Hello,
my Friends. Notas do exílio.
Depois
de um spaghetti carbonara, cos dente chei de pancetta, me vi compelido a algo
que deploro. As mesas não dispõem de paliteiro, tive que solicitar ao garçom:
"My
dear, could you bring me a toothpick?"
Deu-me
um sorriso cúmplice, não sei se por meu inglês britânico, se por meu
refinamento, e rumou à cozinha, de lá voltando com singelo envelope de papel,
onde dormitava, em sua graça, her majesty o palito escocês.
Poucos
engenhos no mundo me assombraram tanto. O artefato dental, aqui na Escócia,
nada tem a ver com a torpe haste de madeira dos trópicos. À semelhança dos
cabos de pirulito daí, é um canudo de plástico rígido, totalmente
reaproveitável. Uma das extremidades é apontada feito um punhal, de forma a
poder visitar os mais recônditos becos de nossas gengibas. O fato de ser um
caninho vazado permite uma sucção por pressão atmosférica negativa, muito útil
no sentido de eliminar resíduos. Há que se ter algum cuidado com ruídos
inconvenientes. Com um palito assim aposentam-se em definitivo a escova e o fio
dental. Além do que, é mais durável. Não me contive, levei o meu comigo. Hei de
mostrar a meus amigos dentistas.
Oxalá
o Brasil se desenvolva a ponto de construir coisas assim.
Germano Quaresma, ou Manuel Herzog,
nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.
Criado na cidade de Cubatão,
trabalhou na indústria química
e formou-se em Direito.
Estreou na literatura em 1987
com os poemas de "Brincadeira Surrealista".
É autor dos romances
"A Jaca do Cemitério É Mais Doce" (2017),
"Dec(ad)ência" (2016), "O Evangelista" (2015)
e "Companhia Brasileira de Alquimia" (2013),
além dos livros de poemas
"6 Sonetos D’amor em Branco e Preto" (2016)
e "A Comédia de Alissia Bloom" (2014)
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