Prezados(as) fregueses(as), se tem uma coisa que cada vez mais perde simplicidade é entender cabeça de cliente.
No hora que ‘vai virar’, pinta alguma maluquice e “... krá-ka!!!”... arrebenta com tudo!
Aí, dana a ficar na frente do espelho enigmático com bossas do tipo: “... espelho, espelho meu...”. E o espelho, na maior ‘tiração’, responde qualquer coisa (quase sempre ‘nada a ver’) e ouço aquela abafada risadinha de fundo, tipo: “... vai, peão!”.
Saber o que vai ‘no(a) outro(a)’, que diabos de critérios são esses, é uma tarefa perto da satânica.
Adam Smith, depois de uma turnê em terras francesas, voltou para a Escócia, sentou-se e mãos à obra para o registro de suas ideias e pensamentos. Foi nessa que apareceu uma tal de “Mão Invisível do Mercado”, que consistia no interesse de cada um por seu próprio bem-estar na correção sobre quaisquer inconveniências que o mercado pudesse apresentar.
A coisa ia bem num cenário estático onde roceiros permanecessem ‘forever and ever’ roçando suas roças. Quando a ‘tchurma’ começou a deixar os latifúndios para ganhar uma bufunfa a mais na oficina do capitalista, Smith se estrepou todo.
Em Economia, os clássicos atacam os neo-clássicos (ou os novos keynesianos) na base do “(...) ‘çaporra tá’ furada! (...)”, entre outras gentilezas desse calibre. Os ‘Chicago Boys’ arrebentaram o próprio Keynes (‘in memoriam’, na época) na base do “(...) ‘praquê’ tudo isso?! É economia aberta, é economia aberta! É só flutuar a taxa de câmbio que melhora o balanço de pagamentos e o investimento retorna... (...)”.
Noooooooooossssssaaaaaa...! “Olha eles!!!”. Desconsiderando terem trabalhado para o Pinochet, o que diriam na “Crise dos Primes” de 2008 em que um bando de banqueiros estadunidenses aloprados praticamente destruíram dinheiro ao tentarem dar uma de Federal Reserve na base das ‘promessazinhas dos derivativos’.
E o Lula dizendo que “... era marolinha”... mas é uma jumência, mesmo! Puta que me...
O que nos levaria a crer, querido(a) freguês(a) que “... ‘çamerda’ é ‘pisicológica’!”, levando-nos a dar nossas lindas mãozinhas ao Keynes para a devida palmatória. Boa parte das Teorias Gerais do malandro inglês tinha mais a ver com aspectos emocionais do que com aquela montoeira de cálculos.
Queda de juros, por exemplo, nem sempre significa mais crédito e, logo, maior investimento, porque o próprio capitalista ‘só vai na boa’. Se ele perceber que o terreno baldio continua cheio de mato, ele buscará dispositivos de matriz rentista antes de continuar a queimar sua riqueza financeira com alguma iniciativa infeliz.
Como diria João Sayad, “(...) levar o burrico até à água não significa que ele vai bebe-la (...)”. O ser humano ‘só vai de boa’, onde tem bastante dinheiro ou onde é seguro fazer suas extravagâncias. O bicho-homem é pelo dinheiro e não por ‘ações nobilíssimas do amor e do entendimento humano’ com aquele ‘monte de contas para pagar lá em casa’ (quando tem uma).
O ser humano é pela capacidade de ‘liquidar’, ‘tornar líquidos’ seus problemas, suas vicissitudes. E, para tal, dinheiro é tudo: a compreensão, entendimento, conhecimento, carinho e mais um montão de ‘humanidades’ podem bem esperar.
Nessa, mais mãozinhas para as devidas palmadinhas do ‘véi’ (John Maynard) Kenyes, lá pelo capítulo 17 da “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”: o Prêmio de Liquidez.
