Lendo o artigo "O Limbo dos Livros Esquecidos" de Ana Lima Cecilio para a São Paulo Review, me ocorreu projetar o que estaria citado na obra de Otto Maria Carpeaux como importante ler, ou o resultado representativo da literatura nos 15 primeiros anos do século XXI.
A lista da Nilsen sobre o mercado editorial aponta que em 2014 foram publicados 60 829 títulos no Brasil. Todos os tipos de livros.
Não dá para ter ideia de tudo o que é publicado aqui no Brasil segundo Ana. Poucos, muito poucos tem edições de 3 mil exemplares, para apostar nesse número tem que ter muita coragem.
A oferta em literatura contemporânea, poesia, ensaio, didáticos, acadêmicos, caça-níqueis, engraçadinhos, negócios, biografias, cartas, memórias, receitas, livros com fotos, de arte, infantis, literatura clássica é enorme. Enfim, a coisa é infinita, assusta.
O caminho subsequente à publicação encontra um paredão, pois não há espaços culturais para divulgação. Ana usa a revista CULT como exemplo de veiculo de divulgação cultural, afirmando a bravura da revista pela resistência. Me faz parar para pensar com relação à divulgação de autores novos. Qual a quantidade de consagrados, se comparados com os novos? Bem, preciso folhear a revista para responder.
Os cadernos culturais dos jornais? Aqui na terra de Braz Cubas eu conheço bem a luta para divulgação face à restrição de espaço. As divulgações e lançamentos parecem chá de cozinha, e o sucessos não tem mais os 15 minutos.
Quem teve a oportunidade de ler Willian Styron relatando seu período de selecionador na McGraw Hill e contando como é perder um sucesso, leia também a entrevista de Raduan Nassar falando do que corre atrás dos muros para dimensionar a briga por quem lê num País que poucos leem.
A rede social ainda não nos oferece um caminho para achar cipós que nos levem ao que vale a pena nesse mar de mais de 60 000 titulos editados em 2014.
Que, se somados aos editados últimos 15 anos, é de cair de costas.
E lá pelas tantas fui perguntado que filmes valeram a pena em 2015.
Respondi que até o momento já vi mais de uma centena, muitos no pacote que o Geneton Moraes Neto considera dispensáveis em seus artigo "Somos Todos Vítimas da Síndrome de Woody Allen", publicado em seu blog.
Contudo, três deles eu cito, ainda que seja radicalmente contrário a listas de umdezcemmil mais e essas invencionices -- e cito com a intenção de marcar meu gosto pessoal, e não mais que isso, afinal listas não passam de registro pessoal, tenho argumentos baseados em pesquisas de dez mais que assustariam doutôs. Razão do meu descredenciamento. Por estar de bom humor respondi - NEBRASKA, LEVIATHAN E WINTER SLEEP e se me perguntar daqui a uma semana possa ser que sejam outros.
Dei muitas risadas por ter recebido a mesma indagação com relação a livros, pinturas et cetera. LIVROS? Fácil...fácil... "Bartleby, o Escrivão" de Herman Melville. Outro que me impressionou pela crueza da narrativa foi "A Bastarda" de Violette Leduc. E o terceiro é Michel Butor, "O Inventário do Tempo". PINTURA? Junying Wang, da China. Conheço muito pouco da pintura chinesa, mas essa menina nascida em 1970 me encantou. Como me encantaram os pintores africanos, é impossível ficar em uma citação, mas vale Charlotte Derain. Alexi Torres, cubano, pela criatividade.
No fundo é tudo diversão que inventamos para passar tempo e ver se a chuva vai embora.
CAFÉ FOREVER E CHUVA NÃO IMPEDE MEU BOM DIA.
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.
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