por Chico Marques
Desde que deixou de lado as temáticas mais densas e dramáticas de seus primeiros filmes, Noah Baumbach passou a apostar num filão extremamente rico e apelativo em termos temáticas: a Classe Média.
O cinema de Baumbach ficou bem mais acessível ao grande público desde que se associou à atriz e roteirista Greta Gerwig, com quem veio a se casar cinco anos atrás, logo após trabalharem juntos em "Greenberg", um filme muito curioso com Ben Stiller no papel principal e baseado numa história de Jennifer Jason Leigh.
Se hoje ele consegue se situar estrategicamente no que se poderia chamar de “Ala Mainstream da Cena Sundance”, é certamente graças à leveza e ao frescor criativo que Greta trouxe a seus filmes, tanto em seu trabalho (excelente) como atriz quanto em suas investidas (brilhantes) como roteirista.
Se hoje ele consegue se situar estrategicamente no que se poderia chamar de “Ala Mainstream da Cena Sundance”, é certamente graças à leveza e ao frescor criativo que Greta trouxe a seus filmes, tanto em seu trabalho (excelente) como atriz quanto em suas investidas (brilhantes) como roteirista.
Em "Mistress America", seu novo filme, Noah Baumbach volta suas baterias para as indefinições que pairam sobre as mulheres urbanas jovens e o enorme festival de incertezas e inadequações que as afligem.
Tracy (Lola Kirke), de apenas 18 anos, acaba de ingressar na Barnard College, em Nova York -- curiosamente, Greta Gerwig estudou lá --, e sofre por não ser aceita no ambiente competitivo da Escola. Insegura em relação a como se posicionar socialmente naquele lugar, ela pouco a pouco começa a desconfiar não ser tão especial quanto acreditava ser. E quando é reprovada no exame de admissão para uma sociedade literária seleta, fica completamente atrapalhada e sem perspectivas.
É quando ela conhece Brooke (Greta Gerwig), doze anos mais velha do que ela, e tão imatura emocionalmente quanto ela. Brooke é filha do futuro marido de sua mãe, e seu jeitão destrambelhado e cheio de atitude fascina Tracy. Ela é o poderia acontecer de melhor e de pior na vida de Tracy, preenchendo sua vida com sequências absurdas de acontecimentos -- que ela ou atraí, ou provoca -- e transformando-se em tema das histórias que seus professores cobram dela nas aulas.
Desnecessário dizer que as duas viram amigas inseparáveis de um dia para o outro. E que alguma coisa vai dar errado, e a amizade entre as duas vai se romper por alguma bobagem. E que, passado o impacto de tudo isso, algo muito significativo vai acabar acontecendo nas vidas das duas.
Desnecessário dizer que as duas viram amigas inseparáveis de um dia para o outro. E que alguma coisa vai dar errado, e a amizade entre as duas vai se romper por alguma bobagem. E que, passado o impacto de tudo isso, algo muito significativo vai acabar acontecendo nas vidas das duas.
"Mistress America" é uma comédia de erros bem resolvida sobre as inúmeras maneiras de se expressar e a extrema dificuldade de se comunicar nos dias de hoje. Os diálogos são engraçadíssimos, e algumas cenas do filme são absolutamente impagáveis. O filme ostenta algumas passagens absolutamente surreais, com várias pessoas falando coisas completamente desencontreadas uns com os outros, algo que não se via desde que Robert Altman estava na ativa.
Aliás, todo o elenco de apoio de "Mistress America" é de altíssimo gabarito, providenciando uma moldura perfeita para todas as confusões provocadas por Brooke e as insólitas consequências decorrentes de suas atitudes.
A legião de fãs de “Frances Ha” com certeza vai adorar ver o diretor Noah Baumbach e Greta Gerwig trabalhando juntos novamente.
Se bem que aqui, ao contrário do que acontece em “Frances Ha”, o tom de comédia amalucada predomina sobre o tom melancólico urbano -- e tudo isso, somado à discussão sobre ética que permeia a maioria dos filmes recentes do diretor, faz de "Mistress America" um filme estranhamente inusitado e, ao mesmo tempo, muito familiar.
Não me parece nenhum exagero afirmar que Brooke Cardenas lembra muito Annie Hall. É tão aventuresca, tão desgarrada, tão fascinante, tão apaixonante e com tanto talento para a vida quanto ela. Não é à toa que, na hora de se reinventar, Brooke decide deixar Nova York e seguir justamente para Los Angeles, repetindo a mesma trajetória de Annie. Não é à toa também que a cena final entre Tracy e Brooke ocorra num café novaiorquino através de imagens vistas da rua.
Sendo assim, não percam o "Annie Hall" de Noah Baumbach. É um filme que merece ser visto. E se você ainda não incluiu Greta Gerwig na sua lista de atrizes favoritas, prepare-se pois ela vai conquistar você. Como conquistou Noah Baumbach.
Se bem que aqui, ao contrário do que acontece em “Frances Ha”, o tom de comédia amalucada predomina sobre o tom melancólico urbano -- e tudo isso, somado à discussão sobre ética que permeia a maioria dos filmes recentes do diretor, faz de "Mistress America" um filme estranhamente inusitado e, ao mesmo tempo, muito familiar.
Não me parece nenhum exagero afirmar que Brooke Cardenas lembra muito Annie Hall. É tão aventuresca, tão desgarrada, tão fascinante, tão apaixonante e com tanto talento para a vida quanto ela. Não é à toa que, na hora de se reinventar, Brooke decide deixar Nova York e seguir justamente para Los Angeles, repetindo a mesma trajetória de Annie. Não é à toa também que a cena final entre Tracy e Brooke ocorra num café novaiorquino através de imagens vistas da rua.
Sendo assim, não percam o "Annie Hall" de Noah Baumbach. É um filme que merece ser visto. E se você ainda não incluiu Greta Gerwig na sua lista de atrizes favoritas, prepare-se pois ela vai conquistar você. Como conquistou Noah Baumbach.
(2015, 90 minutos)
Direção
Noah Baumbach
Roteiro
Noah Baumbach
Greta Gerwig
Elenco
Greta Gerwig
Lola Kirke
Matthew Shear
Michael Chernus
Heather Lind
Jasmine Cephas Jones
em cartaz no Cinespaço Miramar Shopping
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