por Chico Marques
Apesar do diretor Anatole Litvak ser extremamente maneirista e estar longe de ser um dos maiores expoentes do "film noir", não dá para negar que em SORRY, WRONG NUMBER ele conseguiu realizar um dos filmes mais emblemáticos deste gênero cinematográfico surgido durante a Segunda Guerra Mundial -- quando foi preciso economizar energia elétrica como parte do Esforço de Guerra e Hollywood passou a rodar suas produções B e C com um mínimo de luz em seus estúdios.
Adaptado de uma peça de rádioteatro de Lucille Fletcher, SORRY, WRONG NUMBER tem como ponto de partida o efeito paranóico que ligações misteriosas anunciando um assassinato podem provocar numa pessoa. E, claro, tem como grande trunfo o carisma da sempre eloquente Barbara Stanwyck, uma atriz magnífica e uma das maiores musas desse tipo de filme.
Barbara faz Leona Stevenson, uma mulher presa a uma cadeira de rodas e a um quarto que começa a receber telefonemas anunciando que uma mulher vai ser assassinada naquela noite. Impossibilitada de sair dalí e falar com seu marido (Burt Lancaster), um policial afastado da corporação por ter cometido algumas "irregularidades", ela é envolvida pelo mistério por conta de situações mal-resolvidas em seu passado. Quando entra em cena uma velha colega de escola (Ann Richards) e um esquema fraudulento para vender madicamentos no mercado negro, o filme vai ficando mais e mais claustrofóbico, e Leona começa a enlouquecer.
O grande triunfo narrativo da versão cinematográfica de SORRY, WRONG NUMBER está justamente no fato do público poder ouvir todos os diálogos que vem pelo telefone, mas não conseguir ver coisa alguma, além do desespero e do desequilíbrio da personagem de Miss Stanwyck. O quarto claustrofóbico onde ela se encontra mais parece uma prisão -- apesar da janela mostrar a paisagem urbana da superpopulosa Nova York ao fundo. Assim, o filme acaba funcionando como uma metáfora muito forte do enclausuramento urbano que está no cotidiano de muitos de nós.
Com flashbacks dentro de flashbacks, revelando podres do passado e servindo como uma alavanca para a loucura e para o desespero, SORRY, WRONG NUMBER consegue ser um filme ainda muito relevante nos dias de hoje, 67 anos depois de ter sido realizado. Envelheceu um pouco, é bom dizer. Mas continua relevante em termos artísticos. Claro que se tivesse sido realizado por Howard Hawks ou John Huston ou mesmo William Wellman, seria um filme de um gabarito muito superior
A propóstito: o título original em português para SORRY, WRONG NUMBER é extremamente genérico e já serviu como título para diversos outros filmes: UMA VIDA POR UM FIO. Daí, para evitar confusões, optamos por manter o título original em Inglês, que celebrizou o filme internacionalmente.
UMA VIDA POR UM FIO
SORRY, WRONG NUMBER
(1948 - 89 minutos)
Direção
Anatole Litvak
Roteiro
Louise Fletcher
Elenco
Barbara Stanwyck
Burt Lancaster
Ann Richards
William Conrad
Wendell Corey
Ao final da exibição,
Apesar do diretor Anatole Litvak ser extremamente maneirista e estar longe de ser um dos maiores expoentes do "film noir", não dá para negar que em SORRY, WRONG NUMBER ele conseguiu realizar um dos filmes mais emblemáticos deste gênero cinematográfico surgido durante a Segunda Guerra Mundial -- quando foi preciso economizar energia elétrica como parte do Esforço de Guerra e Hollywood passou a rodar suas produções B e C com um mínimo de luz em seus estúdios.
Adaptado de uma peça de rádioteatro de Lucille Fletcher, SORRY, WRONG NUMBER tem como ponto de partida o efeito paranóico que ligações misteriosas anunciando um assassinato podem provocar numa pessoa. E, claro, tem como grande trunfo o carisma da sempre eloquente Barbara Stanwyck, uma atriz magnífica e uma das maiores musas desse tipo de filme.
Barbara faz Leona Stevenson, uma mulher presa a uma cadeira de rodas e a um quarto que começa a receber telefonemas anunciando que uma mulher vai ser assassinada naquela noite. Impossibilitada de sair dalí e falar com seu marido (Burt Lancaster), um policial afastado da corporação por ter cometido algumas "irregularidades", ela é envolvida pelo mistério por conta de situações mal-resolvidas em seu passado. Quando entra em cena uma velha colega de escola (Ann Richards) e um esquema fraudulento para vender madicamentos no mercado negro, o filme vai ficando mais e mais claustrofóbico, e Leona começa a enlouquecer.
O grande triunfo narrativo da versão cinematográfica de SORRY, WRONG NUMBER está justamente no fato do público poder ouvir todos os diálogos que vem pelo telefone, mas não conseguir ver coisa alguma, além do desespero e do desequilíbrio da personagem de Miss Stanwyck. O quarto claustrofóbico onde ela se encontra mais parece uma prisão -- apesar da janela mostrar a paisagem urbana da superpopulosa Nova York ao fundo. Assim, o filme acaba funcionando como uma metáfora muito forte do enclausuramento urbano que está no cotidiano de muitos de nós.
Com flashbacks dentro de flashbacks, revelando podres do passado e servindo como uma alavanca para a loucura e para o desespero, SORRY, WRONG NUMBER consegue ser um filme ainda muito relevante nos dias de hoje, 67 anos depois de ter sido realizado. Envelheceu um pouco, é bom dizer. Mas continua relevante em termos artísticos. Claro que se tivesse sido realizado por Howard Hawks ou John Huston ou mesmo William Wellman, seria um filme de um gabarito muito superior
A propóstito: o título original em português para SORRY, WRONG NUMBER é extremamente genérico e já serviu como título para diversos outros filmes: UMA VIDA POR UM FIO. Daí, para evitar confusões, optamos por manter o título original em Inglês, que celebrizou o filme internacionalmente.
UMA VIDA POR UM FIO
SORRY, WRONG NUMBER
(1948 - 89 minutos)
Direção
Anatole Litvak
Roteiro
Louise Fletcher
Elenco
Barbara Stanwyck
Burt Lancaster
Ann Richards
William Conrad
Wendell Corey
Ao final da exibição,
um breve debate com os curadores
do Cineclube Pagu:
Carlos Cirne e Marcelo Pestana
Quarta - 05 de Agosto - 19 horas
OFICINA CULTURAL PAGU
Rua Espírito Santo, 17
quase esquina com Av. Ana Costa
Campo Grande, Santos SP
Telefone: (13) 3219-2036
Telefone: (13) 3219-2036
"Barbara faz Leona Stevenson, uma mulher presa a uma cadeira de rodas e a um quarto que começa a receber telefonemas anunciando que uma mulher vai ser assassinada naquela noite. Impossibilitada de sair dalí e falar com seu marido (Burt Lancaster), um policial afastado da corporação por ter cometido algumas "irregularidades"....
ReplyDeleteBurt Lancaster é policial nesse filme? Acho que vimos filmes diferentes.....