
Paul Bettany
Don Cheadle
Andy Serkis
Lou Ferrigno (voz)
Anthony Mackie
Stan Lee

Em cartaz no Cinespaço Shopping Miramar. 
Em 3D, em toda a Rede Roxy.




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