por Fábio Campos
Assisti "À Beira Mar" pensando que esse deve ser o mais americano dos filmes franceses, ou o mais francês dos filmes americanos. Um filme com o casal mais poderoso de Hollywood, com, pelo menos, 50% dos diálogos em francês, que se passa na França e que tem a intenção de homenagear os filmes franceses dos anos 70 não poderia ter sido mais bem-sucedido, apesar do fracasso comercial.
Desde o logotipo da Universal, usado nos anos 70, até a narrativa, sem pressa, que nos faz embarcar devagar nas angústias, frustrações e inseguranças dos personagens. Tudo remete aos filmes franceses da época que o cinema era feito pra adultos. Como eu era uma criança nessa época, só tenho uma lembrança longínqua desse tipo de filme. Tentei assistir alguns, mas era muito jovem, não tinha experiência, intensidade, nem fracassos suficientes pra compreendê-los.
Desde que assisti ao filme não paro de pensar no casal. Reféns um do outro. Um esperando que o outro lhe traga a redenção. Um acreditando que basta insistir, mostrar que está lá, abdicar da vida pra que o outro perceba a sua própria importância. E o outro, frustrado, porque a insistência, a presença e o cuidado não lhe bastam. Agem como prisioneiros da belíssima paisagem, o que só lhes causa maior frustração.
Só quando um outro casal mais novo entra na estória é que as perspectivas mudam. Enxergar nos outros, nem que seja por uma fresta, a felicidade, ingenuidade, o vigor, que um dia foi deles, tira os dois do marasmo. Por razões diferentes, cada um encontra uma nova motivação.
De repente os dois estão olhando na mesma direção, passam a ter um objetivo em comum. Mesmo que as intenções sejam totalmente divergentes. Daí nasce a redenção, de uma forma abrupta, até violenta, mas que acaba fazendo com que o casal volte a existir.
Brad e Angelina estão ótimos. Como já os vimos mais jovens, da pra senti-los assombrados pelo auge. O outro casal, mais jovem, também muito bom, esbanja vigor e sensualidade (que pernas tem aquela moça…) em contraposição.
Uma pena que um projeto tão legal tenha sido um fracasso de bilheteria.
Definitivamente os adultos não vão mais ao cinema.
Não é um filme fácil, mas vale a pena ser visto.
Quem sabe ainda da pra pegar uma sessão esquecida por aí ou assisti-lo em casa quando passar no cabo.
Não gosto de assistir esse tipo de filme em casa, nunca consigo me concentrar como quando estou no cinema.
À BEIRA MAR
(By The Sea, 2015, 132 minutos)
Direção e Roteiro
Angelina Jolie Pitt
Elenco
Angelina Jolie Pitt
Brad Pitt
Melanie Laurent
Melville Poupaud
Niels Arestrup
Richard Bohringer
em cartaz na Rede Cinemark
(By The Sea, 2015, 132 minutos)
Direção e Roteiro
Angelina Jolie Pitt
Elenco
Angelina Jolie Pitt
Brad Pitt
Melanie Laurent
Melville Poupaud
Niels Arestrup
Richard Bohringer
em cartaz na Rede Cinemark
Fábio Campos assiste filmes
desde que nasceu, 49 anos atrás,
e não há nenhum exagero nessa afirmação.
Seus textos são muito gabaritados
e passam ao largo do vício da objetividade
que norteia a imensa maioria
das resenhas de cinema.
É um colaborador contumaz
de LEVA UM CASAQUINHO.
e passam ao largo do vício da objetividade
que norteia a imensa maioria
das resenhas de cinema.
É um colaborador contumaz
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