Friday, March 30, 2018

CINCO THRILLERS QUE MERECIAM TER TIDO MELHOR SORTE PERANTE O GRANDE PÚBLICO


POR CHICO MARQUES


JACK RYAN, RECRUTA FANTASMA
(Jack Ryan Shadow Recruit, 2014, 105 minutos, direção: Kenneth Branagh)

Jack Ryan (Chris Pine) estudava em Londres quando o World Trade Center desabou devido a um ataque terrorista ocorrido em 11 de setembro de 2001. Servindo o exército americano, ele participa da Guerra do Afeganistão e lá sofre um sério acidente na coluna. Durante a recuperação no hospital ele conhece a doutora Cathy (Keira Knightley), por quem se apaixona. É neste período que ele recebe a visita de Thomas Harper (Kevin Costner), que trabalha para a CIA e recomenda que Ryan retorne ao doutorado em economia. Ele segue o conselho e, a partir de então, passa a trabalhar às escondidas para a CIA, sem que nem mesmo Cathy saiba. Em meio às investigações, Jack descobre um complô orquestrado na Rússia, que pode instalar o caos financeiro nos Estados Unidos. Com isso, ele viaja a Moscou com o objetivo de investigar Viktor Cheverin (Kenneth Branagh), o líder da operação.Talvez você não se lembre do personagem em si, mas é provável que o tenha visto em suas reencarnações anteriores nas telonas. Afinal de contas, Jack Ryan já vestiu a pele de Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck em filmes do porte de "Caçada ao Outubro Vermelho", "Jogos Patrióticos", "Perigo Real e Imediato" e "A Soma de Todos os Medos", sempre mesclando suspense a uma boa dose de ação. Este aqui, no entanto, consegue ser mais eletrizante que todos os anteriores juntos. O grande problema é que o personagem principal sempre teve menos relevância do que seus intérpretes, algo que a própria Paramount tenta reverter ao colocar seu nome já no título do filme. Mas apesar do filme não ter sido o sucesso de público esperado na ocasião de seu lançamento, é preciso dizer que este novo Jack Ryan é convincente, e que Chris Pine cumpre bem seu papel, dando ao personagem o vigor físico necessário e valorizando o impacto emocional de seus atos. A direção de Kenneth Branagh é precisa e o roteiro, bem funcional, sem grandes surpresas. A escolha por uma guerra econômica como tema principal do filme é no mínimo original. Um filme que merece ser visto, ou revisto.
O AGENTE DA U.N.C.L.E.
(The Man From UNCLE, 2015, 117 minutos, direção: Guy Ritchie) 

Napoleon Solo (Henry Cavill), é um agente da CIA, que em plena Guerra Fria recebe a missão de resgatar uma mulher misteriosa (Alicia Vikander) da Alemanha Oriental. Lá, ele descobre que os russos também estão de olho na jovem. Após um confronto inicial, Solo é ordenado a trabalhar lado a lado com os russos para investigar um caso, o que gera uma parceria inusitada com Illya Kuriakin (Armie Hammer). A dupla acaba indo para a Itália para investigar uma organização de ex-nazistas que investe no desenvolvimento de uma arma nuclear. Versão para as telonas de série clássica de muito sucesso nos anos 60 "O Agente da U.N.C.L.E.", que tinha Robert Vaughn como Napoleon Solo e David MacCallum como Illya Kuriakin. Belo acerto artístico de Guy Ritchie, que não alcançou o resultado esperado nas bilheterias, ainda que esteja longe de ser um "box-office flop". U.N.C.L.E. conta com boas cenas de ação, com um bom senso de humor e com uma edição primorosa, que nas cenas de ação divide a tela em vários quadros, remetendo diretamente aos recursos visuais utilizados no seriado original. Mas, por outro lado, não faz uma releitura reverente do original, inserindo cenas de humor deliciosas -- como a cena de ação em que Ritchie corta completamente o som ambiente para colocar a clássica canção italiana "Che Vuole Questa Musica Stasera?". A australiana Elizabeth Debicki consegue criar uma personagem sexy e ameaçadora que também se revela muito forte, e Hugh Grant interpreta o britânico carismático, o que não lhe exige muito. Resta saber se o estúdio dará a oportunidade para que tenhamos uma continuação.
SALT
(Salt, 2010, 1001 minutos, direção: Philip Noyce)

Quem é fã de carteirinha e vibrou com as performances de Angelina Jolie como heroína em filmes como "Lara Croft - Tomb Raider" ou "O Procurado", com certeza vai adorar "Salt". De certa forma, temos aqui novamente a mesma fórmula de colocar uma bela garota franzina como alguém capaz de superar a todos no quesito "troca de sopapos" e ainda se segurar em lugares com as mãos com uma destreza capaz de fazer qualquer gato ou alpinista roer as unhas de inveja. Na história, ela é uma agente da CIA que foi acusada de ser uma espiã preparada para matar o presidente russo em visita a Nova York. Com sua vida virada do avesso, ela faz gato e sapato para tentar provar que está sendo vítima de uma conspiração. E, aos trancos e barrancos, consegue. Tudo conspira a seu favor. Desde roupas roubadas em cima da hora que servem direitinho até pintura de cabelo que seca na hora. Angelina ficou gatíssima toda de preto, como uma legítima viúva negra, liquidando seus inimigos. Um thriller muito climático, conduzido com talento e competência, e repleto de fugas e perseguições, e voltas e reviravoltas -- algumas absurdas, outras nem tanto. Liev Schrieber está ótimo. Angelina então....

