Nos idos de 1989 -- como esquecer? -- eu já estava com 43 anos e me preparava para votar -- imaginem! -- para presidente da República pela primeira vez. Quatro anos antes, em 1985, já vibrara com a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, eleito com 480 votos derrotando o representante da Redentora, Paulo Maluf (de triste memória...), esse mesmo que está em prisão domiciliar, depois de anos e anos de tramóias. Eram os ventos democráticos que me entusiasmavam. O cheiro e a sensação de poder tocar a Liberdade, aquela mesma que me haviam arrancado desde os 18 anos e que agora, já pai de filhos, voltava para meu aconchego.
Surpreendentemente, entre os 22 candidatos (todos queriam ser presidente!!!), apresentava-se apenas uma novidade, Fernando Collor de Mello (outro de triste memória), o famoso caçador de marajás que conseguiu apenas caçar a poupança da população e acabou escorraçado do Palácio do Planalto pela mais fantástica
De
lá para cá a história vem se repetindo. Tem-se a impressão de que nós
brasileiros temos uma enorme dificuldade de escolher nossos candidatos a
presidente, deputado, governador ou sejá lá qual for o cargo. Vejam a nossa
situação para domingo agora. Ficamos entre a cruz e a espada: nenhum dos
candidatos é de preferência nacional e o vencedor será única e exclusivamente a
vitória do menos ruim. Mesmo assim, dependendo da visão de cada facção
política.Será que o aperfeiçoamento democrático exige que se sofra tanto para
se construir um País, finalmente, justo, democrático e progressista?
Provavelmente
sim. Mas, apesar dessa tormenta mental que se transformou esse voto
domingueiro, ficam algumas lições que, esperamos, sejam aplicadas em novas
eleições. Parece mentira, mas descobriu-se que sem grandes fortunas pode-se
fazer uma campanha política. E nesse quesito, acredito que o Partido Novo foi o
que se saiu melhor. Sem se utilizar do jogo sujo, conseguiu emplacar 8
deputados federais, quatro estaduais e um quase governador em Minas Gerais,
onde seu candidato dá uma verdadeira surra no PSDB: mais de 30 pontos na
frente!
Importante
mesmo é que com a decisão do STF (à vezes eles acertam...), proibindo a doação
de grandes verbas empresariais, os políticos foram obrigados a se repaginar.
Sem empresas, portas foram fechadas para a corrupção. Assim, mais da metade dos
candidatos não recebeu recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas
(exatos 4.817 deles), um alívio para os
cofres públicos. Outro detalhe, este bastante interessante: o eleitor
brasileiro não se deixa mais enganar pelos belos olhos e a grana dos candidatos
apontados como vencedores. Tanto que Dilma Rousseff-PT investiu R$ 4,5 milhões
na sua candidatura para senador e quebrou a cara. O mesmo aconteceu com Lúcia
Vânia, PSB, que torrou a bagatela de RS$ 3,5 milhões e sifu! Tem mais: Danielle
Cunha, filhota do indefectível presidiário, Eduardo Cunha, gastou R$ 2 milhões
e não se elegeu deputada.Cristiane Brasil, cria do inimaginável ex-presidiário,
Roberto Jefferson, tascou R$ 1,8 milhão na campanha. E também ficou de
fora!!!! Aleluia!!!!
Fica,
portanto, em aberto o final definitivo do tal financiamento de campanhas
políticas, um desses absurdos que a gente não consegue entender. Partidos
políticos são entidades particulares, com CNPJ e tudo e devem viver da
contribuição de seus associados. Como o que acontece com os sindicatos, que são
mantidos –em parte- pela contribuição de seus associados. Chegou o momento de o
País acreditar mais em sua população, fechar asas, permitir que seus cidadãos
sejam realmente livres e possam se organizar sem influências externas. Muitos
ainda defendem a atuação do estado, um direito democrático, mas gostaria que
matutassem um pouco sobre o assunto com mais seriedade e sem raízes
paternalistas. Acredito que muitos mudariam de opinião...
Assim,
depois de tantas ofensas, agressões verbais, um atentado, dedo no olho,
cusparada, pontapé no saco, xingar a mãe e tudo mais, chegamos ao que mais
importa que é o voto. Tiramos boas lições dessa campanha suja e dura que
enfrentamos ao longo desses últimos meses e nunca, pelo menos que me lembra,
conhecemos tão bem a hipocrisia e a moral dos candidatos. Infelizmente não primamos
pela escolha no primeiro turno, mas isso é democracia. Quem vencer no domingo
vai tomar posse e terá a obrigação de governar corretamente. As redes sociais
estarão á nossa disposição. E, caso necessário, derrubamos mais um. Nisso, pelo
menos, estamos ficando muito bons...
PS- Você
que brigou com seu irmão, com seu pai, com a família, com o vizinho, com o amigo,
a amante, a esposa e até com o vendedor de ovos, por favor, faça as pazes.
Nenhum político e nenhuma ideologia merece que você alimente essas coisas
negativas. Como dizia Eça de Queiroz, “as fraldas, como os políticos, devem ser
trocadas regularmente. E sempre pelo mesmo motivo...”Adios.
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