Sunday, March 12, 2017

AS BOAZUDAS DOS ANOS DE OURO DO CINEMA BRASILEIRO #14: MONIQUE LAFOND

por Chico Marques

A primeira vez que vi Monique Lafond foi no no filme Os Machões, que assisti ainda moleque no saudoso e gigantesco Cine Caiçara, um cinema com mais de mil poltronas que existia no bairro do Boqueirão, aqui em Santos SP.

Como não ficar paralisado diante de uma loura com um olhar tão imponente quanto o dela?


A partir daí, comecei a prestar atenção ao seu nome nos cartazes dos filmes de Renato Aragão e também nos de pornochanchadas ou dramas eróticos produzidos no Rio de Janeiro.


Comecei a ver todos eles, um por um.


Um dia, o nome dela apareceu no elenco da novela Os Ossos do Barão, da TV Globo -- e eu comecei a ver a novela por causa dela.


Como podia uma mulher assim, com seios minúsculos e um corpo sem curvas muito insinuantes conseguir encantar homens e mulheres de forma tão intensa apenas com sua voz marcante e seu olhar intenso?


Essa era a pergunta que eu, aos 15 anos, fazia a mim mesmo o tempo todo.  




















 




Monique de Gormaz Lafond nasceu no Rio de Janeiro em 9 de fevereiro de 1954.


Filha de franceses, começou a carreira ainda menina fazendo comerciais.


Descobriu o teatro aos 11 anos, quandfo participou do musical “Música Divina Música”, versão de “A Noviça Rebelde”.


Daí pra frente, nunca mais ficou muito tempo longe dos palcos, participando de dezenas de peças -- como A Gaiola das Loucas, Constantina, Um Edifício chamado 200, Ó Abre Alas, entre outras.


Tanto no cinema quanto na TV, fez um pouco de tudo. Seu porte europeu fazia dela mais indicada para interpretar personagens ricas, mas não impedia que ela se aventurasse por outros tipos de personagens.


Foi uma das musas principais dos filmes de Walter Hugo Khouri, com quem trabalhou em quatro filmes: "Paixão e Sombras", "Eros, O Deus do Amor" e "Eu e As Feras", sempre esbanjando sensualidade e muita atitude.


Na televisão, esteve no elenco das novelas Fogo Sobre Terra, A Moreninha, Coração Alado, Brega e Chique, Que Rei Sou Eu?, Coração de Estudante, Belíssima, Duas Caras, Páginas da Vida, Caras & Bocas e várias outras.


Em Outubro de 1976, depois de duas capas para a Revista EleEla, Monique topou fazer um ensaio nu para a revista STATUS que virou um clássico.


E que apresentamos logo a seguir:




















Em 2010, Monique Lafond se apresentou em Porto Alegre no espetáculo "Mario Quintana, o Poeta das coisas simples", ao lado de Anilza Leoni, Selma Lopes, Tamara Taxman e Sergio Miguel Braga.

A partir de 1997, Monique passou a se dedicar também a ministrar cursos de interpretação cênica, inicialmente para alunos da terceira idade no Rio de Janeiro, na Oficina de Teatro na Idade da Sabedoria.

E de 2008 para cá, começou a dar aulas para jovens e adultos em sua Oficina de Teatro em Copacabana, e tem dirigido vários espetáculos teatrais com seus alunos no elenco -- entre eles Lisístrata, de Aristófanes, apresentado em Novembro de 2009, no Teatro Henriqueta Brieba (RJ).

Mas voltemos a abril de 1981, quando Monique posou nua, em Búzios, para um ensaio absolutamente clássico na revista Playboy, ganhando destaque na capa.