JOGO DE ESPIÕES
(Spy Game, 2001, 127 minutos, direção: Tony Scott)

Nathan Muir (Robert Redford) é um agente da CIA que está prestes a se aposentar, até que descobre que Tom Bishop (Brad Pitt), seu protegido, foi preso por espionagem na China. Acostumado com o modo de funcionamento da CIA, Muir é convocado para resgatar Bishop de sua atual prisão. É quando, em meio ao embarque para mais uma missão, Muir relembra como ele recrutou e treinou Bishop, seus tempos turbulentos como agentes e ainda a mulher que traiu a amizade deles. Trama sólida e bem amarrada, ainda que com os cacoetes de direção habituais do diretor Tony Scott. O duelo travado entre Robert Redford e toda a CIA para salvar seu protegido é muito bem conduzido pelo roteiro, e dá uma boa sustentação para o clima de tensão em torno da história. O personagem de Redford assume seu lado canalha e em muitos momentos o público discorda de seus métodos, mas ao mesmo tempo torce para que ele consiga convencer a CIA a salvar Tom Bishop. Um filme que surpreende, principalmente quando o plano do personagem de Redford começa a ser desvendado, e que merece ser visto ou revisto com atenção na medida em que não teve a projeção merecida na época de seu lançamento.
ATÔMICA
(Atomic Blonde, 2017, 115 minutos, direção: David Leitch)

Passado em Berlim, em novembro de 1989, pouco antes da queda do muro, a trama mostra uma agente do MI6, Lorraine Broughton (Charlize Theron), que visita a dividida cidade alemã na tentativa de desvendar a morte de um colega seu e também resgatar uma importante lista com o nome de todos os agentes infiltrados na região. Ao chegar na cidade, ela recebe o apoio do também infiltrado David Percival (James McAvoy), mas a vida de espiã faz com que ela não confie em ninguém. A trama é relativamente simples e o joguinho de gato e rato com várias reviravoltas não é exatamente inovador -- mas a experiência cinematográfica, esta sim, é fabulosa, graças a uma sucessão de poderosas sequências de ação e a uma atuação forte e inspirada de Theron. É curioso notar que após "Mad Max: Estrada da Fúria" e "Atômica", a loura sul-africana se tornou um dos principais ícones dos filmes de ação, esbanjando talento e vitalidade numa performance dura e ameaçadora, demonstrando muita desenvoltura nas cenas de luta e se entregando completamente à personagem e ao projeto, com direito a cenas de nudez e tudo mais que possa agradar sua legião de fãs. Que, embevecidos com tamanha generosidade, agradecem cordialmente. O elenco deste filme surpreendente -- e pouco valorizado na ocasião de seu lançamento -- conta ainda com a presença de Sofia Boutella, Toby Jones e John Goodman.




O FILME DA SEMANA É UM DELICIOSO THRILLER DE ESPIONAGEM COM A IGUALMENTE DELICIOSA JENNIFER LAWRENCE

por Sérgio Prior
para Sétima Arte


O filão dos filmes de espionagem não tem fim.

Mesmo com a queda do muro de Berlim, com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com a história do mundo agonizante e em estado terminal, segundo Francis Fukuyama, as táticas operacionais da espionagem, continuam encantando as plateias de cinema do mundo.

Evidente que a figura dos espiões, por exemplo 007, ainda tem lastro, pois eles representam o superpoder antes que os heróis da Marvel invadissem as telonas nas últimas décadas.
E o sex-appeal e beleza de Dominika Egorova (Jennifer Lawrence), uma bailarina que devido a um acidente de trabalho é levada a um novo ofício como espiã do governo russo, adicionam o tempero perfeito para a trama que segue as regras da extinta Guerra Fria (EUA X URSS).

Caso Dominika se recusasse a participar do treinamento para seu novo metiê, sua mãe, portadora de uma patologia crônica perderia todas as benesses que possuía, ou seja, ficaria na desamparada financeiramente.

Não resta outra alternativa a Dominika.

Ela que tinha sonhado em se tornar uma das estrelas do bale Bolshoi, vê seus sonhos se dissiparem, daí ela não sorrir em nenhum momento.

Mesmo porque -- e este é outro diferencial do filme -- a violência à qual ela é exposta é brutal.

