Tuesday, January 26, 2016

UMA BREVE DIVAGAÇÃO SOBRE TARANTINO E SEUS "8 ODIADOS" (Por Antonio Luiz Nilo)



Nem todos os 8 de Tarantino são odiados.

O oitavo filme do diretor está longe da reputação de um Cães de Aluguel, de um Pulp Fiction, de um Jackie Brown ou do fantástico e surpreendente Bastardos Inglórios. Sem falar no perfeito capítulo de Grande Hotel, uma das melhores realizações do diretor que, assim como Sin City, não entra nessa estranha lista de 8 longas.

Em compensação, é um grande progresso se compararmos com os sanguinolentos Kill Bill I e II e com o hiperbólico Django Livre, na minha opinião as suas produções infelizes.

(Não que sejam filmes odiáveis, longe disso. Tarantino, como todos sabem, entende do riscado. Um diretor brilhante, de estética primorosa e de narrativas e diálogos de uma crueldade deliciosa. Mas que exagera na pirotecnia de suas cenas de violência, gratuitamente fakes).


Talvez o mais próximo de um “odiado” em tudo isso seja o próprio Tarantino. E isso eu digo depois de ter assistido a algumas entrevistas do diretor onde ele às vezes se confunde com Jesus Cristo, como uma espécie de Salvador da sétima arte. E em casos mais agudos, com o próprio Deus....como na fatídica entrevista sobre Natural Born Killers onde ele diz que Oliver Stone, ao dirigir o filme, simplesmente destruiu o seu roteiro.

Calma lá, Tarantino. Se existe alguma coisa genial em Assassinos por Natureza ela é sem dúvida a direção do filme (e não o roteiro, excessivamente americano ao endeusar os assassinos e até mesmo um pouco previsível). Ou seja, na minha humilde opinião, Tarantino é bom, mas seus filmes são bem melhores do que ele (pelo menos 5 dos 8).


Os 8 Odiados é ótimo ao conseguir prender o espectador por quase 3 horas em praticamente um único lugar (a estalagem da Minnie). E isso se deve aos divertidos e irreverentes diálogos e à boa trama que avança (e retrocede) nos tempos perfeitos. Mas, de qualquer forma, com meia hora a menos, o filme ficaria mais palatável, eu acredito.

A fotografia é linda (várias imagens deslumbrantes de nevascas , montanhas e diligências) e a estética do filme é perfeita (como na dança, em slow, das cabeças de dois cavalos num plano fechado, logo no início do filme).

A interpretação dos atores (dirigidos por Tarantino, of course) é sensacional. Samuel L. Jackson, Kurt Russel e Jennifer Jason Leigh estão impagáveis.

E tudo caminhava magnificamente bem até um pouco além do meio do filme quando Tarantino resolve mais uma vez esguichar sangue pelas paredes e decepar cabeças com tiros de pistolas.

Mas, tudo bem, até que dessa vez ele se manteve dentro de um limite aceitável, apesar do exagero.

“Os 8 Odiados” é um Tarantino, por isso obrigatório. Só não me obriguem a gostar dele como eu gosto dos seus filmes (de pelo menos 5.... dos 8)



Antonio Luiz Nilo nasceu em Santos, 
e é redator publicitário e diretor de criação
há quase 30 anos,
com prêmios nacionais e internacionais.
Circulou a trabalho por todo o país,
com paradas prolongadas em Brasília,
Belo Horizonte e Salvador.
Publicou em 1986, o livro de poemas
"Poemas de Duas Gerações", 
e, mais recentemente, o romance
"Ascensão e Queda de Pedro Pluma"
(disponível para venda em alnilo@gmail.com).
Além disso, atuou como cronista
para o diário Correio da Bahia.
De volta a Santos desde 2013,
Antonio Luiz Nilo segue sua trajetória
cuidando de Projetos Especiais na Fenômeno Propaganda
e como sócio-diretor da Agência de Textos
TP - Texto Profissional.


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