MONIQUE FALA:

Jorge Lafond, quando ainda era apenas Jorginho, me ligou e disse “Monique querida, será que eu posso usar o seu nome Lafond, como meu nome artístico?” Eu disse “olha, Jorginho, não tem o menor problema em ceder, só quero que você escreva diferente. Ponha dois efes, dois dês, sei lá! Porque é meu nome de família. Não é um nome que eu tirei da sacola e saí usando”. Não é que o danadinho botou “Lafond”, sem mudar nada, e usou o resto da vida? Aí as pessoas encarnavam na minha mãe. “Esse seu filho, Jorge Lafond!...” E a minha mãe, bem sem-vergonha respondia: “É, a Monique e o Jorge são filhos da mesma placenta!” Então virou uma piada lá em casa. A minha família era bem doida, francesa é mais desprendida, não tem essa coisa da família brasileira, grudada nos filhos, jogavam a gente pro mundo: “Vai à luta”.

Meu pai era um artista, ele mexia com flores. Ele fazia decorações de casamentos, então era uma pessoa super querida, volta e meia encontro alguém na rua. “Você é filha do Lafond, puxa, ele quem fez o meu buquê! Fazia as decorações das festas do Copacabana Palace. Ele era o máximo, nos anos 50 e 60 tinha cinco lojas de flores. Um artista mesmo, ele quem fazia corbeilles, decorava as vitrines com desenho em flores, tipo a Torre Eiffel, ele fazia ela toda em flores, ficava lindo! Inclusive era ele quem escrevia os cartõezinhos quando um empresário queria mandar flor para uma atriz e não tinha o dom da escrita. Quando homens queriam mandar flores para as suas amantes! “Ah, Lafond, escreve pra mim, você sempre tão romântico”. O meu pai bolava, escrevia com a letra dele, fingindo que era o cara.

Eu comecei na vida artística porque minha mãe projetou em mim o desejo de ser bailarina. Ela queria ter sido bailarina e a família não deixou, minha mãe era princesinha, filha de conde, tinha uma história de nobreza na Espanha. Com a guerra de 1940, ela veio para o Brasil, eles se conheceram aqui. Nos meus onze anos, mamãe me levou escondida do meu pai, para fazer um teste com mais de 500 crianças, para um espetáculo musical chamado “Música Divina Música”... a versão da Noviça Rebelde, que estava em cartaz na Broadway.

Não sei hoje, mas antigamente eram pouquíssimos os atores que conseguiam ter um percentual dentro de uma produção. Ou era top de linha, tipo o Tarcísio, que devia ter um percentual da produção, ou não. Vai ter o cachê pra fazer aquele filme e pronto.

O Khouri falava: “Monique, se você estivesse na França, com o número de filmes que você fez, já tinha comprado um castelo”

Tem filmes que eu não gostaria de ter feito, mas eu fiz. Mas também não me violentei em fazê-los. Eu sempre arrumava uma coisa na minha cabeça, um argumento, uma saída para me salvar numa história ruim, pra que eu ficasse com um pouco de dignidade ali e me salvasse, vamos dizer assim. Então eu conseguia me salvar em alguns filmes que eu digo “Ai, socorro, estou fora desse filme!” Mas é a vida da gente, nem tudo é pizza, e também não se tinha alternativas. Não ia trabalhar num banco àquela altura do campeonato. Nem vender roupa numa loja, se eu tinha uma carreira em que eu fazia três, quatro filmes por ano... Fiz cinqüenta e quatro filmes. Isso até quando o Collor deixou.

David Neves era maravilhoso. Me chamava de “Lafond”. Não, não era isso, era “Belafond! Ô, Belafond!” Era um carinho, mandava sempre uma lembrança. Era tão amigo que ele esquecia que eu era atriz. E aí ele não me chamava para as coisas. Eu dizia “Pô, David, me chama pra trabalhar!” Eu fiz “Luz Del Fuego” e “Fulaninha” com ele, na realidade são pequenas participações. É uma participação pra fazer parte da galera. Mas eu acho que ele não conseguia me enxergar como atriz. Era muito próximo, a gente saía muito junto, mesma turma, mesmas pessoas. E também isso é uma coisa meio mal trabalhada na minha cabeça. Quando você se aproxima, você vira muito amigo de uma outra pessoa, e ela não consegue te ver por um lado profissional.