E tudo é mostrado sem filtros ou figuras de linguagem.
Não imagine que em algum momento alguma fagulha de romantismo possa entrar em jogo, principalmente quando o agente da CIA interpretado por Joel Edgerton, negocia com Dominika.

Um espião é treinado na arte de manipular a realidade ao seu favor.

Não há espaço para sentimentalismo.

Sejam benvindos ao mundo no qual John Le Carré e Robert Ludlum, fizeram fama como escritores: a espionagem.

E Jennifer Lawrence domina a cena e hipnotiza a plateia. Charlotte Rampling e Jeremy Irons não passam de meros coadjuvantes diante do furacão Lawrence.

OPERAÇÃO RED SPARROW
(Red Sparrow, 2018, minutos)

Direção
Francis Lawrence

Elenco
Jennifer Lawrence
Jeremy Irons
Charlotte Rampling
Joel Edgerton
Matthias Schoenaerts



Cotação
em cartaz nas redes Roxy e Cinemark


TODAS AS ESTRELAS DA BAIXA FIDELIDADE (por Marcelo Rayel Correggiari)




Essa acamada Mercearia retoma o tema: em meio a fé, a crença e a interferência.
Certa visita, recebida na última sexta pela manhã, serviu de inspiração para o retorno a esse assunto.
Como já explicado nesse trepidante estabelecimento comercial, a palavra “fidus” é o Latim para o vocábulo “confiança” em Português, também ‘radix’ (‘raiz’) para outros verbetes como ‘fiel’, ‘fidelidade’, ‘fiar’, ‘fiança’, e por aí vai...
A confiança é um ente bilateral: é quando o(a) indivíduo(a) percebe que ‘o meio’ não causará mal algum ou grandes danos ao longo de certo período de tempo. Isso também vale entre duas pessoas. Saber que ‘o meio’ não é nocivo torna-se componente fundamental para a composição da confiança.
Esse vocábulo em Latim, “fidus”, também é pai de uma das palavras mais conhecidas em nosso idioma: a “fé”.
“Fé” é exatamente essa confiança que ‘o meio’ não será hostil ou apresentará sérios contratempos, em especial aqueles que destroem nossa ‘vida emocional’. Quanto mais percebemos que esse ‘meio’ é pródigo em não interferir sobremaneira em tudo aquilo que sentimos, mais ‘fé’ temos em nós mesmos, na nossa capacidade de transformação (‘auto’ e em relação àquilo que nos cerca), em tempos melhores batendo a nossa porta.
Se esse ‘meio’ for hostil, inóspito, sanguinário, agressivo principalmente nos tipos de interação, perde-se a ‘fé’. O que entra em seu lugar é um sistema de pensamentos próximos do delírio e que em certa altura muito auxilia no total e completo descolamento da realidade.
Quando a ‘fé’ desaparece, passa-se a “a-creditar”, “... dar crédito” a um conjunto de características que julgamos imprescindíveis para um êxito quase delirante sobre esse ou aquele ponto.
É batata! Podem verificar: quanto mais perdemos a ‘fé’,mais nos ligamos às instituições religiosas com um sistema de crenças que nos confortam diante de interferências fatais e barreiras intransponíveis.
Quando o sistema não é religioso, mais entregamos nossas cabeças a “a-creditar”, “dar crédito” a certos critérios completamente questionáveis, em geral, aplicados sobre “o(a) outro(a)”: ‘tem de ter isso’, ‘tem de ter aquilo’, ‘tem de fazer isso’, ‘tem de fazer aquilo’, ‘só serve se for desse jeito e não daquele’, ‘tem de vestir isso’, ‘tem de dirigir aquilo’, ‘tem de se divertir desse jeito’, ‘tem de frequentar esses lugares’, ‘tem de se adaptar a essa tertúlia’, tem de beber isso e não aquilo’, ‘tem de apresentar esse corte de cabelo’, ‘tem de se comportar desse jeito’...
... enfim! Nem seria necessário dizer que o ‘ser humano’, sua composição e sentimentos, é a última coisa que vale na equação, sem contar que essa perturbada abordagem é igualmente pródiga na produção do que há de mais tépido sobre a face da Terra.
Muito simples: é roubada das pessoas a possibilidade de serem o que são, apenas, com toda a riqueza de fertilidade quanto à origem e itinerário que as trouxeram até aqui.
O não-entendimento de vários mecanismos físicos, psicológicos e sociais faz com que vários lados se degladiem: “... o meu vale mais que o seu!” e o pau começa a comer. Não há a menor temperança e/ou paciência para se entender que seus componentes não precisam, necessariamente, ‘ser comprados’, mas podem, perfeitamente, ser conhecidos do(a) querido(a) freguês(a).
Com esse conhecimento em curso, surge a possibilidade do convívio e, fundamentalmente, a de se encantar com aquele(a) ‘que não sou eu’. Do jeito que ele(a) é! É aí que está a riqueza da coisa. Não se trata de “adaptar” o(a) outro(a) ao meu modo, ou àquilo que penso ser meu modo (um troço perigosíssimo!), mas de justapor uma existência à minha.
Saiu disso, podem carimbar: é tentativa de ‘colonização’, de ‘colonizar o(a) outro(a)’.
