"(...) Isso explica porque
acho que os pós-modernistas também estão errados. Eles dizem algo como:
"Há um número infinito de interpretações do mundo". Isso realmente é
verdade. Mas, aí, eles cometem um erro ao afirmar: "Nenhuma interpretação
tem privilégio sobre qualquer outra interpretação". ERRADO! ERRADO! É aí
que as coisas começam a desencarrilhar. (...) Há um número infinito de
interpretações, mas há um número finito de soluções. As soluções são
restringidas pelo mundo, e pelo nosso sofrimento no mundo, e também
restringidas pelo fato de que uma pessoa restringe a outra. É por esse motivo que
eu acho que eles estão terrivelmente enganados. (...) Nunca vi, durante todos
esses anos de trabalho como psicólogo clínico - e isso é algo que me aterroriza
de verdade - nunca vi alguém sair ileso de qualquer coisa nem mesmo uma única
vez! (...) Talvez vocês não concordem, talvez vocês acreditem que pessoas podem
sair ilesas o tempo todo. Eu digo: nunca vi isso. O que eu vejo mesmo é: algo
acontece. E alguém vem e retorce a trama da realidade. Há certo
"sucesso" no início porque essa pessoa não abre a mão que mantém esse
retorcimento, mas, dois anos depois, algo sai do controle. Essa pessoa sai de
si e diz: "Isso é tão injusto!". Então, rastreamos sua origem:
"O que aconteceu?". "Isto". "E antes?".
"Isto". "E antes?". "Isto". "E antes?".
"Oh...! Olha! Isso! Isso é o que deu errado!". Sim, porque você pode
retorcer a trama da realidade sem abrir sua mão para que ela volte ao normal.
Não funciona desse jeito! E por que funcionaria?! O que você vai fazer?!
Retorcer a trama da realidade?! Acho que não! (...) Caminhamos num limite muito
fino e estreito, e temos sorte quando as coisas degeneram em direção ao caos e
rapidamente nos movemos em direção à ordem. E não é uma coisa simples se manter
nessa linha. Você pode dizer que está na linha porque as coisas carregam um
significado profundo quando você se esforça em se manter nessa linha. Mas se
você não está existencialmente aterrorizado quanto às consequências de se
desviar do caminho, você realmente não está em si. E é isso que eu vejo quando
olho para essa imagem: "Cuidado! Porque há regras! E se você violá-las,
... que Deus te ajude! (...)"
[PETERSON, Jordan B.
“Série Bíblica III:
Deus e a Hierarquia da Autoridade”. YouTube, publicado em 06 de junho de 2017,
disponível a partir do minuto 88’ em www.youtube.com/watch?v=R_GPAl_q2QQ]
Querido freguês, querida
freguesa, lutadora Mercearia ainda de portas abertas para melhor atender
nossos(as) clientes.
Apensar dos pesares, ...
O mundo é bonito, mas pródigo
em sepultar, nem que seja dentro do oco sob os estrados de uma cama,
qualidades, sonhos, histórias, percursos, itinerários, mais um monte de coisas.
Resiliência, insistência ou
teimosia?! Sabe-se lá...!
Muito esse cansado merceeiro já
proseou sobre a interferência, e o quanto não deveríamos confiar tanto nas
coisas e pessoas. Entregar ‘validação’ nas mãos dos outros pode ser uma merda
brutal.
Sim! Somos nós mesmos que
confeccionamos tal sepulcro. Um pouco na conta dos outros, é certo, mas um
pouquinho, sim, na nossa própria conta.
Se tem um sujeito que chega às
raias do brilhantismo é esse Jordan Peterson. Mestre! Tido como conservador,
anti-“politicamente correto” (o que, ultimamente, anda um saco, apesar de
entender perfeitamente a pertinência do requerimento), machista, raivoso, entre
tantos adjetivos completamente incabíveis, o psicólogo clínico e professor da
Universidade de Toronto é um dos pouco ao redor do planeta, hoje, que fala
‘coisa-com-coisa’ e, portanto, recebendo predicados totalmente fora-de-questão
justamente por falar sobre ‘as coisas como elas realmente são’.
Se tem alguém nesse ‘mundão’
que paga caro por falar a verdade, esse cara é o Jordan Peterson.
A abertura da coluna de hoje é
um pequeno pedaço de duas horas e meia de palestra-aula: a famosa Série
Bíblica, onde Peterson dá um show de intertexto, infelizmente, não mais
encontrado nos melhores cursos de Letras país afora.
Como somos pródigos em
avacalhar as coisas! Ainda bem que se ergue, vez e outra, alguém como Jordan
Peterson.
Principalmente porque ele é um
daqueles sujeitos que não se cansam em ‘malhar a ferro frio’: é capaz de virar
a própria vida do avesso em nome de não mais se cair em ‘ciladazinhas’ que, em
geral, enlouquecem gente, a mesma gente que vai parar com os costados na
clínica dele.
Aí está a força dele: ele fala
a partir da experiência de psicólogo clínico. Ele não fala “de orelhada”! Sabe
do que está falando porque tem o assunto a partir de uma vivência profissional:
o negócio não é somente estudado, mas igualmente visto, vivido.
Aí, fodeu! Quando ele abre a
boca para sentar o relho, é, foi ou será! Até o Olavo de Carvalho já se
pronunciou a respeito dele: “Ele não erra uma!”.
O difícil na tarefa de
derrubá-lo é que ele parte da Ciência, humana ou biológica. Aí, fodeu (parte
II, “A Missão”)! O combate dele contra a porra da hipocrisia que assola o mundo
(e parte do querido Canadá, em especial, a “Terra do Politicamente Correto”)
possui um alicerce em que qualquer confronto contra ele exige da outra parte
muito fôlego dissertativo (como dizia o saudoso Prof. Itagiba).
