por Luan Damascena
para Poltrona Nerd
A franquia X-Men, ao lado da franquia Homem-Aranha, foram as pioneiras no ramo de trazerem os famosos super-heróis para as telas de cinema. Ambas possuem a sua marca histórica ao repaginar o cinema que conhecemos hoje: com filmes de heróis saindo a cada mês e com mais pessoas conhecendo um universo nerd extraordinário, independentemente da qualidade de cada obra. Bryan Singer foi o diretor que assinou os dois primeiros filmes dos X-Men, retornando somente em Dias de Um Futuro Esquecido e, agora, em Apocalypse. O roteiro do novo filme também é assinado pelo diretor e por mais dois nomes: Simon Kinberg e Dan Harris. Após tantos anos, os filmes da equipe mais adorada nos quadrinhos continuam com aquela sensação de altos e baixos; trazendo momentos ótimos que lhe colocam num patamar inigualável, e outros que lhe fazem querer abandonar a história e parte dos personagens apresentados (nesse caso, jogados).
A trama do filme baseia-se no ressurgimento de Apocalypse (Oscar Isaac), o primeiro mutante da Terra. Adorado e tido como Deus, ele governava com o auxílio de seus quatro cavaleiros que possuíam um único intuito: protegê-lo. Após sofrer uma traição, Apocalypse é aprisionado por milênios e é despertado nos anos 80 por um grupo de fanáticos ao seu culto. Seu retorno é sentido por todos os mutantes e, notando que o mundo se tornou um lugar onde armas e política governam, o vilão começa sua busca por seus novos cavaleiros para trazer ordem e liberdade aos seus filhos, os mutantes. A paz pregada pelo vilão será concretizada quando tudo que os humanos construíram for dizimado e refeito do zero por mutantes. Cabe ao Professor Xavier (James MacAvoy), Mística (Jennifer Lawrence) e seus novos X-Men a tarefa de impedir o carnavalesco Apocalypse e seus seguidores de implantarem uma nova ordem mundial.
A cena de apresentação do vilão é ótima e sobra elogios, pois traz um tom mais sério e violento que ele carrega (ou pelo menos deveria). Infelizmente, o único peso do personagem é nessa cena de abertura, e seu poder é demonstrado pela persuasão e no adquirimento de novas habilidades mudando seus olhos centenas de vezes ao longo do filme – e só. Oscar Isaac fez o melhor que pode por baixo de quilos de maquiagem e efeitos visuais. O roteiro de X-Men: Apocalypse desperdiçou um dos vilões mais ameaçadores da equipe, assim como falhou em trazer o devido carisma e importância aos novos personagens, também desperdiçando os ótimos atores do elenco e uma das melhores histórias dos quadrinhos. Seria a decisão mais acertada trazer o Apocalypse no início de um novo grupo, onde os personagens ainda não tem o peso que deveriam? A sensação de ameaça é nula tanto pelo mal desenvolvimento do antagonista como dos próprios protagonistas.
Um dos melhores momentos do filme é protagonizado por Erik Lehnsherr, o Magneto interpretado magistralmente por Michael Fassbender. Quando Bryan Singer oferece espaço para o personagem trazer toda sua carga dramática que motiva suas escolhas, Fassbender destoa e traz um dos melhores momentos do filme. Ladeado a este ápice de X-Men: Apocalypse, também temos uma gloriosa cena do Mercúrio (Evan Peters) ao som de Eurythmics – Sweet Dreams (Are Made Of This) e, para encerrar, um fan service do Wolverine (Hugh Jackman), mostrando o tom do seu novo filme que terá a classificação indicativa para maiores de idade. Fora estes momentos gloriosos, sobra um filme com problemas em apresentar personagens individualmente e em conjunto, já que trata-se de um filme de equipe. Os Quatro Cavaleiros do Apocalypse não tem profundidade e servem somente por razões existenciais de confronto explosivo no terceiro ato. Psylocke (Olivia Munn) – que foi aclamada no material de divulgação -, tem pouco mais de cinco falas e suas cenas de ação também são mal coreografadas e artificiais, assim como todo problemático terceiro ato.
X-Men: Apocalypse sobrevive por breves cenas gloriosas dentro de uma obra com mais de 147 minutos. Os picos altos conseguem lhe deixar na frenesi de “Eu quero ver mais disso!”, mas sua animação é cortada por arcos desnecessários que te levam ao cansaço mais rápido que uma Ferrari chegando aos 100 km/h. Então, ao sair da sala, permanecem algumas questões e uma certeza: a curiosidade de como poderia ser um filme bem feito dos X-Men; até que ponto a franquia viverá das glórias dos dois primeiros filmes e de seus céleres ápices carregados pelo ótimo elenco; e, a certeza de que esse filme é o sinônimo de desperdício.