São inúmeros os componentes quanto ao paladar e ‘inclinações’, esmiuçados de forma brilhante por Immanuel Kant (22 de abril de 1724, em Königsberg, Alemanha - 12 de fevereiro de 1804, em Königsberg, Alemanha) no seu fundamental “A Metafísica dos Costumes”. Conhecê-los evitaria inúmeros atropelamentos brutais (como acontece nos dias de hoje) e muito ajudaria no entendimento ‘do processo’ que fez alguém ‘gostar mais disso do que aquilo’.
Esse entendimento é necessário para que o convívio não se torne nem arte, nem ofício, mas simplesmente um convívio. Um convívio que pode se revelar surpreendentemente encantador: entre os vários desdobramentos, amizades que duram décadas e outras que acabam até em casamento.
O que escapou no “A Metafísica...”, visto que a ciência neurológica e psiquiátrica era bem menos desenvolvida do que em nossos dias, foi elencar o mau funcionamento do cérebro como cenário devido para que se desenvolvesse todo o esquadrinhamento em torno das inclinações. Bom... nada, no fundo, no fundo, é lá muito perfeito. Porque há de se levar em consideração que um sujeito como Nero não gozava do melhor de seu estado enquanto imperador romano e um cineasta como François Truffaut (6 de fevereiro de 1932, em Paris, França - 21 de outubro de 1984, em Neuilly-sur-Seine, França) não praticou qualquer denúncia vazia em seu quase derradeiro “La Femme d’à Cotè” (“A Mulher ao Lado”).
Em qualquer ponto da história, sempre fomos ladeados por pessoas que não tinham grande perfeição no pleno funcionamento de suas faculdades mentais.
É exatamente esse o ponto onde o “fidus” (a “fé”) dá lugar ao “crédito” (o ‘a-creditar, o ‘dar crédito’) a sistemas de crenças que, muitas vezes, estão completamente descoladas do mundo real e só existem na cabeça de quem as adota.
Sinal inequívoco de que algumas, ou várias, coisas não andam bem.
Uma vez esse sistema de crenças em curso, o inferno da interferência. O(A) querido(a) freguês(a) não valeria ‘pelo que é’, mas pelo quanto se permite a aceitar o que lhe é determinado. Mecânica simples de um convivío que se revelará abusivo em certo ponto pelas mãos da intromissão.
Em algum momento, a coisa se torna uma queda-de-braço: o que advém disso é o discurso da ‘vendetta’ onde o importante é a ‘revanche’. Triste fim de humanidade. Todas as coisas boas e positivas são rebaixadas a uma ‘raia-miúda’, classificações em tábula-rasa... e tome mais agressividade. Além da pergunta “onde é que isso tudo começa?!”, mais relevante é a indagação “quando é que isso tudo cessará?!”. A ausência de resposta põe qualquer um ‘a fuso’.
O que entra no lugar é esse discurso comum nas ruas e redes sociais sob roupas quase inofensivas e supostamente ‘bem-humoradas’ do “... sou mais eu...”, “... eu sou assim e foda-se!”, “... superação...”, “... quando eu brilho...”, “... sambar na cara da sociedade...”, “... você vai ver...”, “... cada um cuida de si...”, “... eu pertenço a mim mesmo(a)...”, “... agora sou eu quem mando...”, todas vindas de uma mesma cepa: o ódio que protagonizou o gesto do opressor é o mesmo que move a vingança do oprimido.
No final das contas, é sempre o ódio. Cansativo, isso. Um cenário eterno de despedida do “fidus” para a perenidade da crença.
*********
Bom, os temas que nortearam essa Mercearia nos últimos meses chegaram ao fim. No início desse mês, esse merceeiro teve de encarar mais uma ocorrência profundamente desagradável dentro de seu fôro privado, mais uma somada a tantas outras que povoaram os últimos seis meses. Assim como em alguns momentos da vida, nem sempre há algo que pudesse ser feito diante de comportamentos que beiram ao bizarro. Após quase 30 dias, pouco resta, exceto se concentrar numa Mercearia que enfrentará, nos próximos quatro meses, devida reforma e reestruturação. Há trabalho pela frente. Boa parte de amigos(as)-irmãos(ãs), pessoas que também foram modelos a esse modesto merceeiro, desapareceram em anos recentes: todos(as) em torno da casa dos 50. Assim, é possível se aperceber de que não há muito tempo sobrando para cafés pequenos, requentados e tremendamente amargos. Qualquer pessoa, de qualquer nível social, gênero, inclinação, itinerário, origem, deficiência, composição e constituição terá portas abertas no desejo de participar da vida desse modesto comerciante. Qualquer pessoa, em qualquer momento, que queira entrar e/ou retornar será sempre bem-vinda. Contudo, apenas roga, no caso desse desejo se cristalizar, por favor e gentileza, que venha e/ou retorne em devida transformação. Uma transformação para melhor. Uma transformação imersa numa condução de si mesmo(a) minimamente amorosa. Uma condução pelo Amor, não por uma construção gigantesca de tralha no lugar Dele. E esse assistido merceeiro levará às Letras seu posto avançado, o cinema, semana que vem, a primeira do mês de Abril. Sempre a eterna gratidão e agradecimentos pela paciência e carinho da atenção da leitura.


Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.

É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO


MANUAL DO ATOR PENSANTE PARTE 1 (por Flávio Viegas Amoreira)




‘’Antes da influência funcional do diretor, - é a um amigo de letras que deve recorrer o ator principiante. Não existem candidatos a ator. O companheiro escritor, - insinua ao intérprete o que deve ser lido e visto. Basicamente ler e rever com olhos de leitor. Ao ator é entregue um papel antes pela sociedade, - o núcleo que o envolve na pequena comunidade onde veio ao mundo molda padrões dificilmente abandonados no ofício posterior.

Condições sócio-econômicas, estrutura familiar e sexualidade-afetividade são o substrato que induziram propensões e impedimentos. Se é personagem nos tablóides e revistas semanais antes de entrar em cena, - impossível abstrair limitação cultural e arrivismo do óbvio idiota fazendo pinta de gostoso. A persona do intérprete antecede escolha e adequações dos papéis. Tudo principia no poeta-confidente que cruza no momento da iniciação. Atitude, estilo, termos pós-modernos podem reverter em utilidade elevada para aquele que vai se submeter aos grandes mistificadores: encenadores que teimam em roubar dos protagonistas a função de encantar. A era dos diretores-divas cede ao ator orgânico, auto-consciente, e amante do texto imortal. O ator é um leitor por excelência,- e caminha ao lado do tímido erudito deixado em seu ofício na província onde o encanto se processou primeiro. Atores são viajantes, escritores alternam entre imaginação, pesquisa e contatos virtuais,- mais e mais escrever é se iluminar em casa com voltas de ar fresco no quarteirão. Nos palcos e refletores, o que interpreta carrega consigo o estímulo recheado de insights advindos da memória e da influência - escrever fundamentalmente é ceder substância aos agenciadores públicos de nossas palavras. O ator só se desenvolve sendo escritor concretizando esses textos originários de seu convívio e os interesses que surgiram como desdobramento dessa união meiga com o poeta.

Primeiro, características compatíveis, logo intuição do teatro, e ele se vê sem calças para encetar a Busca. Os cursos e oficinas são engrenagens gregárias de vaidades e sedução, - nada que pudesse apreender antes lendo e observando intensamente teria valia além da normatização morna dessa prática solitária precedente. A escola de teatro ou workshop, são pontes rápidas ao ambiente descolado ou lúdico treinamento para o chope da esquina. O ator e o escritor são irmãos divergentes em perspectiva de um mesmo ponto de vista existencial. As ferramentas e características pessoais determinam muito, o intercâmbio se desfaz tristemente por imposição das veleidades do meio mambembe. Interpretar é resultado da observação aguda do mundo, pela necessidade de objetivar o encontro primeiro e dar substância enlevada às sutilezas da linguagem, qualquer que seja produzida por criador encerrado sem ribalta, - o poeta que cede o iluminado ao rosto amado as entidades que visitam em seu gabinete. O escritor vivencia antecipadamente o que o ator goza no arroubo do que o primeiro continha. Imposição básica, jovem shakesperiano: um anônimo poeta ao telefone, amigo epistolar, cada e-mail, um insight  - sacada traduzindo em bom brasileiro.’’

‘’A psicologia está no olhar, no cotidiano Eterno das coisas e gentes, e nos livros que tece no palco urdindo através da sua lembrança o personagem intimizado com alma de profeta. Não a ternura, o afeto. Não a simpatia, o Amor. Antes do diálogo, a reflexão interior do diálogo. E tornar ao Olhar. Olhar sim! simpático, imaginário onívoro. Vê, tu que és belo pode notar sem pejo, olha nas lentes de fingida vaidade: olha o beber, gesticular, ensimesmado, tempestivo, floreia um drama ao pobre prosaico. Nele Eurípedes sobrevive - urbano comporta o espanto do grego. Lê e sai sorrateiro às ruas - não te fazes notar além do limite de teu encanto. O Ator extrapola seus insucessos: revê tudo em perdas, e assoma no delírio de todos os homens. Espreitar.‘’

‘’O bloco de notas é uma das condições essenciais para fazer qualquer coisa de válido... os poetas novos evidentemente, não possuem um bloco, não tem nem a experiência, nem o hábito. Neles, os versos perfeitos são raros; é por isso que todo o poema é longo, como se fosse água.’’