O pior (ou melhor!): ele é
traquejado no debate. Sabe aquele debate “da barra pesada”?! Ele detona em
todos! Seria até curioso vê-lo diante da ‘intelligentsia nacional’: os(as) queridos(as)
fofuchos(as) compatriotas, repletos de Hannah Arendt (mas que adoram foder a
vida do próximo, diga-se de passagem, no pior show de hipocrisia quase
ombro-a-ombro com os canadenses), sendo devidamente jantados(as) ao longo de
180 a 300 segundos.
Nesse trecho de abertura da
coluna de hoje, ele analisa uma imagem de Moisés descendo do monte com as
tábuas da lei, passagem que, inclusive, está no prefácio escrito pelo também
brilhante Norman Doidge do best-seller mundial de Peterson “12 Regras para a Vida
– Um antídoto para o Caos” através de uma anedota judaica:
“(...) Eles haviam sido
escravos do Faraó e submetidos às suas regras tirânicas por 400 anos e, após
isso, Moisés os sujeitou ao deserto inclemente por outros 40 anos para purificá-los
de sua servidão. Agora, finalmente libertos, estão desenfreados e perderam o
controle dançando loucamente em frente a um ídolo, um bezerro de ouro, exibindo
todas as formas de corrupção corpórea.
— Tenho boas... e más notícias, —brada o legislador para eles. — Quais vocês
querem primeiro?
— As boas notícias! —responderam os
hedonistas.
— Consegui convencê-Lo a reduzir de 15 para 10
mandamentos!
— Aleluia! — exclama a multidão desenfreada.
—E as más?
— Adultério ainda está na lista. (...)”
Uma de nossas
responsabilidades, e que bem explica a coisa ter chegado na merda que chegou, é
nossa vã tentativa de “... pegar a realidade e retorcê-la em nosso favor”.
Sabe o ‘forçar a barra’?!
O que Peterson explica é que
isso tem um sucesso inicial até bom. O problema é que, com o passar do tempo, o
troço fica “relativo”.
É aí que começa a bosta!
Vejamos o caso da famigerada
‘esquerda’ nacional: nada pode melhor exemplificar o trambolho do que ‘a
canhota’ verde-e-amarela. Não faz o ‘mea culpa’ nem fodendo! Põe a mão na
realidade, vão retorcendo, retorcendo, retorcendo, só que, no dia em que a
soltam (por ‘n’ motivos & circunstâncias), percebem que a realidade em
questão é uma que só existe na cabeça dela, e não “a de fato”.
O mesmo vale para seus/suas
componentes: jogam a cortina-de-fumaça (“... foi golpe...”, “... ninguém larga
a mão de ninguém...”, “Lula livre!”) e se descolam da realidade com uma
potência muito, mas muito maior do que qualquer portador(a) de psicose.
A coisa sai de um simples
‘embate político polarizado’ e parte para um seríssimo problema de saúde mental
que produz o seu oposto: a mesma coisa, só que com a ‘chave invertida’, que
responde pelo nome de direita e que produz as mesmas sandices de outrora.
Porra! Aí é de foder!
Seus componentes (da direita é
até compreensível, mas, dos oriundos da esquerda, é do cu cair da bunda!)
partem para “O Show da Locupletação”: falam muito em “lugar de fala”, mas não
hesitam nem um pouquinho em ‘se meter na área dos outros’. É de foder! Promovem
um discurso e fazem o contrário, um ‘sambarilóvi’ doentio, autorizam-se com o
tal “lugar de fala” para desautorizar todos os demais autorizados em participar
do debate.
Isso até funcionou durante bom
tempo com esse abatido merceeiro. Certamente, não funciona nem um pouquinho com
Jordan Peterson.
Simples: porque Peterson sabe o
resultado da merda. Essas divisões inteiras, numerosas, de gente perdendo a
saúde mental porque ‘retorceu a realidade’ para conseguir alguma vantagem
instantânea. Em certa hora, a ‘conta não fecha’. Quando isso ocorre, dana-se a
correr para os braços do psicólogo clínico.
Jordan Peterson é bem enfático:
“Não inventa!”, só para parecer ‘bunitinho’ na foto ou ser lembrado(a)
pelos(as) amiguxos(as) quando algum “eventinho” estiver por perto. “Isso não é
vida”, diria Peterson. “Isso é RP!”. Nem sempre as relações guardam glórias e
saber lidar com as dores delas oriundas é que ajuda a manter a saúde mental.
Até mesmo porque isso o(a)
ajuda em situações-chave: quem fabrica carros costuma ser péssimo(a) merceeiro(a)
(e vice-versa). Meter-se na seara dos outros?! Que feio! Essa quebra de
fronteiras também é a quebra da decência mínima necessária até mesmo para
manter relacionamentos e amizades duradouras.
Cabe, aqui, um pequeno “senão”:
quase sempre os relacionamentos não são feitos para ‘realmente se conhecer a
outra pessoa, o outro lado’. Ultimamente, pessoas se relacionam apenas com “uma
ideia” do que seja o outro, e não com o outro como realmente é.
Esse negócio de lidar “com uma
ideia do outro” é que anda botando tudo a perder.
Por sorte, de vez em quando,
surgem pessoas e profissionais como Jordan Peterson.
Para a nossa sorte... ou para a
nossa alegra!
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 47 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É autor de Areias Lunares
(à venda na Disqueria,
Av. Conselheiro Nébias
quase esquina com o Oceano Atlântico)
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO
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