Ao pé da letra agora, em minha vida
há a morte e uma mulher... E a letra dela,
a primeira, me busca e me martela
ouvido adentro a mesma despedida
outra vez e outra vez, sempre espremida
entre as vogais do amor... Mas como vê-la
sem exumar uma vez mais a estrela
que há anos-luz se esbate sem saída,
sem prazo de morrer na luz que treme?!
O mostro que eu matei deixou-me a marca
suas pernas abertas ante a Parca
aparecem-me em tudo: é a letra M
a da Medusa que eu amei, a barca
sem amarras, sem remos e sem leme...
Bruno Tolentino nasceu no Rio de Janeiro
em 12 de Novembro de 1940.
Conviveu desde crianças com intelectuais
e escritores como Cecília Meirelles,
Carlos Drummond de Andrade,
Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto
Deixou o Brasil em 1964
para viver na Inglaterra por 30 anos
como professor em Oxford, Essex e Bristol.
"As Horas de Katarina", seu primeiro livro de poemas,
lhe rendeu o Prêmio Jabuti em 1994.
"O Mundo Como Ideia", seu segundo livro de poemas,
lhe rendeu outro Prêmio Jabuti em 2003.
Morreu de AIDS em 27 de Junho de 2007,
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