Em 2009 publiquei em parceria com a Edusp o livro VIVER SUA MÚSICA, escrito pelo maestro Gilberto Mendes, figura mítica da música erudita de vanguarda, falecido na última sexta, 2 de Janeiro de 2016.
Este termo – vanguarda – está um pouco gasto, por vezes conecta um mundo de tipos esquisitões, mas sempre interessantes.
O maestro foi convidado por um grupo de dança para lançar a obra com uma palestra, acompanhada de uma apresentação deste grupo.
Foi uma experiência e tanto.
O evento se desenrolou no Edifício Itália, que tem na sua cobertura o terraço Itália, mas ficamos no subsolo mesmo.
Este termo – vanguarda – está um pouco gasto, por vezes conecta um mundo de tipos esquisitões, mas sempre interessantes.
O maestro foi convidado por um grupo de dança para lançar a obra com uma palestra, acompanhada de uma apresentação deste grupo.
Foi uma experiência e tanto.
O evento se desenrolou no Edifício Itália, que tem na sua cobertura o terraço Itália, mas ficamos no subsolo mesmo.
Na chegada me deparei com uma turma mista, mulheres e homens com semblantes serenos, corpos esguios, posturas seguras. Achei engraçado, enquanto se falavam ficavam sentados no chão, mesmo tendo cadeiras à disposição.
Montei a minha bancada de livros e me instalei numa poltrona para aproveitar a jornada. A orientadora do pessoal abriu a noite explicando os conceitos e a dinâmica do que veríamos. Em resumo: eram dançarinos discípulos de Klaus Viana, que usam do total improviso nas coreografias, iluminação e trilha musical. A apresentação seria o desfecho da noite, que começaria com a fala do Gilberto.
O ex-bancário da CEF, que compunha de dentro do cofre, nas costas de impressos do banco, que se tornou um dos grandes compositores do século XX, tem uma fala simples e elegante, e ao final de uma hora e meia de histórias de influências e criações os aplausos encerravam a sua contribuição nesta noitada cultural.
A minha curiosidade era grande, ficava imaginando como organizar dança, luz e música com total improviso. Fiquei até apreensivo, como quando lemos um livro no qual o autor se enrola na trama, a ponto de aparentar não saber finalizar o texto, no nosso caso, cadê a trama?
Foi bem interessante, os dançarinos se esforçaram, a criação se dava ali, na nossa frente. Percebíamos quem tinha mais repertório e alongamento do que o outro. O maestro seguia tudo com um olhar de garoto.
Num momento da dança um casal de dançarinos chega na beira do palco, se vira costas e começa a se contorcer, empinando os derriéres para a platéia, enrolando as partes de baixo, como se fossem aqueles biquínis asa-delta dos anos 80. O rapaz era mais agressivo do que a moça na apresentação. O maestro, que estava ao meu lado, comentou. Desnecessária esta passagem, não? Demos boas risadas, respeitosas, claro.
José Luiz Tahan, 41, é livreiro e editor.
Dono da Realejo Livros e Edições em Santos, SP,
gosta de ser chamado de "livreiro",
pois acha mais específico do que
"empresário" ou "comerciante",
ainda mais porque gosta de pensar o livro
ao mesmo tempo como obra de arte e produto.
Nas horas vagas, transforma-se
no blues-shouter Big Joe Tahan.
No comments:
Post a Comment