LEVA UM CASAQUINHO: NO MAR DEL PLATA, OS PRATOS E AS PORÇÕES PERMANECEM GENEROSAS. JÁ OS PREÇOS...

A cidade de Santos cultiva ogrices muito curiosas.

É até compreensível que a maioria dos restaurantes especializados em peixes e crustáceos na cidade insistam em usar toalhas de papel sobre as toalhas tradicionais e guardanapos de papel ao invés de guardanapos de tecido. Isso reduz drasticamente seu custo mensal de lavanderia. Em tempos de crise como esses em que vivemos, quanto menos custos operacionais forem repassados ao cliente, melhor para enfrentar a concorrência.

Mas a questão é: faz sentido um restaurante tradicional especializado em peixes e crustáceos não oferecer garfos e facas para peixe, obrigando o cliente a usar talheres inadequados e desconfortáveis, para no final cobrar os olhos da cara por um prato apenas correto, sem refinamento algum, preparado com matéria prima comprada no Mercado de Peixes localizado a um quarteirão dalí?

Nomes aos bois: estou falando do Restaurante Mar Del Plata, que já foi uma unanimidade entre o público da cidade e e os turistas que nos visitam no Verão, e hoje não é mais.

Por mais correta que seja a comida servida na casa atualmente, por mais tradicional que ela seja, por mais simpático que seja o atendimento, nada do que é experimentado a partir do momento que o cliente cruza a porta de entrada do restaurante jamais fará juz ao preço exorbitante indicado no cardápio.

É triste dizer isso. Gosto da casa. Frequento desde menino. Mas o caso é que por mais familiares e cativantes que possam ser o risoto de palmito (sem Arborio, claro, com arroz comum), a farofa de banana e a casquinha de siri servidas na casa, não dá para negar que rola um abuso e tanto por aqui.

E não é de hoje.

Em consequência disso, outros restaurantes especializados em peixes e crustáceos, todos montados por ex-funcionários do Mar Del Plata -- como o Maurício's e o J. Garcia -- trabalham com preços um pouco mais razoáveis e um padrão de qualidade praticamente idêntico.

Como explicar isso?

O atendimento no Mar Del Plata é bom. Mas pode ficar meio confuso e lento se o Restaurante estiver lotado, pois falta logística de trabalho aos garçons da casa quando a casa está cheia.

A cozinha, por sua vez, responde positivamente ao movimento intenso, e a espera pelo prato escolhido não passa dos 30 minutos mesmo com a casa cheia e funcionando a todo vapor.

Dessa última vez, fomos jantar no Mar Del Plata num grupo de 6 pessoas, e dos vários pratos que pedimos apenas um deles -- um bacalhau grelhado, que ficou ressecado demais -- não estava preparado na medida certa.

Os demais -- polvo à vinagrete, caldeirada, abadejo à santista com pirão e meca santista -- estavam todos corretamente preparados.

Por essas e outras, é complicado recomendar o Mar Del Plata sem restrições.

Claro que na medida em que não há por aqui nenhum restaurante especializado em peixe com um cardápio mais imaginativo e refinado, fica valendo o "não tem tu, vai tu mesmo".

Mas não deveria ser assim, não é mesmo?

PS: Agora, cá entre nós, vale muito mais a pena ir até o Mercado de Peixes na Ponta da Praia, escolher o peixe ou os crustáceos frescos que você quer preparar e levar tudo para casa já limpinho, pronto para ir à frigideira ou à panela. O preparo é rápido, fácil, e o prazer é o mesmo -- se não for maior. Pense nisso na próxima vez que lhe ocorrer embocar num desses restaurantes comuns, mas com preços exorbitantes, como o Mar Del Plata ou o Vista Ao Mar. Conselho de um amigo comilão. Você não vai ser arrepender.