Não, não tenho os mais de 45 livros de Charles Bukowski publicados em vida e após a morte, nem lá perto, mas tenho uma boa e essencial colecção da sua obra há muitos anos na minha estante. Bukowski faleceu em San Pedro, Califórnia, em 1994, aos 73 anos de idade. Para a quantia de cigarros e charutos que fumou enquanto bebia litros de cerveja, vinho e outras substâncias celestiais mas mortais, nada mal. Ou então tudo não passou de uma pose bem urdida ao longo da vida, deixou as mais atrevidas, corajosas e indecentes páginas na literatura norte-americana de todos os tempos, nem Hunter S. Thompson se tornou a sua sombra na literatura da maldição, e Henry Miller parecerá um menino de escola dominical ao seu lado. Escreveu ao mesmo tempo dos Beat, a que alguns críticos ainda tentam associa-lo, mas ele só derramou desprezo sobre esses que ele chamava de oportunistas, os que desfrutaram do recém-descoberto amor que a Academia esquerdizada passou a dedicar a todo e qualquer rebelde intelectual a partir dos anos sessenta. Bukowski levou ao extremo na sua vida pessoal e de escritor nada mais, nada menos do que a Pregação Americana do Individualismo: que a sociedade me deixe em paz, não se preocupe comigo, que eu sobrevirei como quiser e entender.
A frenologia, teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais humanas, através das conformações cranianas; era para o poeta uma fonte de enigma e inspiração pelas estranhas e exuberantes palavras: amatividade, maravilhamento, filoprogenitura, veneração, secretividade, aprovabilidade, idealidade e suavidade. Termos extraídos do resultado do exame do poeta. Ele considerava que todas as coisas são objeto da poesia, inclusive ‘as receitas, os sermões e as piadas’. Por que não essa fonte intrigante de novos termos frenológicos ? Consta, que a crítica literária americana cita Walt Whitman como um precursor do que se tornou mais tarde uma tendência, trazer à poesia o não-poético. Não porque Whitman estivesse interessado em afirmar uma transcendência, ou filosofia em sua poesia, ou ainda transformá-la em metafísica, mas porque os poemas eram feitos com o mesmo tecido de realidade que ele dividia, como homem comum, com todos os outros homens. As reflexões whitmanimanas em torno do comum, levou-o a valorizar o amor como bem supremo espiritual, independente de sexo, capaz de amar indistintamente. Ao espírito, preso à carne restaria, paradoxalmente, ansiar por ela. A solução encontrada pelo poeta diante desse dilema, assumindo a ambos como matéria e energia de sua poesia, é o amor. Amor sim, ainda o amor, porém indistinto e superior, ainda que lascivo. Sob a pena sublime do amor nasceria o poeta.
POUCAS VEZES TIVE OPORTUNIDADE DE OUVIR ALGUÉM QUE TIVESSE DOMÍNIO DE WALT. PASSEI UMA TARDE COMO OUVINTE A BASE DE CAFÉ E COM CAFÉ ABRA A JANELA PARA SEXTA ENTRAR. BOM DIA
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
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