Thursday, May 17, 2018

CAMPEONATO MUNDIAL DE TERRA-DE-CEGO (por Marcelo Rayel Correggiari)



Meu povo e minha pova...
... abrem-se as cortinas de mais um espetáculo!
‘El pueblo’ já foi mais animado nesse sentido. Em tempos idos, vários lugares com bandeirinhas, bandeironas, pinturas semi-rupestres no chão e nos postes, o tal “clima de Copa”.
Para quem tem seu comércio, era um período de certo alento nas vendas. Mas com um país que, em termos sociais e políticos, só é de quinta (categoria) porque não tem sexta, haja tesão para tamanha animação.
Nesse sentido, o país ‘cresceu’: hoje já temos um time de rugby e já se é possível assistir, em plena terça-feira à tarde, a um Brasil X Alemanha no vôlei feminino por canal de TV aberto.
Temos futebol, mas não somente ele. Deixamos para trás um certo sentimento de “... a pátria de chuteiras...” que cegava o país toda vez que a principal competição internacional do famigerado esporte se avizinhava. Hoje, acompanhamos as partidas já certos de que certas falácias como “... redemocratização do país...”. “... país do futuro...”, “... Brasil-il-il...” jamais entrariam em campo pelo sentimento ufanista e porcamente patriótico que uma equipe nacional (mesmo de bocha!) pudesse despertar.
Mesmo porque não somos mais tomados pela confusão esporte-pátria que eventualmente suscetiria nossos 23 cones-de-trânsito (algo como “... nossos cones-de-trânsito são melhores do que os do primeiro mundo”). Depois de 7X1 na lata, é ‘rabitcho’ entre as pernas...
Há quase um mês da abertura da tal competição, essa Mercearia, porém, entra no clima e dá início aos trabalhos para mais um “campeonato mundial da ‘terra-de-cego’” FIFA 2018!
O(A) querido(a) freguês(a) há de perguntar: “... mas por que ‘terra-de-cego’”?! Inúmeras explicações. A começar que a entidade internacional para o famoso esporte bretão (não que o rugby não seja!) é famosa em “... jogar a jaca na parede...” no que tange a escândalos de corrupção. De longe, gosta mais de dinheiro do que a família Rothschild.
Empreiteiras embarcando no ‘yatch do amor’, sedes onde não se precisa, estádios que custam o resgate da alma no inferno: é um ‘samba-e-dança’ que lembra muito aviõezinhos de notas de R$ 50,00 atirados por Senor Abravanel em inesquecível programa televisivo dominical.
Olavo de Carvalho costuma dizer que a sociedade brasileira é dinheirísta. Até faria algum sentido se ele não errasse tão feio na questão de nacionalidades: o mundo ficou dinheirísta! Entidades internacionais e corporações não hesitam em chafurdar na lama do desaparecimento das identidades nacionais se ‘o trem’ garantir mais um milhãozinho na já rechonchuda conta bancária: atropelam-se tudo e todos para que a barca do inferno monetário e financeiro ganhe curso, e foda-se o que ali existiu por séculos e mais séculos.
Segundo, o famoso esporte consagrado já foi melhor jogado. Esse incauto merceeiro arrisca afirmar que a última copa em que o jogo foi devidamente praticado, em sua beleza e circunstância, nos remete à 1982. De lá para cá, é uma ‘ladeira abaixo’ de pôr medo no mais confiante otimista.
Esse ingênuo merceeiro, por exemplo, caiu na besteira de assistir, no domingo retrasado, a um Barcelona X Real Madri, pelo certame nacional espanhol. Um primor do que há de mais sofisticado em termos de esporte bem jogado. Um tesão! Só que...
... depois disso, assistir a um jogo do campeonato argentino, brasileiro e/ou italiano (é bom lembrar que a Itália, esse ano, não vai à fase final da Copa, essa, agora, em junho, na Rússia!) deve ser algo similar a ser sodomizado pelo “negão do whatsapp”.
Tentamos fazer ideia...
É um esporte que quanto melhor se tornaram os tipos e sistemas de treinamento, mais deu espaço a certa ‘jumência’ na sua prática quando o jogo não é treino. Um troço difícil de acompanhar com alguma “ereção do espírito” em vista: é cada vez mais raro a maldita da partida ser ‘bem jogada’.
Exceto num Real Madri X Barcelona, querido(a) freguês(a).
Mas, aí, não conta... o Barça traz da base (uma espécie de Santos FC do hemisfério norte) e o Madri ‘compra na farmácia’ (as benesses de se ter um mundo de dinheiro para aquisição de excelentes jogadores e pagamento de IPVA de um 4X4 da BMW que alcança a bagatela de R$ 370 mil em qualquer loja de carro com porta de esquina).
De qualquer maneira, está inaugurada a fase “campeonato mundial da ‘terra-de-cego’” dessa desenxergada Mercearia. Ao longo dos próximos 60 dias, alguma postagem, aqui e acolá, alusiva à grande efeméride futebolística desses maravilhosos cones-de-trânsito.
E que vença o melhor!

Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO



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