por Chico Marques
Thrillers de ação agradam a um grande público, mas possuem limitações seríssimas.
Qualquer ator jovem que atrele sua carreira a esse gênero de filme, sabe de antemão que não será nada fácil conseguir cair fora do gênero mais adiante.
Não é o caso de Liam Neeson.
Ator de gabarito, foi catapultado para o estrelato com "A Lista de Schindler", mas não conseguiu embarcar na onda de Oscars que o filme ganhou, e rapidamente, voltou a fazer papéis de coadjuvante.
De uns anos para cá, no entanto, surpreeendeu a todos ao virar protagonista de filmes de ação em plena meia-idade. Fatura alto em filmes assim. Aceita todos os papéis do gênero que lhe oferecem. E não parece estar nem um pouco preocupado com os que o chamam, com desdém, de "o novo Charles Bronson".
Óbvio que ele não é "o novo Charles Bronson". Ele está mais para "o novo Michael Caine", que também, num determinado ponto de sua carreira, fez a mesma opção por filmes de ação.
Se esses filmes não são lá uma maravilha, se as tramas são limitadas por vinganças corriqueiras, se as pancadarias e os tiroteios tem prioridade sobre qualquer aspecto dramático, não se incomodem, nem fiquem indignados. Apenas lembrem que talvez esses filmes provavelmente não são endereçados a você.
Se esses filmes não são lá uma maravilha, se as tramas são limitadas por vinganças corriqueiras, se as pancadarias e os tiroteios tem prioridade sobre qualquer aspecto dramático, não se incomodem, nem fiquem indignados. Apenas lembrem que talvez esses filmes provavelmente não são endereçados a você.
Eis a trama: Jimmy Conlon (Neeson) é um atirador da Máfia que sempre foi leal a Shawn Maguire (Ed Harris), que conhece há décadas. Seu passado fez com que se afastasse do filho, Michael (Joel Kinnaman), que vive ao lado de esposa e filha. Michael tentou ser lutador de boxe profissional, mas não teve sucesso no esporte e hoje trabalha como motorista de limusine. Um dia, ao realizar um trabalho, ele leva dois traficantes à casa de Danny Maguire (Boyd Holbrook), o filho de Shawn. Danny mata ambos e, após perceber que Michael viu uma das mortes, passa a persegui-lo. Jimmy consegue matá-lo antes, o que desperta a fúria de Shawn, que agora quer que Michael morra para que seu antigo parceiro sinta o mesmo que ele.
Os conceitos distintos de família dão o tom na trama. A família formada por laços de sangue se complementa e se contrapõe à família típica das organizações criminosas, sempre muito bem representada nesses filmes sobre e Máfia. O respeito existente entre Neeson e Harris é um importante fio condutor da trama. De certa forma, é a espinha dorsal do filme, o que o sustenta em pé com alguma dignidade, já que o resto é o trivial variado que o público desse tipo de filme quer ver na tela: muita ação, muita pancadaria e muitos tiroteios.
Eu, pessoalmente, não tenho o menor apreço por thrillers de ação como "Noite Sem Fim", mas se filmes assim servirem para acolher bem -- na condição de protagonistas -- atores gabaritados como Liam Neeson e Ed Harris -- que, devido à idade, não conseguem mais papéis de destaque em tramas dramáticas para o cinema --, ao invés dos canastrões habituais, terão encontrado uma razão digna para esses filmes existirem.
Convenhamos: os filmes de Charles Bronson nunca tiveram esta preocupação.
NOITE SEM FIM
Run All Night
(2015 - 114 minutos)
Direção
Jaume Collet-Serra
Roteiro
Brad Inglesby
Elenco
Liam Neeson
Ed Harris
Joel Kinnaman
Vincent D'Onofrio
Génesis Rodriguez
Em cartaz no Cine Roxy 5
e no Cinemark Chaparral Shopping
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