Numa parada da Enterprise para reabastecimento na Base Estelar Yorktown, o Capitão Kirk (Chris Pine) aceita a missão de ajudar uma alienígena a resgatar sua tripulação, cuja nave sofrera avarias numa região longínqua, na fronteira da nebulosa. Toda a equipe da Enterprise parte então, apenas para perceber, ao chegar ao local, que tudo não passava de uma emboscada de um novo inimigo, Krall (Idris Elba), que parece ter um plano de vingança contra toda a Federação.
Em mais uma aventura, situada mais ou menos no meio da missão de cinco anos da Enterprise, a tripulação, comandada por Kirk, acaba sendo abandonada num planeta inóspito, sem possibilidade de chamar por resgate, e sendo perseguida por um predador irredutível. Neste terceiro filme do reboot promovido por J.J. Abrams na franquia Star Trek, todo o elenco principal retorna, desta vez sob o comando do diretor Justin Lin (“Velozes & Furiosos 6”, 2013), com produção de Abrams. E é a última vez que este elenco todo está reunido, por alguns motivos: primeiro, porque os contratos do elenco principal acabam neste capítulo, o que não quer dizer que não possam ser renegociados; segundo – e mais triste -, em função da trágica morte de Anton Yelchin, que fazia Chekov, ainda figura muito atuante neste último capítulo.
Provavelmente, em função desta perda, além da de Leonard Nimoy – o Sr. Spock original, figura recorrente nesta franquia – em fevereiro de 2015, este seja o capítulo mais emotivo de todos os três filmes. Não que isso se sobreponha ao quesito “ação”, marca registrada tanto do produtor quanto do diretor – recorrente na direção de filmes da série “Velozes & Furiosos”. O filme tem, inclusive, muita afinidade “visual” com muitos episódios da série clássica, cujas cenas de ação sempre se passavam no solo de algum planeta desconhecido, como é o caso aqui.
Outro grande achado de “Star Trek - Sem Fronteiras” é a inclusão da personagem “Jaylah”, vivida com energia por Sofia Boutella (“Kingsman: Serviço Secreto”, 2014), e que, segundo os próprios roteiristas – Simon Pegg (o Sr. Scott do filme) e Doug Jung – foi inspirada em Jennifer Lawrence em “Inverno da Alma” (2010), dai o nome Jaylah (J. Law). Suas habilidades em lutas e manuseios de armas vêm muito a calhar nas situações que se apresentam no filme, fora o fato de que a personagem é carismática e divertida, até.
Repleto de referências e homenagens que farão a alegria dos fãs mais radicais, o filme também é um bom programa para aqueles nem tão conhecedores da franquia assim. A ação é balanceada por um bom e divertido texto, assim como a emoção toma conta da cena em inúmeros momentos, desde a rápida apresentação da família do Sr. Sulu (John Cho) – uma ode à diversidade que a série tanto defende desde seu princípio, na década de 1960, na TV -, até as homenagens a Yelchin e Nimoy. Repare no arrepiante momento em que o jovem Sr. Spock (Zachary Quinto) revê a memorabília do seu “eu” futuro. E o texto final: “Espaço. A fronteira final...”, que não é dito apenas pelo capitão (conforme a tradição), mas por todos os tripulantes principais. Emocionante.
A lamentar apenas o pequeno espaço que o talentoso Idris Elba tem para mostrar-se na realidade, sem a pesada maquiagem de seu personagem. Mas é apenas um pequeno detalhe num delicioso filme. Não perca! E torça pela continuação.
STAR TREK - SEM FRONTEIRAS
(Star Trek Beyond, 2016, 120 minutos)
Direção
Justin Lin
Roteiro
Simon Pegg
DougJung
Produção
J J Abrams
Elenco
Chris Pine
Zachary Quinto
Karl Urban
Zoe Saldana
Simon Pegg
John Cho
Anton Yelchin
Idris Elba
Sofia Boutella
Carlos Cirne é crítico de Cinema
e há 12 anos produz diariamente
com o crítico teatral Marcelo Pestana
a newsletter COLUNAS E NOTAS,
de onde o texto acima foi colhido.
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