AS 10 MELHORES SÉRIES POLICIAIS DOS ANOS 60 E 70
por Chico Marques
A TV americana sempre teve uma postura um tanto quanto bipolar em rrlação a séries policiais.
Prova disso é que, no final dos Anos 50, séries dramáticas extremamente densas como Cidade Nua, inspirada no film noir clássico de Jules Dassin, rivalizavam com séries caretésimas e altamente duvidosas como Dragnet.
Com a chegada dos libertários Anos 60, os policiais dos seriados da TV perderam seu charme e começaram a ser substituídos pouco a pouco por detetives particulares e até mesmo por profissionais de outras áreas que eventualmente viravam investigadores, como o advogado Perry Mason, o jogador de poker Bat Masterson e os repórteres investigativos da série Os Audaciosos.
As séries policiais só voltaram à tela nos Anos 70, em séries dramáticas como Police Story ou através de figuras extravagantes e pitorescas como os tenentes Columbo e Kojak.
Desde então, elas renasceram em grande estilo na TV aberta num formato bem realista e dramático, em séries espetaculares como Hill Street Blues, NYPD Blue, Law & Order e Aquarius.
E se reinventam a toda hora em projetos nada formulaicas para canais por assinatura, como The Closer, The Following, Fargo, True Detective e Closercan Crime.
Escolhemos 10 séries clássicas sobre policiais que brilharam tanto na TV americana quanto na TV brasileira da segunda metade dos anos 60 até o final dos Anos 70.
Vamos a elas:
(Ironside NBC 1967-1975)
Criada por Collier Young, a série acompanha a vida de Robert T. Ironside (Raymond Burr), ex-chefe da polícia de São Francisco que se aposenta depois que uma bala disparada por um franco atirador o paraliza da cintura para baixo. Confinado a uma cadeira de rodas, ele passa a trabalhar como consultor da polícia. Ao contrário de muitas séries policiais da época, que se apoiavam nas cenas de ação, Têmpera de Aço dependia basicamente do raciocínio lógico (e sarcástico) de seu protagonista. No elenco: Don Galloway, Don Mitchell e Barbara Anderson (que na quarta temporada foi substituída por Elizabeth Baur), além de Gene Lyons, que fazia o Comissário de polícia Randall, amigo de Ironside. A série foi exibida no Brasil pela TV Record.
(The Mod Squad ABC 1968-1973)
Drama policial criado por Sammy Hess e Bud Ruskin, tendo como produtores executivos Aaron Spelling e Danny Thomas. Mod Squad era centrado num esquadrão policial formado por três jovens desobedientes civis que acabaram recrutados e treinados pelo Capitão Greer, da Polícia de Los Angeles, para atuar no combate ao tráfico de drogas. O jeitão hippie dos três os ajudava a circular entre os traficantes sem dar bandeira. Michael Cole interpretava Pete Cochran, Peggy Lipton fazia a encantadora Julie Barnes e Clarence Williams III era o durão Link Hayes. No Brasil, foi exibida pela TV Globo a partir de 1972, inaugurando as transmissões a cores na emissora juntamente com Persuaders, divertida e movimentada série da ITC inglesa com Roger Moore e Tony Curtis no elenco.
(The Streets of San Francisco ABC 1972-1977)
Foi por vários anos a principal produção da Quinn Martin Productions, que era a mais respeitada produtora de dramas policiais da história da TV, responsável por sucessos como O Fugitivo, Os Invasores, FBI e Cannon. Mostrava uma dupla de detetives do Departamento de Homicídios da SFPD: o veterano Tenente Mike Stone (Karl Malden) e o jovem Inspetor Steve Keller (Michael Douglas). Stone era o veterano com mais de 30 anos de experiência nas ruas. Já Keller representava uma nova geração de policiais novatos, com formação superior e com uma postura idealista ao extremo. A grande sacada da série era justamente contrapor o jeitão "old school" de Malden à postura impetuosa de Douglas. Foi exibida no Brasil pela TV Bandeirantes ao longo da década de 1970. Detalhe: Karl Malden e Kirk Douglas, pai de Michael, vieram embora da Rússia para os Estados Unidos no mesmo navio, e seguiram a mesma carreira.
(Police Story NBC 1973-1979)
Idealizado pelo escritor e ex-policial Joseph Wambaugh, foi descrito por The Complete Directory of Prime Time TV como "uma das séries policiais mais realistas já produzidas". Não possuía um elenco fixo, mas o personagem principal de cada episódio era sempre um policial e a cidade era sempre Los Angeles. Alguns personagens eram recorrentes, pois eventualmente circulavam pela mesma delegacia. Tony Lo Bianco, Vic Morrow, Don Meredith, Tony Calabrese, Bert Jameson, James Farentino e Chuck Connors também apareceram em vários episódios, às vezes como protagonistas, outras vezes como coadjuvantes. Serviu para lançar várias outras séries policiais da NBC, mas como era uma produção muito cara acabou cancelada depois de 7 temporadas, quando sua audiência começou a declinar. Teve algumas de suas temporadas exibidas no Brasil pela TV Record.
