Tantas vezes eu e o Argemiro Antunes -- o grande cartunista Miro -- trocamos visões críticas com relação a exibição do filme "O Ano Passado em Marienbad", de Alain Resnais, mas nunca citamos "A invenção de Morel", de Adolfo Bioy Casares.
Perdemos esse comparativo face jamais ter lido a obra.
Com relação ao Argemiro não posso afirmar que tenha lido ou não.
O mesmo não se passa com relação com Alain Robbe-Grillet, roteirista do filme, de quem li alguns livros.
O filme é um dos grandes enigmas intelectuais do século 20.
Dia destes li um artigo que falava da obra de Bioy descrevendo a angustiante investigação de um perseguido político acerca do que se passa na ilha onde se refugiou.
Acaba descobrindo que os turistas são apenas imagens gravadas que vivem uma única semana.
Fala que Resnais apresenta uma construção do talvez.
As imagens geram insegurança diante de hipóteses, espelhos, invenções e quebra a expectativa de realidade.
O artigo faz paralelo do filme e a obra de Bioy e Resnais/Grilett, escreve que "Marienbad" seria uma espécie de continuação de "Morel", retomando o personagem depois que ele se fez filmar e adentrou o mundo paralelo.
Não sei se esta alternativa já foi estudada.
Não há crédito para o livro, nem reconhecimento claro nas entrevistas de Resnais e do roteirista Alain Robbe-Grillet.
Por conta disso, o roteiro já foi acusado de plágio ou aliviado como mera intertextualidade.
Mas o cinema deixou pelo menos uma pista importante: a cidade-spa de Marienbad foi citada por Bioy Casares (à página 15 da edição brasileira Cosac Naify).
E não seria demais registrar a rima entre a mulher do livro, Faustine, e a atriz Delphine Seyrig, que interpreta “A” no filme.
Lá vou eu Avellar, Carlos Matos, conferir e aprender.
Um dos pontos positivos das últimas páginas que leio neste ano é encontrar Sarraute, Grilett e Button a despejar alucinações poética que resultam numa saborosa irrealidade, bem poderia formar par com o Surrealismo face à descrição.
Identificados por estilo, ainda que não formem uma escola, pude encontrar páginas e páginas de interesse pelas artes plásticas.
Em quase todas as obras é possível ler descrições de quadros cujos pormenores apresentam intima relação com varias cenas dos romances.
Dá dessa forma uma imobilização que permite descrever tentando aprender pela aparência.
É terminar o ano fazendo o percurso na floresta de Baudelaire ouvindo o poema do próprio, apreciando o Vitral de Caim e a Tapeçaria de Teseu.
A trajetória do homem é travada não contra os elementos naturais ou contra as forças sobrenaturais mas contra a cultura, este emaranhado de significados que o homem teceu a sua volta através da História e a arte é a chave para ordenação.
É meu duodécimo livro emprestado, de maneira que
AGRADEÇO AS AULAS DE LEYLA, OS CIPÓS CERTOS PARA ATRAVESSAR A FLORESTA DE INFORMAÇÕES QUE BETH SABE COMO NINGUÉM.
OS CIPÓS KARL HUYSMANS com criticas elucidativas, ratificando o livro que ganhei da Maísa, digo ter sido o mais imagético que li nestes últimos tempos.
O cipó Zola, que se dedicou a critica de arte na imprensa defendendo os jovens artistas em confronto com as convenções, afastado se de Cézanne e se tornando refratário à sua obra. (Ninguém é perfeito)
Contudo um achado delicioso: Ferreira Gular e a arte contemporanea.
E por esse ano é só.
Nos encontramos novamente por aqui dia 22 de Janeiro.
E por esse ano é só.
Nos encontramos novamente por aqui dia 22 de Janeiro.
CAFÉ DE UM MORTAL AGRADECIDO.
BOM DIA + BOAS FESTAS
BOM DIA + BOAS FESTAS
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.
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