Sunday, August 13, 2017

O ROMÂNTICO OLAVO BILAC, QUEM DIRIA, TAMBÉM ERA CHEGADO EM VERSOS SACÂNICOS




DELÍRIO

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!


Na inconsciência bruta do meu desejo

Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.


Em suspiros de gozos infinitos

Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.


No seu ventre pousei a minha boca,

– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…


Olavo Bilac (1865-1918) foi um poeta,
contista e jornalista brasileiro.
Escreveu a letra do Hino à Bandeira brasileira.
É membro fundador da Academia Brasileira de Letras,
ocupou a cadeira nº 15.
Foi um dos principais representantes
do Movimento Parnasiano que valorizou
o cuidado formal do poema,
em busca de palavras raras,
rimas ricas e rigidez das regras
da composição poética.
Estudou Medicina e depois Direito,
sem concluir nenhum dos cursos.
Dedicou-se à poesia e ao jornalismo,
e publicou seus primeiros poemas em 1883.
Em 1914, nomeado pelo governo de Venceslau Brás,
viajou pelo Brasil fazendo campanhas cívicas
em prol da alfabetização e do serviço militar obrigatório.
Para ele, o poeta deveria trabalhar as palavras
minuciosamente, procurando a perfeição formal,
a pureza linguística e a elegância do vocabulário.






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