Imagem do filme "Monty Python: A Vida de Brian"
Que
atire o primeiro post quem nunca cometeu uma contradição!
Essa
singela corruptela da “Perícope da Adúltera” deveria estar escrita na entrada
do Facebook.
A
exemplo de Jesus, que teria escrito na areia, à entrada do Templo, a frase
original que sintetiza a história: “aquele que não tiver pecado, que atire a
primeira pedra.”
Tem
sido quase impossível adentrar ao FaceTemplo tranquilamente, sem precisar
desviar das pedradas.
Todos
os dias tem um fariseu – “formalista e hipócrita” por definição – cobrando
alguma postura.
Há,
por exemplo, os que cobram atitudes:
“–
Cansei de esperar por atitudes de pessoas que não têm nada de positivo para
dar.”
Quer
dizer, o fariseu esperava as “atitudes” dos outros na atitude passiva e nada
positiva de esperar...
Há,
também, os fariseus ecológicos. Cobram dos amigos e dos governos políticas de
despoluição do ambiente, mas não dispensam o automóvel-poluidor para ir à
padaria.
Porém,
creio que os mais agressivos e arrogantes são os fariseus políticos.
Hoje,
por exemplo, deparei com um fariseu que chamava de “burros” ou “defensores da
corrupção” a todas as pessoas que votaram no Collor, no Aécio e no Bolsonaro ou
que apoiaram o “golpe do Temer” como uma atitude de combate à corrupção.
Por
“conveniência” ele esqueceu de mencionar os 4 mandatos do PT. Ignorou que
milhões de eleitores votaram no Lula, em 2002, contra a corrupção.
Por
hipocrisia – conforme a definição –, o fariseu “esqueceu” de uma das mais
lindas campanhas políticas já produzidas a “Xô corrupção”, em que os ratos
roíam e arrastavam a bandeira do Brasil para o buraco, enquanto o narrador
declarava: “a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil.”
Ou
seja, das duas uma: o fariseu chama de burros as pessoas que acreditaram no PT
e sua campanha ou ele admite que os eleitores do PT defendem a corrupção.
Há
também os que atiram pedras contra os eleitores do Bolsonaro, esquecendo que,
somente uns 10% deles, podem ser considerados “bolsominions convictus”.
O
restante é formado, principalmente, por pessoas que não queriam um 5º mandato
para o PT, não apenas pela corrupção (o maior escândalo da história do
ocidente) ou pela incompetência demonstradas pelo partido e aliados, mas,
porque, para parte dos eleitores, a alternância de correntes ideológicas no
poder é essencial para a democracia.
Concluindo,
alguns fariseus atuais, como nos tempos primitivos, são pessoas que de alguma
maneira se sentem afastadas ou “superiores” à população comum.
Essa
sensação de superioridade é o manancial das pedras que atiram nos demais. A
arrogância é a fonte de suas cobranças.
Eu,
que sou agnóstica e não tenho goiabeiras no quintal, prefiro ler as passagens
da Bíblia como textos de belíssima literatura antiga. O episódio da adúltera,
termina mais ou menos assim. Jesus, que recusava a ser considerado um sábio,
disse a mulher:
“–
Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais.”
Meu nome é Denise Mattos Marino, mas fui sintetizada: Denise Marino ou, simplesmente, Dê, acompanhada ou não do Marino. Sou historiadora e professora de história. Atualmente aposentada – fui mais rápida que a reforma. Mas ainda levo para os meus aposentos a curiosidade, o “só sei que nada sei” e a vontade de ensinar. Ah! Sou libriana.
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