Wladimir Wladimovitch Maiakowsky.

‘’Todo poeta/ator tem sua fase azul: Memento: parte da missa que se reza pelos fiéis e pelos defuntos.

Lembrete. Pequeno manual que constitui a essência de uma questão. Memento. Ainda, com gosto incontido, lê bem mais que escreve ou tece, esboça. Cai-lhe nas mãos Baudelaire, aproxima-se do poeta, de quem o revela e de ambas as épocas: do bardo e do amigo em afeto. ‘’

‘’ Deus é o único que para reinar não precisa existir’’.

‘’Toma como epígrafe importância da palavra, do virtual que passa, insisti e recolhe de si.

Sabe ser o caminho longo para tanta pressa de expressão, pressa adjetiva, descoberta indevida na cronologia dos percalços."

[‘’Estar sempre entre os primeiros e Saber, eis o que importa, mesmo sem alcançarmos o porquê da encenação.  ‘’ Eugenio Montale.]

O poeta e o ator são disparates dessa passividade, nunca cansam de observar para entreter de significados a mudez da plateia. Enfrentamos a página retidos no palco, o Ator caminha digitando, ele estica os sentidos retidos, corrobora veracidade do absurdo ou do subjetivo. Todo poeta chora enternecido por um Ator no palco - vibra de mãos dadas o altissonante. Alegrem-se e não deflorem antes meu pensamento, o protagonista aguarda a deixa pondo desejo na maestria. A flauta / a cítara / o alaúde; a virginal e a espineta. Instrumentos de apreciação da espartana burguesia. Felizes gentilezas divinas: o gesto no banho, a disposição de talheres à mesa, o sentar balofo ou seco do transeunte, a invalidez do acaso, decrepitude gêmea, ocasião das festas e fastio das mortes. O ator é sempre antagonista silencioso do óbvio solene, não sacia na prece. O conflito, o vazio, entrosamento simbiótico, passo de retorno: percepção do real ao formulado, entrecho.

[‘’Quase tudo o que sucede é inexprimível e decorre num espaço que a palavra jamais alcança.’’ Rilke.]

Toma de empréstimo e acaba aderindo à mascara / recorre ao verso, põe anima de Belo e Monstro, quem mais aproxima da interface. Aproxima, pois leva com todos juntos a possibilidade tornada momentaneamente beijo, tiro, gosto, sexo. A tristeza, essa parece recolhida sem pedido às coxias, bastidores: esse sinônimo de fazer. Tecelão, acolhe para se desvencilhar sozinho a tristeza somada do escritor, do comovido, do choroso, do boquiaberto. Os apontamentos gestaram a síntese, as reservas poéticas compuseram a trama: enredo eivado dos significantes alumiados de encanto.

Contrastar ideias. Recapitular é fazer tanto quanto: esboços, fragmentos, mal-suceder e então justapor. As palavras se percebem desordenadas em ordem intrínseca. O amigo, o amante, o preceptor, a função do conjunto, as tardes passadas em transe calculado. O ator rala prá caramba! Tudo parece dizer. Monty Clift ou Dirk Bogarde,- percebe ali a meditação lírica, o esforço e o jubilo, a promessa , a fixação num pedido: menos o Destinatário, - além do Remetente. Nunca tive habilidades técnicas além da precisão de perspectiva: ao enviar um livro, sempre punha confuso, - onde o meu e o dele? o código correspondente.

Olha, lembra, desperta agudamente, lê para dilatar entrevisto, - a técnica de palco, a metodologia não pode ser muito mais que esse conteúdo. Volta: observa a Rainha Cristina, Garbo estática e nada é mais eloqüente!!

O xadrez com a morte, a porta falsa de Visconti, Brando confessando ser um fraco! Entre as pupilas e os lábios: mesmo que a ausência de lábios exceda a Graça no sorriso das pálpebras (Kenneth Branagh), o rosto humano é santo no descanso trágico. Holderlin dramatizando o percurso na neve / o cajado é tinta no enlevo desenhando as posteriores lembranças. Encena-se Rimbaud e Verlaine, Lorca e Pessoa? busca na mais recôndita paginação da estreita estante: Real Português Gabinete de Leitura, - lê Holderlin e leva Lautreamont distraído entre o Oceano e a paisagem. O fácil assim se mostra posto que dado à Luz do Dia feito sem o pó do estrume da cavalgada. Para os dois poetas dormirem másculos numa matinê de Sábado, muito tiro foi dado em bundas destemidas. Toma a peça isolado no quarto, esse é o teste de sobrevivência do artista: o anonimato.