"X-MEN APOCALIPSE" TEM SEUS PROBLEMAS, MAS DIVERTE BASTANTE
por Ariel Souza
para Combo Infinito
"X-MEN APOCALIPSE" TEM SEUS PROBLEMAS, MAS DIVERTE BASTANTE
por Ariel Souza
para Combo Infinito
Vivemos a era dos filmes dos Super Heróis, de preferência aqueles que se unem para enfrentar o mal com uma equipe cheia de poderes distintos ou para simplesmente se pegarem na porrada, como acontece em Capitão América 3: Guerra Civil e Batman V Superman. No entanto, o grande responsável pelo BOOM dos filmes de Super Heróis nasceu lá nos anos 2000, com o primeiro longa dos X-Men produzido pela FOX, que deu vida para diversos personagens queridos da galera amante dos quadrinhos e que mostrou aos estúdios que seria possível juntar muitos personagens poderosos em uma mesma produção.
Cinco filmes depois, sem contar os três filmes solos de Wolverine, já tivemos uma trilogia que não terminou muito bem com X-Men 3: O Confronto Final. De forma surpreendente, a Fox conseguiu recriar o universo dos pupilos do Professor Xavier no cinema logo depois, com X-Men: Primeira Classe, o primeiro de uma nova trilogia que se fecha agora, com X-Men: Apocalipse. Será que o “terceiro filme é sempre o pior”, como comentou a jovem Jean Grey (Sophie Turner) no começo do novo filme?
O Diretor Bryan Singer (Superman: O Retorno, X-Men, X-Men 2, X-men: Primeira Classe, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido) retorna para seu quinto filme como diretor da franquia. Em Primeira Classe, a Fox conseguiu trilhar um novo caminho para a história, mas em Dias de um Futuro Esquecido resolveu unir a trilogia antiga com a nova, onde a antiga se passa após os eventos da trilogia mais recente. Isso gera um universo paralelo aos quadrinhos, com personagens importantes que possuem menos destaque nos longas, e outros, como a Mística (Jennifer Lawrence) com muito mais destaque do que merece.
Quando Jennifer ingressou no papel da personagem em X-Men: Primeira Classe, de 2011, com toda a sua ligação com o Professor Xavier, a Fox provavelmente não contava que ela teria uma ascensão tão grande como atriz, que inclusive levou o Oscar de Melhor Atriz pra casa com o filme O Lado Bom da vida. Assim, Mística acabou ganhando uma importância muito maior do que deveria dentro da nova trilogia, visto que mesmo nos quadrinhos a personagem não é tão importante assim. O foco tão grande em Jennifer pode incomodar os puristas de plantão, mas a moça como a bela atriz que é, leva nos ombros a responsabilidade de ser um dos pilares do filme, mesmo que a atitude do estúdio não seja lá muito louvável em fazer dela mais importante que o personagem que ela representa.
Com tantas adaptações, a Fox e Bryan Singer levam o filme para onde querem, respeitando muito do que a gente conhece dos quadrinhos, mudando alguns fatos para adaptar para a realidade que eles criaram no cinema. O que apesar de não ser ruim, acaba desperdiçando o verdadeiro potencial que as histórias originais possuem, assim como Apocalipse poderia ser um mal ainda maior do que é neste filme.
Os X-Men já enfrentaram diversos vilões em sua jornada pelo cinema, mas nenhum se compara a Apocalipse. O vilão é um dos grandes desastres que já passaram pela vida de Xavier e seus alunos, mas logo que a Fox mostrou as primeiras imagens do vilão pela internet, as piadas começaram dizendo que ele se parecia com um personagem dos Power Rangers. E isso é verdade, ele parece mesmo, porém nos primeiros momentos na tela, Oscar Isaac (O Poe de Star Wars VII) consegue fazer o expectador esquecer de seu visual carregado de periféricos e maquiagem com um personagem realmente maligno, que não aceita o fato dos seres humanos terem conquistado o planeta com armas e países super poderosos. Para ele, tudo é dos mutantes e dos poderes que eles possuem.
Tudo que envolve o vilão é bem feito, desde o recrutamento de seus quatro cavaleiros, dentre eles Magneto, Storm, Psylocke e Anjo, até a razão dele querer alcançar os X-Mens. A história tem seus problemas, é verdade, mas nada que possa ferir os sentimentos de quem gosta das revistas dos X-Men ao ponto de não gostar do filme. No final das contas, Isaac usa o talento que tem como ator para deixar de lado a péssima escolha visual que fizeram para seu personagem.
