A descrença
desse faminto merceeiro em relação aos rumos da humanidade costuma ter lá seu
fundamento...
... uma coisa do
tipo: “... veja essa foto!”.
Não que “... uma
imagem vale mais do que mil palavras...”. Cascata! Mil palavras, a 3.000 Hertz
de frequência vibracional energética, podem movimentar o universo bem mais do
que uma simples foto. Entretanto, a iconografia que ilustra a “Mercearia...”
dessa semana é real, tem ‘pedigree’, é verossímil e “... dou fé”.
Panificadora
Vila Belmiro, na esquina das ruas Guararapes com D. Pedro I. Afixada pelo
interior da vitrine dos pães doces, a mensagem ilustrativa dessa semana. Ora,
ora, ora... é de se imaginar o ‘bas fond’ que ocasionou a emissão de tal
comunicado.
Há exato um ano,
descobri, após 46 anos de vida, uma predileção local, santista e, para variar,
bem rasteira, por um tal de “... cará-do-meio...”. Hmm... Certo. “Cará-do-meio?!”.
“Sabia, não!”. “Cará-do-meio?! ‘Tá’...”.
Graças ao meu
querido amigo dos tempos de escola, do Barão do Rio Branco, o André Ruas, soube
dessa trincheira ferrenha que o(a) santista cava cidade afora em torno do
bendito ‘cará-do-meio’. Mas não é só a escavação do recurso bélico, não, querido(a)
freguês(a): bem mais do que isso, é uma disposição de se pegar ‘em armas’,
lutar com ‘unhas-e-dentes’ se for o caso!
Yuval Noah
Harari, no seu advertido “Sapiens - ...”, solta uma afirmação meio ‘bombástica’
de que a ruína do ‘homo-sapiens’ começou com a revolução agrícola e o abandono
da caça-coleta. Vende-se uma ideia bem ficcional de que o homem evoluiu ao
dominar os grãos, em especial, os de trigo. “Na-na-ni-na-nina...!”, diz Harari.
“Não foi o Homem que ‘escravizou’ os grãos de trigo... pelo contrário! Foram os
grãos de trigo que ‘escravizaram’ o Homem”.
Isso porque ele
ainda não esteve em Santos, mais precisamente na Panificadora Vila Belmiro.
Uma colega em
comum, minha e do André, também “da época do Barão...”, a terapeuta holística
Cláudia Blanco, nessa mesma padaria, quase perdeu as estribeiras com uma fila
‘cachorra’ que não andava nem por decreto, tudo por conta de uma inclinação da
freguesia bairrista pelos pães franceses (conhecidos em Santos como “média”)
mais ‘branquinhos’ em detrimento dos mais ‘escurinhos’.
A Claudinha, uma
das sinapses mais rápidas do velho oeste, quando chegou a vez dela, não
desperdiçou: “... me vê cinco, por favor... sem preconceito!”, no que foi
aplaudida de pé e ruidosamente ovacionada pelas balconistas do referido
estabelecimento panificador.
Pois, vejam,
meus anjos: depois de um ano, repetindo tema. Falta de criatividade do
merceeiro ou como o(a) santista, orgulhoso do chão onde nasceu, apequena a alma
e o espírito a passos largos, atendo-se a tudo o que é tópico numa exogenia de
causar os mais aterrorizantes calafrios?
“Caridade” e
“Liberdade”, pelo jeitão da coisa, ficou no brasão do município. No mais, ...
Povo que não
segue de modo algum as súplicas do poeta: “Tudo vale a pena/Quando a alma não é
pequena”.
Bom, vamos pôr
ordem nessa cizânia: na Panificadora Vila Belmiro, levou dois ‘carás-do-meio’,
tem de levar um da ponta... e em múltiplos de três!!!
É... Harari está
certo quanto aos grãos de trigo: o Homem é seu escravo. Só não precisaria
descer a essas esferas de escrotidão.
É bem cansativo:
reflexo de um lugar que te mede de cima a baixo em busca de sinais de uma
opulência que costuma vir acompanhada de um vazio que põe tudo a perder.
Vão embora as
amizades verdadeiras e construtivas, as paixões de entrar para a história, o
amor verdadeiro, de carinho, afeto, cuidado, real e consistente, constante.
Valores do ‘ter’ e não do ‘ser’. A materialização do materialismo, do
utilitarismo, e sequer os sentimentos são lançados ao mar. Um lugar onde não se
chora mais ‘por Amor’, que não se deixa mais inundar por uma Black Science
Orchestra e sua “Sunshine” de fazer o coração querer amar, desesperado por
barbas-de-lenhador ou “desfilando felicidade” em lugares com frequência
vibracional em torno de 350 Hertz sob o testemunho fotográfico de rede social.
Nessa toada, o
‘trem’ escapa da pior forma: beligerância ‘da pesada’ se os carás disponíveis
para a venda forem os ‘da ponta’.
A que ponto
chegamos! Ou a que ponto se chega quando o prazer de ‘se estar’ com alguém
realmente especial, ou ‘ser’ único(a), tem de entrar na fôrma do ‘ter’.
Briga-se muito
pelo ‘cará-do-meio’ quando nem mais do famoso tubérculo a porra do pão é feito!
Ou como diz a
canção: “(...) Assim caminha a humanidade/A passos de formiga e sem vontade
(...)”.
Acho Harari
petulante, sem contar muito científico e, logo, bem desumano, às vezes. Mas que
o ‘bicho-homem’ é escravo do trigo, assim como de tantas outras coisas, ah... não
tem muito o que dizer sobre isso. A esperança desse merceeiro, assim como dessa
Mercearia, é quando as pessoas finalmente, como se diz em Belo Horizonte,
alcançarão “a prateleira de cima”.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
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