Arte que copia abertamente transfigurando, amalgamando, no amor ou ruptura, participa, retêm e antecipa a realidade / o intento forja alexandrino ou soneto, - queda no assoalho, a deixa elevada à transcendência, aparta a dúvida, rearticula o personagem, o texto corre atrás de ti. Sê como os que deram origem a Sócrates, esculpe e dá luz à memória grávida / ávida.

[‘’ O  que é que eu estava dizendo? Ah, sei; estava falando do teatro. Agora já está tudo bem diferente... Agora eu já sou uma atriz de verdade; eu trabalho com alegria, com êxtase, em cena eu fico como que embriagada, e tenho a impressão de que fico linda. E agora, nesses dias aqui, eu tenho a impressão que cada dia estou ficando um pouco mais forte... agora eu sei, Costia, agora eu compreendo que o essencial em nossa profissão – tanto faz que seja no palco ou na literatura o essencial não é a glória, nem a fama, nem nada daquilo com que eu sonhava, e sim saber aguentar com paciência... saber carregar a cruz e Ter fé. Eu tenho fé, e já não sofro tanto; e quando penso em minha vocação, não tenho medo da vida.’’ Nina à Costantin - ‘’ A Gaivota’’- Tchékhov.]

I -‘’então?! Acho a que ponto?!

Dar o cu seria nosso único ato de resistência, poderia imaginar?

(risos contidos)

- ou de persistência?

- fundo azul para uma conversa de finalidade esvaziada;

então, então?

quanto advérbio e indagação.

(ele se colocara nu em minhas pernas e disse - sem ao menos eu pedir, que me amava...)

- um michê?

- Nisso, recuei um pouco como quem espera o transe, - retomar uma trepada é foda!

- ininterruptamente, e pensei, que dizer?

- confirmo todo afeto?

- devolvo em silêncio

- revelo o que desdenho?

- Como só no sexo sabemos ser gostosamente hipócritas... típica situação de não saber dizer.’’

II- ‘’o essencial é total refeito aos trancos da consciência ou intuição: nessa nesga de tarde e quarto, olha algo que não seja essencial: livros, copos, fotos, arpejos, sussurros, pedidos; aliás, sempre retomo ‘aliás’, Deus errou na continuidade: era tão quente em outubro antes, lembra? Daí pensar em evolução na Arte é um pulo!

- gosto dessa experiência sem vertigens contigo: a feitura e o relato

- a espera, - a digressão, - o pensamento parece diminuir toda essa ausência.”

- ‘’São aquilo que dissera antes: os pontos iluminados, - luzes que não se embrenham na curta vida da memória, retinem à vista do olhar presente, primário, o galho

- que se espraia na tua estante, a lembrança do sexo. Isso me ajuda a salvar alguma - coisa de uma noite que temos hábito bobo de chamar inesquecíveis’

- esquecer o sexo com um homem que amei, - isso atordomenta! Esquecer o sexo

- seria não mais buscar seu equivalente. Mas te garanto: sofro nesse resgate

- tento ao máximo segurar.’’

- ‘’comigo é quase igual. Mas a última foda leva de roldão todas antes, - tem uma força essa proximidade... esmesurada semelhança, a tal?! equivalênciaaaa....!’’

- ‘’ ... é que essa última foda foi ontem ... (risos) e assim dói!!’’

[minha sala parecia mesmo pronta prá aquela conversa; éramos íntimos em tudo].

[Nosso diálogo se interrompera por alguns dias de frio intenso; - quarenta graus rebaixados ao dígito zero, - toda possibilidade de clima e necessidade de correspondente emoção a atmosfera,- ambiente afinal é emoção concretizada.]

[Nada que me intimidasse ou desnudasse mais que aos 35 anos passar uma noite com uma mulher?! Gênero, objeto, - era-me de todo desconhecido: com os rapazes nunca assim: eram tanto de mim disponíveis em incertezas, vibração mesmo antes conhecê-los: (com ênfase )  biblicamente].

‘biblicamente!’’ (pensara alto)

[centro da sala, lendo Goethe ]

- ‘’Essa a desvantagem tragicômica dos heterossexuais tardios! Por quê não antes?

- Tanta convicção ideológica é peniana, toda certeza é peniana; - talvez explique

-  Arte, neurose e melancolia gays afogadas na paz exangue do fellatio.

-  O Pênis nas mãos inseguras arrefecem tantas dores gays e femininas...

- Devoção homoerótica ao pênis complexo: divas, pinceladas, cinzéis, tudo redourados

- no gosto mítico, totêmico. Como fiel devoto a um só santo, ator: dissolve tensão

- na poltrona reflexiva: dá relevo expressivo ao par de pernas, arfar, respiração

- despertar do cochilo, coçar do saco, balançar dos pés desjuntados da tela.

- Ator, - o teu gosto dissolve-se no palco, imaculadamente disfarçado de feliz!

