Friday, January 25, 2019

OS FARISEUS DO FACEBOOK (por Denise Marino)

Imagem do filme "Monty Python: A Vida de Brian" 


Que atire o primeiro post quem nunca cometeu uma contradição!

Essa singela corruptela da “Perícope da Adúltera” deveria estar escrita na entrada do Facebook.

A exemplo de Jesus, que teria escrito na areia, à entrada do Templo, a frase original que sintetiza a história: “aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra.”

Tem sido quase impossível adentrar ao FaceTemplo tranquilamente, sem precisar desviar das pedradas.

Todos os dias tem um fariseu – “formalista e hipócrita” por definição – cobrando alguma postura.

Há, por exemplo, os que cobram atitudes:
“– Cansei de esperar por atitudes de pessoas que não têm nada de positivo para dar.”

Quer dizer, o fariseu esperava as “atitudes” dos outros na atitude passiva e nada positiva de esperar...

Há, também, os fariseus ecológicos. Cobram dos amigos e dos governos políticas de despoluição do ambiente, mas não dispensam o automóvel-poluidor para ir à padaria.

Porém, creio que os mais agressivos e arrogantes são os fariseus políticos.

Hoje, por exemplo, deparei com um fariseu que chamava de “burros” ou “defensores da corrupção” a todas as pessoas que votaram no Collor, no Aécio e no Bolsonaro ou que apoiaram o “golpe do Temer” como uma atitude de combate à corrupção.

Por “conveniência” ele esqueceu de mencionar os 4 mandatos do PT. Ignorou que milhões de eleitores votaram no Lula, em 2002, contra a corrupção.

Por hipocrisia – conforme a definição –, o fariseu “esqueceu” de uma das mais lindas campanhas políticas já produzidas a “Xô corrupção”, em que os ratos roíam e arrastavam a bandeira do Brasil para o buraco, enquanto o narrador declarava: “a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil.”

Ou seja, das duas uma: o fariseu chama de burros as pessoas que acreditaram no PT e sua campanha ou ele admite que os eleitores do PT defendem a corrupção.

Há também os que atiram pedras contra os eleitores do Bolsonaro, esquecendo que, somente uns 10% deles, podem ser considerados “bolsominions convictus”.

O restante é formado, principalmente, por pessoas que não queriam um 5º mandato para o PT, não apenas pela corrupção (o maior escândalo da história do ocidente) ou pela incompetência demonstradas pelo partido e aliados, mas, porque, para parte dos eleitores, a alternância de correntes ideológicas no poder é essencial para a democracia.

Concluindo, alguns fariseus atuais, como nos tempos primitivos, são pessoas que de alguma maneira se sentem afastadas ou “superiores” à população comum.

Essa sensação de superioridade é o manancial das pedras que atiram nos demais. A arrogância é a fonte de suas cobranças.

Eu, que sou agnóstica e não tenho goiabeiras no quintal, prefiro ler as passagens da Bíblia como textos de belíssima literatura antiga. O episódio da adúltera, termina mais ou menos assim. Jesus, que recusava a ser considerado um sábio, disse a mulher:



“– Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais.”



Meu nome é Denise Mattos Marino, mas fui sintetizada: Denise Marino ou, simplesmente, Dê, acompanhada ou não do Marino. Sou historiadora e professora de história. Atualmente aposentada – fui mais rápida que a reforma. Mas ainda levo para os meus aposentos a curiosidade, o “só sei que nada sei” e a vontade de ensinar. Ah! Sou libriana.



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