Diz o economista em “As Propriedades Essenciais dos Juros e do Dinheiro”: “(...) (iii) Finalmente, o poder de dispor de um bem durante certo tempo pode oferecer uma conveniência ou segurança potencial que não é igual para os bens de natureza diferente, embora sejam do mesmo valor inicial. Não há, por assim dizer, qualquer resultado em forma de produção no fim do período considerado e, mesmo assim, trata-se de algo pelo qual as pessoas estão dispostas a pagar um preço. Chamamos de prêmio de liquidez, l, de certo bem ao montante (medido em termos de si mesmo) que as pessoas estão dispostas a pagar pela conveniência ou segurança potenciais proporcionadas pelo poder de dispor dele (excluindo o rendimento ou os custos de manutenção que lhe são próprios). (...)”.
Salve, Keynes! Malaco ‘véi’! Como é que se gera demanda agregada se o lance é “venha a nós o vosso reino, tudo; seja feita vossa vontade, nada”?! Para absolutamente nada nessa vida?!
Vamos ver se entendemos... você seria ‘prestável’ pelo quanto é capaz de “liquidar” seus próprios problemas e os dos demais?! Se você não é, seu ‘prêmio de liquidez’ desaparece e pode entrar na fila dos potinhos de exames de fezes?! É isso?!
Se isso se transformar em ‘princípio’ (axioma ou norma geral aplicável em qualquer momento da linha do tempo, independente da geografia, que não se ‘desautoriza’ em sua própria aplicação, jamais gerando contradição em si mesmo), lascou-se! Bom... pelo menos, já se sabe de antemão que é possível mais ou menos prever como é que funciona a cabeça de boa parte da humanidade.
Vamos ver se realmente entendemos: se a geração de demanda agregada se faz sobre “valores” não monetários, financeiros e/ou materiais como uma espécie de ‘confiança’ que se precisa ter para por a cara a tapa, por que seremos somente algo de acordo com a quantidade de dinheiro informada pelos extratos de nossas contas bancárias?!
Esmiuçando: se a demanda agregada só ocorreria de acordo com o quanto se pode confiar para “o samba sair” (lá-lá-lá-iá), o que nos levaria a crer que os elementos mais humanos do caráter como a hombridade, a honradez, a seriedade, a lealdade, a amizade, a cooperação, entre tantos, seriam o que realmente importariam, por que o ‘prêmio de liquidez’ não é baseado nos itens citados há pouco nesse parágrafo ao invés do dinheiro?!
Super simples, caro(a) freguês(a): assim como em qualquer mercearia ao redor do planeta, comida custa dinheiro. Assim como roupas e um teto sobre a cabeça. Ilusão pensar que possa ser diferente. Grandes intenções, as mais humanas, tudo bem... mas ‘dinheirinho’ na mão, por favor!
Se você tem dinheiro, portas abertas. Se você for um(a) fodido(a), “... amanhã a gente se fala...”.
Vem sendo assim nos últimos 10 mil anos. Não adianta rebater o Keynes: matou a pau! Você é o dinheiro que carrega no bolso e será tratado(a) como tal dependendo da quantia ou sua capacidade de ‘transformar em líquido’ seus problemas e o dos(as) outros(as).
As mais altas aspirações e práticas benemerentes que um espírito humano venha a possuir até são contempladas por parcelas significativas de pessoas. Contudo, na hora de ‘passar a régua’, “(...) você vai pagar quanto, mesmo?! (...)”.
É o dinheiro! Em tudo, e para tudo! Porque é ele que garante o seu ‘prêmio de liquidez’ e o valor que você terá para o resto da eternidade. Seu “coração” pode até ser ‘bacanudo’, mas seu prêmio de liquidez... ah! Vale muito, muito mais...!
É claro que isso não é uma regra: para muitos, caráter não se compara a contas bancárias generosas. Disso, bem sabemos. Mas que todos nós sempre nos ligamos mais ao prêmio de liquidez de alguém antes de qualquer coisa... ah! Quem escapar do desafio, está autorizado(a) a atirar a primeira pedra.
Aliás, talvez não seja à toa que a palavra “juros”, em língua inglesa, é “interest”. Sábio idioma, esse...
Portanto, viva o dinheiro! Ele é tudo! Compra tudo: de pessoas a comportamentos. Vale mais do que imaginamos. As mais altas características do espírito humano?! Bem... com bastante dinheiro, compremos um confortável sofá para instalarmos todos eles. Porque, pelo tempo de espera, aguardar de pé cansará uma eternidade.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
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