- Radioso, revolve as sombras do Mundo, - pairando outro só no camarim ou quarto de hotel. Não saia para ser visto do teatro, te anules garbosamente sem mais governo ou transe no cigarro ou na carícia amante, se possível.

-  Uma praga não ter um amante se é criativo!’’

(à luz baixa, penumbra)

[toalha,- estendida, o hábito de limpar sem pó o quarto, desperto, - banho e varanda enxuta, - o Mar de trás dos prédios provisórios, - reflexos de temporada, - balneários.

Provisório: espelhos oceânicos, fico no gesto rápido dos que tornam viver rotina no continente, - rogo a solidão e um reencontro. Só um como devem se re-encontros. A adolescência deve voltar sem gêmeos, só uma vez na maturidade. Acordar era olhar a cama e ver onde nela ficou o sonho.]

(- o personagem ou sua imagem ainda pairava volatizado.)

[toda manhã com gosto de café requentado e pera-maçã.]

‘’Voltemos ao canto do diálogo: povoemos a trama de personagens desdobráveis.’’

‘’AS CLASSIFICAÇÕES DOS LIVROS DIDÁTICOS SÃO DE UMA SIMPLICIDADE CONFORTADORA. AQUI PROSA, LÁ POESIA. NO ENTANTO, É NOTADAMENTE PRONUNCIADA A DIFERENÇA ENTRE A PROSA DE UM POETA E A DE UM ESCRITOR DE PROSA, OU SEJA, ENTRE OS POEMAS DE UM ESCRITOR DE PROSA E OS DE UM POETA.’’

‘’ ... SALIÊNCIAS ESPLÊNDIDAS DAS MONTANHAS DA POESIA NA PROSA DA PLANÍCIE.’’

JAKOBSON.

DO ATOR-POETA: TEXTO LIDO NA BAÍA DE SANTOS OU NAS ANGRAS DO NORTE; A POESIA PREMIANDO O ESFORÇO DE TENÇÃO E CONTENÇÃO; DIÁLOGO TRADIÇÃO E COLOQUIALIDADE; ONDE TUDO SE DISPÕEM DE MODO JUSTO. COLOQUIALIDADE URBANA.

‘’prazer do passado no presente, como se revisse o carrasco do meu sonho,   Eichmann onírico. Enunciar como exprimir, expondo. Saído de um transe se achando uma bromélia,- olhar o pensamento pela natureza do sem pensamento. Inverno elíptico, sei! Preciso escrever para reconhecer o frio que dói ...tenho encontrado o caminho dos moinhos em Cervantes, na incompletude dos sonhos, anti-matéria. Os primeiros dez minutos de algo importante, o que marca um período, ciclo. Nota os primeiros dez minutos. São marcantes como o sempre das fábulas,- com todas ações ainda no infinitivo.

Na inflexão da curvatura em chamas, dobra dos desvios. Em dez minutos tens essa precisão desassistida. Modulação. Poesia semântica incontida. A porcelana azul de teus olhos merecia um poema solícito como beijo. Modulação no que dizes.’’

‘’o achado poético é próprio desse aprofundar legítimo do quadro situado, sutil observação ou inserção precisa. Do rumor à análise, do furor à técnica permanente. Quando se apropria em plenitude do afazer, tem-se o molde e as derivações infinitas, as modalidades difundidas.

Mais que o banco de praça, a parada de ônibus ou trem, em Pinter ou Beckett, nota a fluência contida do observador. Nota! Poesia enumerativa, cumulada: dizer muito ou tudo, antecipar ao vento. Lembra caravanas magrebinas: os bérberes, leste argelino, - caçoar de camelos, percebe como alguns dias no Cairo e tomaste ares imprecisos de morador vadio ou colono?

[frente fria em aproximação]

- Poesia metereológica.

- Se preciso remeto pedido da sinopse e dormes aqui, juntinho ao retrato da Velha senhora.

- Lembra de ler ‘’O Ateneu’’, - romance diminuído pela incúria, mas fantástico para que percebamos autenticidade do personagem.

Um tipo de romance preenche vazios do protagonista de dada peça ou encenação.

Arte com palavra é literatura sempre!’’


Publicado originalmente em
MEIO TOM - POESIA & PROSA
editado por Constancio Negaro.
http://www.meiotom.art.br


Poeta, contista e crítico literário,
Flávio Viegas Amoreira é das mais inventivas
vozes da Nova Literatura Brasileira
surgidas na virada do século: a ‘’Geração 00’’.
Utiliza forte experimentação formal
e inovação de conteúdos, alternando
gêneros diversos em sintaxe fragmentada.
Vem sendo estudado como uma das vozes
da pós-modernidade literária brasileira
em universidades americanas e européias.
Participante de movimentos culturais
e de fomento à leitura, é autor de livros como
Maralto (2002), A Biblioteca Submergida (2003),
Contogramas (2004) e Escorbuto, Cantos da Costa (2005).