Thursday, May 31, 2018

TEATRO OFICINA:SÍMBOLO TRANZMODERNO (por Flávio Viegas Amoreira)




Da passagem da matéria-forma ‘a matéria-força: um signo carregado de significados tendo ´´O Rei da Vela´´ como estandarte , o Teatro Oficina é metalinguagem para sua própria luta de ´desencanamento´ visceral  da civilização paulistana, no mínimo paulistana.  Deleuzianamente o Oficina não pensa ´isso ou aquilo´, - vibrátil pensa ´com´  todos instrumentos do devir, do instante que passa a partir e adentrando o magma mesmo das coisas apresentadas.   Máquina radicalmente desejante,  teatro- esponja, onívoro carregando por toda epiderme da urbe-entorno as inquietudes convergentes de tradição-vanguarda.  A epopéia pelo Bexiga é ela mesmo metalinguagem, intertextualidade do carma subversivo de sua tessitura aos solavancos da História de desconstrução dos macro-micro fascismos.  O fetiche tosco do progresso sempre com suas artimanhas para novo ´apartheid social´  :  a falácia da eficiência, do pragmatismo,  a verticalização como tara arquitetônica nomeada ´gentrificação´. No caso ´insulamento´  da arte , da cultura vívida,  do sufocamento por guetificação do senso crítico imanente e rizomático representado pelo Oficina e seus desdobramentos quânticos. A maior transgressão ‘ a sociedade de mercado é criar: linguagem de bárbara, enviezada, tonitroante, dês-normatizando o pastoreio de cordeiros do nexo linear.  O teatro visto no ´´Rei da Vela´´, manifesto desnudado da práxis uzona é fóton-texto, acelerador de signos, sintagmas, miscigenador de idioletos.  O santuário do Bixiga, cadinho de córregos subterrâneos uterinos de Sampa propõem uma erótica mais que uma linguagem , ainda que essa sua já estabelece por si uma ruptura imanente.  Além das comoditties  cafeeiras oswaldianas, o Oficina sugere um Vale do Silício anímico no fulcro mesmo da Paulicéia: descaracterizar a fonte é propor sufocamento da seiva.  Impensável um cenário sem o Oficina fortalecido: seria encarcerar Dona  Yayá a São Paulo inteira num medievo endinheirado.  Zé Celso está para Pindorama o que foi Ginsberg para a América e remexendo encontro um dito fudido do  xamã beat: ´´A única tradição poética é a voz que sai da moita em chamas. O resto é lixo e vai ser consumido.´´  Raros inventários da brasilidade tem a veracidade da saga euclidiana construída por Zé Celso, assim como seu ciclo oswaldiano precedeu em muito maio de 68 aqui nos trópicos ... vivendo entre o cais de Santos e o Copan tomo o Oficina feito já atmosfera  natural tanto quanto a Mata Atlântica:  qualquer atentado sua integralidade é morticínio cultural e telúrico .   Faz me lembrar Paul Klee sobre função estética contundente: ´´ A Arte não imita o visível; ela torna visível o não-visível.´´    Esse mergulho na imponderabilidade feito pelo Oficina é vital para a reflexão nacional  do contrário ficaremos ocos sem novas linhas de conexão.  Quando já se avizinha um novo império predador, o chinês, quando até o polvo ianque perde tentáculos,  é impressionante atualidade do ´´Rei da Vela´´  e espero o Oficina esteja aí nesse século deleuziano  onde Sampa se insinua megalópole do Ocidente em transe...tranZmoderno!!





Poeta, contista e crítico literário,
Flávio Viegas Amoreira é das mais inventivas
vozes da Nova Literatura Brasileira
surgidas na virada do século: a ‘’Geração 00’’.
Utiliza forte experimentação formal
e inovação de conteúdos, alternando
gêneros diversos em sintaxe fragmentada.
Vem sendo estudado como uma das vozes
da pós-modernidade literária brasileira
em universidades americanas e européias.
Participante de movimentos culturais
e de fomento à leitura, é autor de livros como
Maralto (2002), A Biblioteca Submergida (2003),
Contogramas (2004) e Escorbuto, Cantos da Costa (2005).



No comments:

Post a Comment