Por falar em visual, Apocalipse não é o único problema. Como dissemos, a Fox já está em seu quinto filme da franquia X-Men e ainda consegue achar desculpas para não usar a aparência “correta” de alguns personagens. Muitos ainda necessitam da evolução necessária que traz a mudança no visual, como o Professor Xavier que finalmente deixa a madeixas de lado para ficar careca da silva (como é mostrado nos trailers e pôsters do filme) e a razão disso acontecer é interessante é bem realizado. Porém, é muito difícil de deixar de reparar como o Fera parece um Ursinho Carinhoso de algodão doce, ao invés de realmente se parecer com uma… fera. Isso não atrapalha na evolução do filme, mas deixa um gosto estranho no ar, já que nem a postura que o personagem possui nos quadrinhos é representada no filme. E nem é um problema do ator Nicholas Hoult, que vem fazendo bons papéis no cinema, é realmente falta de cuidado na produção do filme.
X-Men: Apocalipse traz a estreia de muitos atores novos para a franquia, que serão de extrema importância para o futuro dos heróis da Marvel no cinema. Sophie Turner entrega uma Jean Grey que no começo do filme parecia deslocada, mas conforme o longa avança ela entra na personagem de uma maneira bastante natural. Com uma ligação muito forte com Xavier por seus poderes telepáticos, assim como nos quadrinhos, sem dúvida alguma teremos um foco muito grande em Jean no próximo filme.
Ciclope (Tye Sheridan) e Noturno (Kodi Smit-McPhee) possuem grande destaque e fazem bem seus papéis, marcando uma boa estreia. Mas é James McAvoy (Professor Xavier) e Michael Fassbender (Magneto) que continuam arrebentando na nova trilogia dos X-Men. Os dois atores se completam, assim como os seus personagens nos quadrinhos, com um entrosamento invejável. Fassbender, que vem em uma evolução incrível como ator, pegou o capacete de Magneto pra si e se mostra cada vez mais a vontade com conflitos que o seu personagem possui nas histórias da Marvel, convencendo a cada momento que aparece na tela. McAvoy é o Professor Xavier perfeito que vem pavimentando o seu legado na pele do personagem a cada novo filme.
Se há um grande destaque no novo X-Men, seu nome é Evan Peters, o Mercúrio. O personagem, filho de Magneto (também mostrado nos trailers) é importante pra história, porém a atuação de Peters é que chama muito a atenção. Em mais uma cena memorável, assim como aconteceu em Dias de um Futuro Esquecido, o ator se mostra totalmente a vontade no papel, com um tom cômico digno dos quadrinhos, com uma alta carga de carisma.
A Fox conseguiu criar momentos épicos usando muita tecnologia em um personagem que merece essa atenção toda, com a ajuda de um ator que pode ter um futuro muito bom pela frente. Lembrando que a Marvel já usou Mercúrio em Vingadores 2: Era de Ultron com outro ator, como uma outra realidade, mas seu destino na mão da casa das ideias foi muito mais trágico do que nas mãos da Fox.
X-Men: Apocalipse tem seus defeitos, mas segue na mesma linha que a Fox construiu até aqui com a franquia no cinema. Temos diversas adaptações para que a história se encaixe naquilo que Bryan Singer vem criando para as telonas, com um bom respeito aos quadrinhos envolvido apesar das diversas mudanças. O filme está longe de ser perfeito, Apocalipse poderia ser ainda mais tenebroso, suas ações poderiam ter um efeito ainda mais avassalador e destrutivo do que teve, mas o filme precisaria ter umas quatro horas para representar tudo isso.
Pensando como adaptação e naquilo que a Fox vem fazendo até aqui, X-Men: Apocalipse é um bom filme. Se você não gosta das outras produções da Fox com os X-Men e esperava uma mudança drástica na direção que os longas vinham tomando, é possível que você não venha a gostar do fechamento da nova trilogia, que acaba servindo de ponte para novas histórias. Porém, se decidir ir ao cinema de cabeça aberta, poderá se divertir bastante!
X-MEN APOCALIPSE
(X-Men Apocalypse, 2016, minutos)
Diretor
Bryan Singer
Roteiro
Simon Kinberg
Elenco
James McAvoy
Michael Fassbender
Jennifer Lawrence
Oscar Isaac
Sophie Turner
Nicholas Hoult
Rose Byrne
Olivia Munn
Evan Peters
Hugh Jackman
em cartaz nas Redes Roxy, Cinespaço e Cinemark
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