Sunday, August 7, 2016

2 OPINIÕES SOBRE "NEGÓCIO DAS ARÁBIAS", NOVO FILME ESTRELADO POR MR. TOM HANKS


TOM HANKS BRILHA NUM FILME SURPREENDENTE
por Sérgio Prior
para SetimaArte.Iron.Com


Alan Clay (Tom Hanks), o protagonista, vê sua casa, seu carrão, seu casamento, enfim, sua vida desmoronar. Mudanças drásticas ocorrem, o que inclui sua ida para a Arábia Saudita, pois a firma que representa tem "um negócio das Arábias" a concluir por lá.

No mundo dos negócios, o vendedor Alan já viveu dias melhores no passado. A entrada da China no mercado internacional, inclusive norte-americano, teve o seu aval na época em que ele vendia bicicletas por uma outra companhia.

Na medida em que os tempos de crise para a economia de seu país ganharam contornos mais graves ele se viu obrigado a aceitar um emprego para que pudesse pagar a faculdade de sua filha e suas contas no final do mês.

A ida à Arábia Saudita se deveu ao fato dele ter conhecido o sobrinho do rei num evento nos EUA (no banheiro, para ser mais preciso). A missão de Clay é vender um sistema holográfico que permitiria um contato tridimensional entre pessoas situadas em diferentes parte do mundo. É genial a forma como ele vende o seu "peixe" para o rei demonstrando o funcionamento desse sistema.

A colisão da cultura ocidental com a oriental é expressa através de Clay, cujo mal-estar é expresso através de uma lesão nas suas costas (um lipoma). Após uma bebedeira ele decide se livrar daquele "calombo" com uma faca. Eis que entra em cena a dra. Zara (Sarita Choudhury), para mudar por completo a relação de Clay com tudo à sua volta e consigo mesmo.

A tradução literal do título original é Um Holograma para o Rei, mas por fins de atingir bilheterias mais robustas optaram por um título mais pop.

É um belo projeto do diretor que ficou conhecido internacionalmente por Corra Lola Corra.

A abertura do filme é auspiciosa, com a música "Once in a lifetime", do grupo Talking Heads. Não chegue tarde no cinema, para não correr o risco de perdê-la.


UM FILME ESTRANHO E INTELIGENTE
por Carlos Cirne
para Colunas & Notas


Como julgar o que não conhecemos? Como entender qualquer tipo de relação – pessoal, comercial ou profissional – sem o tempo necessário para assimilação? Alan (Tom Hanks), funcionário “terceirizado” de uma empresa de TI (tecnologia da informação), está descobrindo da pior maneira possível os efeitos da crise econômica norte-americana: contratado por tarefa, ele deve apresentar e vender um sofisticado sistema de videoconferência ao rei da Arábia Saudita, para implantação em um grande projeto imobiliário deste. O problema é que esta venda deve ser feita in loco, e nas condições estipuladas pelos clientes.

E é aí que as coisas se complicam. Nem tudo acontece como deveria e, para realizar a apresentação do projeto, Alan deve ter todo o material pronto (se) quando o rei resolver aparecer para a reunião. E isso no meio do deserto, sem muitas condições estruturais ou sequer uma rede Wi-Fi decente, para poder demonstrar a tal videoconferência. E tudo isso num país onde não se conhece completamente os costumes - que os americanos, via de regra, não conhecem mesmo -, e é até considerado crime o consumo de bebidas alcoólicas (supremo sacrifício yankee).

Dado o jet leg da viagem, diariamente Alan perde o transporte da equipe ao local de trabalho, e precisa alugar um carro com motorista que o desloque até lá. É aí que surge a melhor figura do filme, o saudita Yousef - o estreante em longas Alexander Black -, misto de “guia, motorista e herói”, em suas próprias palavras. É ele que começa a esclarecer Alan de como as coisas realmente acontecem por ali, e se torna seu amigo, levando-o inclusive ao hospital local, para tratar de um cisto que surgiu em suas costas. Ali, Alan é atendido pela Dra. Zahra (a inglesa Sarita Choudhury, de “Jogos Vorazes”), raro exemplo de mulher/médica em atividade na tradicionalíssima sociedade saudita.

Estranho e inteligente filme do outrora irrequieto diretor alemão Tom Tykwer -– conhecido por “Corra, Lola, Corra” (1998), “Perfume” (2006) e “A Viagem” (2012) --, o filme não foi exatamente bem nas bilheterias norte-americanas, salvo pelo fato de ter um orçamento de produção baixo (em torno de US$ 30 milhões), e ter a presença do eterno boa praça Tom Hanks no elenco. Em sua caminhada para se tornar o incontestável sucessor de James Stewart e Spencer Tracy, Hanks continua sendo a encarnação do amigo que todo mundo queria ter. E aqui não é diferente, conferindo ao desencantado Alan uma humanidade assombrosa, e tornando o outonal romance entre ele e a Dra. Zhara a consequência mais do que adequada ao encontro dos dois.

A questão aqui, não muito palatável ao público norte-americano, é o grau de envolvimento esperado de um profissional de uma grande empresa americana, ou o grau de aceitação e respeito devido a uma cultura diferente da sua, ou o envolvimento que pode/deve ser atingido por eles. Certamente não seria um diretor americano a conseguir roteirizar (baseado no livro de Dave Eggers) e dirigir com isenção tal filme. Coube então a Tykwer tal tarefa, da qual se desincumbe com eficiência. Experimente.


NEGÓCIO DAS ARÁBIAS
(A Hologram for the King, 2016, 98 minutos)

Direção
Tom Tykwer

Elenco
Tom Hanks
Alexander Black
Sarita Choudhury
Sidse Babett Knudsen
Tracey Fairaway
Jane Perry
Tom Skerritt



em cartaz nas Redes
RoxyCinemark e Cinespaço


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