Jordan Bernt
Peterson. O nome da “fera”. Cultivado em bonitos ternos e natural elegância,
quase um ‘lorde’ britânico, esse canadense de 56 anos é um dos primeiros no
século XXI a por o ‘pé-na-porta’ (ou “... –cara”, como queiram) sem se importar
com essa indústria de ‘rótulos’ que boa parte das pessoas tentam impingir (o
famoso “enquadramento”).
Não “de
orelhada”: Jordan Peterson fala ‘por experiência’ profissional! Psicólogo
clínico e professor da Universidade de Toronto, Peterson põe abaixo todas “as
modinhas” acéfalas que assolam nosso turbulento dia-a-dia. Um remédio exato
para separar ‘o joio do trigo’.
A atuação como
psicólogo clínico é o que confere ‘autoridade’ nas constatações de Jordan: ele
vê diariamente, tanto na clínica quanto na Universidade de Toronto, a realidade
de um ser humano que já não usa toda sua potencialidade afetiva. O pior: entra
‘carne adentro’ dos seus dias “os discursinhos” falidos que, ao invés de
ajudar, só atrapalham.
A experiência da
profissão de Jordan Peterson permite o que, há pouco, chamei de ‘autorização’.
Não há, necessariamente, ataque contra os discursos ‘de gênero’, opção sexual,
feminista, ordem política e financeira: o psicanalista canadense somente aponta
(e, de alguma forma, combate) o fracasso desses movimentos e seus respectivos
discursos.
Sim, porque
achar que o feminismo, o capitalismo (e seus oponentes), políticas de minorias,
gênero, novas arregimentações políticas e formas sociais não falharam em algum
ponto é, no mínimo, ser ingênuo(a).
Um nome que
cresceu “marginalmente”: fruto das ‘smart TVs’ com o assombro do Você Tubo,
Jordan Peterson é um desses fenômenos que ‘corre por fora’. Diferente de
todos(as) os(as) demais, fez a crítica com desenvolta qualidade: destrói, mesmo
com sua elegância costumeira, a insistência dos discursos sempre em torno do
famigerado “patriarcado”. Para ele, nem tudo é “patriarcado”, nem todos os
homens são ‘patriarcais’ (o que é um fato!) e a repetição dessa linha de
pensamento nada mais mostra do que a completa falta de critério na hora de se aplicar
um pensamento com a realidade que a vida impõe.
O amargo
resultado: essa aplicação de um ‘discurso pronto’, sem ser repensado, sem ser
realmente visto dentro da mecânica real das situações da vida, é um poço
interminável de desordens psiquiátricas que inundam sua clínica todo santo dia.
O papel da
grande mídia (conhecida como “igreja azul”, “blue church” em alguns países do
mundo) contra a “religião vermelha” (“red religion”) também é um dos pontos por
ele observado no que tange esse aumento dos quadros maníaco-depressivos
apresentados por mentes que já não aguentam mais sequer ‘um gato pelo rabo’.
Jordan Peterson
é sistêmico: ele não ataca somente ‘em uma frente’, mas todos os elementos do
conjunto. Ele não analisa somente a mente, mas tudo aquilo que a leva a uma
enfermidade tremendamente evitável se as pessoas não enquadrassem tanto, se
tudo não fosse um rótulo único, exclusivo.
Improvável:
pessoas tentam enquadrá-lo como ‘conservador’ até ele mandar o conservadorismo
“às favas”. Ele não é de direita, de esquerda, machista ou feminista. Ele não é
capitalista, mas não titubeia em criticar as mazelas produzidas por sistemas,
então, chamados de ‘comunistas’ ou socialistas. Ataca a violência doméstica
& machista, mas aponta, com absurda qualidade, as inúmeras falhas do
feminismo.
Um homem do
século XXI difícil de enquadrar, rotular, limitar. Tanto que é o querido da BBC
nos programas de painel de debates, aqueles onde o auditório é autorizado a se
manifestar em favor ou contra ao que é dito durante as argumentações.
Um nome ainda
desconhecido em nosso país? Sim. Creio mais por conta da barreira da língua
(talvez a tal ‘educação bilingüe’ resolva essa questão num futuro próximo) que
impede a apreciação de suas constatações em território nacional. Contudo, sua
obra mais importante até o momento, “12 Regras para a Vida: um Antídoto para o
Caos”, já se encontra em língua portuguesa do Brasil, graças a Alfa Books.
Todas as
polêmicas em torno de Jordan Bernt Peterson escondem “o coração” da principal
crítica feita por ele (e que dá base a todos os comentários por ele feitos): a
do “... direito sem responsabilidade”. Essa montoeira de coisas que “... até
possuem certo início, mas simplesmente cessam...”, ficam sem um final. Não há
conclusão de ciclo.
Para ele, boa
parte dos distúrbios e desordens psiquiátricas (algumas que compõem seu
dia-a-dia na clínica) advém daquilo que Lacan denominou “a assinatura própria
do inconsciente”: afetos sem quaisquer responsabilidades. Infelizmente, o
psicanalista canadense é atacado por falta de uma melhor auto-crítica de cada
um de nós. O que ele diz pode até soar ofensivo num primeiro momento, mas real,
verdadeiro e útil num último.
O afeto sem
qualquer responsabilidade: fulcro da crítica de Peterson. Só ‘direitos’ sem
nenhuma ‘responsabilidade’ só nos leva ao divã do psicanalista canadense.
Pensemos nisso!
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 47 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É autor de Areias Lunares
(à venda na Disqueria,
Av. Conselheiro Nébias
quase esquina com o Oceano Atlântico)
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO
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