Quando se passa por um período da vida em que a ‘flexibilização’ impera, estejamos preparados para a instalação perfeita do caos.
Um dos prezadíssimos clientes dessa Mercearia, o Dr. Luiz Cancello, costuma chamar tais observações de “psicologia de almanaque” (um lance meio parecido com “auto-ajuda”, ou “... você compra meu livro que te dou uma força”). Até é... mas... afinal de contas... isso aqui ainda é um estabelecimento comercial.
Porém, acompanhe o(a) querido(a) freguês(a) que a flexibilização citada no parágrafo inicial não se trata do pleno exercício da temperança. Pelo contrário: ela pode esconder uma prática perniciosa de quem só opera hepaticamente.
Como diz a sabedoria popular: “Deus nos deu cérebro em abundância para que o fígado cumpra sua função”.
Há momentos em que o fígado tem de entrar em campo, o lance tem de ser áspero. Caso contrário, é um exército infinito de gente abusada, desfaçatez e o escambau. O conselho valeria para aquelas situações de boa reflexão em que se precisa respirar fundo, congelar o sangue e ver o que pode ser feito dentro de alguma razoável humanidade (mesmo que não haja mais alguma por perto).
Mas usar o ‘figueiredo’ o tempo todo costuma ‘dar ruim’ impreterivelmente... ou o ‘trem’ parar no TSE.
Pois vejam se não é ‘pensar com o fígado’ a desventura de advogados de suposto grande partido de oposição, magoados com a derrota no último pleito e na melhor ‘vibe’ da ‘vingativa’, praticar petição inicial sob a alegação de que a chapa vencedora recebeu financiamentos suspeitos nas últimas campanhas eleitorais.
Provou-se realmente que a chapa vencedora, em termos de fomento para a campanha, é do “rompe-e-rasga”: a coligação é amante da boa e velha frase de para-choque de caminhão que diz: “O cachorro é o melhor amigo do homem porque não conhece do dinheiro”.
Afirmar que o mundo político-partidário é ‘dinheirista’ seria como chover no molhado.
Pois bem, foi uma danação das ‘capeta’ os ministros do TSE chafurdarem nas filigranas jurídicas para salvar o Exmo. Sr. Batom-na-Cueca, vice da chapa vencedora e atual mandatário do Executivo em esfera federal, que insiste em bradar aos quatro ventos que não tem nada a ver com a ex-titular da cadeira, mas que parece rezar a mesma cartilha de afanação do erário.
Bom... essa Mercearia, mais ou menos conhecedora do “elevado espírito humano”, entende quase como natural a velha máxima de “... negar, sempre!”. O troço já não é nem mais batom na cueca, mas a cueca no batom... Até aí...
Não lemos a tal “petição” inicial porque o comércio não pára. Acabou não dando tempo. Contudo, pelo que pareceu na relatoria do Ministro Hermann Benjamin, o pedido já vinha com provas irrefutáveis: era só dar andamento no bagulho e que a presidência da República entrasse com recurso.
Advogados entraram na “vibe do fígado” e não cercaram o pedido com aquilo que precisasse ser imprescindível para o logro da sodomização. O tempo passou, a oposição passou a compor a situação e a ação virou uma espécie de ‘pedra no sapato’ para o beijo na boca.
É nisso que dá pensar com o fígado: olhem o tamanho da merda!
Aí, chega o TSE e atenta contra o fígado da população ao usar hepaticamente as tais “filigranas jurídicas”. Um rebosteio... um embocetamento jurídico-doutrinário-dogmático (da porra toda!) para afirmar o óbvio: há batom, há cueca, mas... “... Euclides, não é isso que você está pensando!”.
Ah! Então, ‘tá’! Só faltou uma música do Terrasamba ao fundo durante o voto de minerva do presidente da referida côrte: “(...) Nada mal/Curtir o Terrasamba não é nada mal/Que legal/É só entrar no clima e liberar geral (...)”.
Enfim, a coisa quando começa no fígado, termina no fígado. Em poucas palavras, está liberado dar balão no erário com expedientes para lá de escusos na saciedade de fruições pessoais. Afinal... as provas não provam nada, não é mesmo?!
Pensar com o fígado é a maldição desse século. Uns dizem que são as drogas, a depressão, transtornos bipolares... na-na-ni-na-nina!
É o tal do fígado em situações onde a cabeça deveria funcionar “a milhão”. Mas quem vai se dar ao trabalho de sentar, conversar, ouvir os fatos e versões, partir para o diálogo & debate, antes de alguma tomada de decisão?! Trabalheira, ‘né’?! Para quê?!
É uma montoeira de trombadas sem qualquer possibilidade de conserto. O pior é quando as vivências passadas ‘colorem’ o que há de vir, relegando ‘o novo’ a sofrer com os tais atentados hepáticos oriundos de coisa mal resolvida porque não se usou o maldito do cérebro.
O que anda se vendo, por conta de se ‘pensar com o fígado’, é um desencontro evitável se tivéssemos por hábito a frieza de ligar ‘é-com-lé’. Não é o caso de se correr riscos: seria não demonizar o continente pelo conteúdo.
O legado hepático costuma ser esse: aos poucos, quem não passou por determinadas experiências fica desautorizado(a) em versar sobre o assunto. Algo como bacharelado em Belas Artes para assistir a um espetáculo artístico. Já pensaram?!
Fígados fazem mal a leituras, especialmente aquelas virtuosas em decidir sobre o outro aquilo que ele não é. E essa desopilante Mercearia avisa: não há chá de boldo que dê jeito.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
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