Fevereiro
foi um mês terrível para a Associação dos Mal Amados do Estado do Ceará,
entidade conhecida carinhosamente como
Associação dos Cornos. Seu presidente, José Adauto Caetano, foi vítima de um
infarto fulminante, que nem mesmo a correria para leva-lo ao Hospital deu
certo. Seu substituto, José Maria, tentou conhecer os trabalhos dos deputados
estaduais na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará e, pasmem!, foi
simplesmente defenestrado do ambiente por conta de seu chapéu: aquele
tradicional do norte, de couro. A diferença é que ele é ornado com dois
chifres. Discriminação pura...
José
Maria ficou indignado. Como sua Associação é regulamentada, tem carteirinha,
ata de fundação, CNPJ, estatuto ele defende que tem, também, o direito de
frequentar o lugar que bem entende representando seus mais de 10 mil (sim,
10.000...) associados. “ E todos com carteirinha”, diz ele orgulhosamente,
Segundo ele, foi algo constrangedor. Quando
chegou na Assembléia, foi bem recebido por todos os funcionários e deputados.
Depois de todo rasga seda inicial, entrou no plenário e seus problemas
começaram. Dois jagunços que prestam serviço de segurança na Casa, exigiram que
ele abandonasse o recinto. “ Fui entrar na galeria do plenário. Mas
implicaram com minha vestimenta de presidente da Associação. Fui pedido para
que me retirasse do local”.
O
impasse fica por conta do artigo 361 da Casa que afirma: “será permitida a
qualquer pessoa, decentemente vestida, assistir às sessões das galerias do
plenário 13 de Março..etc,etc. Já a vestimenta oficial de presidente da
Associação dos Cornos do Ceará obriga o uso de uma faixa presidencial igual à
do Temer e um chapéu de nordestino, aqueles de couro, com dois belos chifres
que estão muito mais para um viking do que para um corno. O presidente da
assembléia considera o chapéu ofensivo, já o presidente da Associação discorda.
“Ora, afirma José Maria, eu represento uma
classe, uma categoria, a dos cornos. Não tiraria e nunca tirarei minha
vestimenta de presidente seja lá onde for. Tentei subir a rampa do Palácio do
Planalto, fui impedido, mas não destratado como na Assembléia do meu Estado.
Me senti discriminado, humilhado”.Agora, José Maria, como presidente dos
cornos, vai acionar o Ministério Público Estadual para abrir investigações
sobre o caso.
A
Associação dos Cornos não é um
privilégio apenas do Ceará. Rondônia, Pernambuco são outros estados que mantém
uma entidade semelhante para a defesa dos direitos dos cornos. Segundo afirmava,
sabiamente, o antigo presidente já falecido, José Adauto Caetano, “A Associação
foi criada com o objetivo de não agressão às mulheres e dizer a todos os cornos
que as únicas alternativas, no caso da traição da mulher, são aceitar ou
abandonar a traidora”.
E
ele levava a sério sua convicções corníferas. Nos seus 67 anos de vida esteve
casado 10 vezes, demonstrando tenacidade e muita determinação. Nessas dez vezes
foi traído em 8 casamentos e já estava preparando o processo contra a décima
esposa: ela estava decidida a não traí-lo! “assim, não dá”, afirmava ele,
talvez o mais convicto de todos os cornos brasileiros, quiçá o mais convicto do
mundo! E a ironia final, fica por conta da Assembléia do Ceará que impediu a
permanencia do presidnete Josè Maria em suas dependências: seu acrônimo é ALCE
(Assembléia Legislativa do Ceará), formando um substantivo que representa,
talvez, o mais chifrudo de todos os chifrudos...durma-se com um barulho
desses!...inté.
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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sempre aos sábados,
quando esquece que está aposentado.
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