ilustração de Milo Manara
A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas
e tão estreita, como se alargava.
Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres
em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.
Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.
Carlos Drummond de Andrade
(Itabira MG 31/10/1902 - Rio de Janeiro RJ 17/08/1987)
é considerado o mais influente poeta brasileiro do século XX.
Drummond possui mais de 50 livros publicados
entre crônicas e poesia.
O valor de seu legado literário é imenso.
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