TUBARÃO
Lá
no fundo do mar, enquanto dorme a gente
Um
triste penitente nada, olhos de vidro
Como
eu, na madrugada, escrevo, renitente
Meu
caro Tubarão, 'stamos mesmo fodidos.
Que
sina o Criador nos deu, peixe doente,
Escrevo
pra viver, coração comprimido
Escrevo
enquanto nadas, seguimos em frente
Sou
solidário à tua dor, monstro querido.
Tua
sede por sangue, a minha por libido
Não
nos deixam dormir, põem-nos em movimento
Levanto
pra fumar um cigarro sentido
Enquanto
segues cego pelo mar profundo.
Tens
que nadar pra sempre, quieto, triste, lento -
Eu,
se não escrever, também, meu peixe, afundo.
- Germano Quaresma, ou Manoel Herzog,nasceu em Santos, São Paulo, em 1964.Criado na cidade de Cubatão,trabalhou na indústria químicae formou-se em Direito.Estreou na literatura em 1987com os poemas de Brincadeira Surrealista.É autor dos romancesA Jaca do Cemitério É Mais Doce (2017),Dec(ad)ência (2016), O Evangelista (2015)e Companhia Brasileira de Alquimia (2013),além dos livros de poemas6 Sonetos D’amor em Branco e Preto (2016)e A Comédia de Alissia Bloom (2014).Este é seu mais recente trabalho publicado:
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