Eu acho que o cinema brasileiro evoluiu muito no aspecto técnico, acho que cresceu muito. Hoje em dia você vê uns equipamentos bárbaros, você vê uns movimentos de câmera...uma infra meio hollywoodiana! Porque não é só você ser um bom diretor, tem que saber usar da melhor forma o equipamento. Acho que as personagens femininas, da década de 70 pra cá, melhoraram tanto... Hoje tenho a satisfação de ver que o roteirista está com um olhar para a mulher que não é só o da mulher objeto do desejo, como era. Há um peso diferente pros personagens femininos, com mais conteúdo, mais história. Amadureceu no nível de roteiro, de idéias. Hoje são menos pessoas filmando, está mais difícil, captação, oportunidade. Antes se fazia teatro de terça a domingo, agora só se faz quinta e olhe lá. Pra conseguir um patrocínio para um espetáculo também é difícil, está tudo atravancado. E com esse governo tão difícil de a gente conseguir as coisas. Pro brasileiro eu tiro o chapéu. Pras pessoas que estão conseguindo produzir, conseguindo botar na tela, conseguindo vencer, arrancar. Agora, é um trabalho árduo, sim. Não é fritar bolinho, não. É árduo.








FILMOGRAFIA
1968 Até que o Casamento nos Separe
1969 Um Uísque Antes, um Cigarro Depois
1970 Ascensão e Queda de um Paquera
1971 Bonga, o Vagabundo
1972 Os Machões
1972 Salve-se Quem Puder - Rally da Juventude
1972 Independência ou Morte
1973 Aladim e a Lâmpada Maravilhosa
1973 Robin Hood, o Trapalhão da Floresta
1974 As Moças Daquela Hora
1975 Com um Grilo na Cama
1975 Enigma para Demônios
1975 Ipanema, Adeus
1975 Ladrão de Bagdá
1975 Motel Dilma
1975 O Magnífico
1977 O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão
1977 Emmanuelle Tropical
1977 O Mistério das Quatro Mulheres
1977 O Pequeno Polegar contra o Dragão Vermelho
1977 Paixão e Sombras
1979 Amante Latino
1979 Bachianas Brasileiras: Meu Nome É Villa-Lobos
1979 Eu Matei Lúcio Flávio
1980 A Mulher Sensual
1980 Giselle
1980 Um Menino... uma Mulher
1981 Eros, o Deus do Amor
1982 Luz del Fuego
1982 Os Campeões
1982 Retrato Falado de uma Mulher sem Pudor
1983 Fuscão Preto
1983 Prazeres Permitidos
1983 Marina
1983 Tudo na Cama
1984 Amor Maldito
1984 Lídia e Seu Primeiro Amante
1984 Memórias do Cárcere
1985 Mulher de Proveta
1986 Fulaninha
1987 Eu Renata
1987 Sonhos de Menina-Moça
1988 O Diabo na Cama
1991 Não Quero Falar sobre Isso Agora
1992 A Serpente Kickboxer 3: The Art of War
1993 Butterfly
2001 As Feras
2003 Lara
2012 Billi Pig













ASSISTA LOGO ABAIXO O CLÁSSICO
"EMANNUELLE TROPICAL"
DRAMA ERÓTICO DE J MARRECO
COM MONIQUE LAFOND
SELMA EGREI
TANIA ALVES
E MATILDE MASTRANGI.

COMO O FILME NUNCA FOI LANÇADO NO FORMATO DIGITAL
E NÃO COSTUMA SER EXIBIDO NO CANAL BRASIL,
O JEITO É ASSISTIR NESSA CÓPIA
DIGITALIZADA A PARTIR DE UMA FITA VHS

ENJOY...









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