(Columbo NBC 1971-2003)
Ao contrário do que normalmente acontece em filmes policiais, cada episódio de Columbo sempre começa mostrando quem é o assassino e como o crime foi cometido, e todos os crimes têm um ponto em comum: o criminoso monta um álibi que parece perfeito. Mas então entra em cena Columbo, um tenente da Divisão de Homicídios da Polícia de Los Angeles, sempre vestindo um sobretudo de gabardine surrado, fumando um charuto barato e dirigindo um Peugeot completamente denotado do finalzinho dos Anos 1940. Embora Columbo fale o tempo todo de sua mulher, ela jamais apareceu nos episódios da série. Columbo é muito educado, posa de simplório e dispersivo e deixa que os suspeitos dos crimes o subestimem à vontade. Quando começam a ter certeza de que Columbo não tem a menor condição de resolver o crime, ele começa a juntar os pedaços do quebra-cabeça a partir dos mínimos detalhes, e então os álibis desmoronam e os criminosos caem na sua teia. Steven Spielberg e Joe Dante dirigiram alguns episódios da série, que contou com a participação de artistas famosos como Suzanne Pleshette, Ray Milland, Leslie Nielsen, Johnny Cash e Jack Cassidy, que renderam assassinos inesquecíveis nas muitas temporadas da série.
(McMillan & Wife NBC 1971-1977)
Inspirado no glamoroso casal Nick e Nora Charles, criados por Dashiel Hammett para o livro "The Thin Man", conta as aventuras de Stewart McMillan (Rock Hudson), a esposa Sally (Susan Saint James) e a sarcástica empregada Mildred (Nancy Walker). o Comissário McMillan, da polícia de San Francisco, vive envolvido em casos criminais, e conta sempre com a participação de sua jovem mulher para resolver os crimes. Apesar de ser um seriado policial, conta também com uma dose considerável de humor, romance e charme. Sally McMillan engravidou na quarta temporada da série, mas, estranhamente, no início da quinta temporada, ficamos sabendo que ela e a criança morreram em decorrência de complicações no parto. O motivo disso é que Susan Saint-James pediu alto demais para permanecer no elenco da série, e acabou descartada. Hudson virou um viúvo alegre por mais duas temporadas, até cancelarem a série. Foi exibida no Brasil pela TV Tupi.
(Serpico NBC 1976-1978)
Baseado no livro de Peter Haas e no filme de Sidney Lumet de 1973, com Al Pacino no papel principal. Na Nova York dos anos 70, Frank Serpico (David Byrney) é um policial jovem e idealista que, ao contrário de muitos de seus colegas, se nega a aceitar propina de criminosos locais. Com isso, passa a enfrentar a resistência de seus superiores em aceitar seus métodos pouco ortodoxos de combate ao crime, deixando muito clara a sua indignação diante da corrupção generalizada entre seus colegas da polícia. Foi exibido no Brasil pela TV Bandeirantes.
(Kojak CBS 1973-1978)
O detetive Theo Kojak (Telly Savalas) é um competente e folclórico tenente de polícia, que trabalha no 13º Distrito, em Manhattan South, no então degradado e barra pesada SoHo. Apesar de manter um ar conservador, Kojak muitas vezes usava de métodos streetwise, que deixavam seus superiores escandalizados e inconformados. Ele comandava uma equipe que incluía os detetives Stavros (George Savalas, irmão de Telly), Saperstein (Mark Russel) e Rizzo (Vince Conti). Faziam parte do elenco ainda o detetive-chefe Frank McNeil (Dan Frazer), e o tenente Bobby Crocker (Kevin Dobson). Sua careca lustrosa, os longos cigarros More que ele fumava e a mania de chupar pirulitos aumentaram ainda mais a simpatia do público pelo personagem. Por sua atuação como Kojak, Savalas recebeu um Emmy de melhor ator em série dramática, e o seriado ganhou o Golden Globe de melhor série dramática em 1975.
(McCloud NBC 1970-1977)
Inspirado no filme Meu Nome é Coogan (1968), de Don Siegel, com Clint Eastwood. Sam McCloud (Dennis Weaver) é um delegado de Taos, Novo México, que é mandado para a 27ª Delegacia em Manhattan, Nova York, para aprender as novas técnicas de investigação policial. Mas ele não se acerta direito com os costumes da cidade grande, e segue agindo como um cowboy do asfalto a maior parte do tempo, gerando situações às vezes absurdas e às vezes muito engraçadas, mas sempre eletrizantes. Era um dos seriados que se revezavam semanalmente no programa NBC Mistery Movie (exibido aqui no Brasil como Os Detetives) com Columbo e O Casal McMillan. Apesar da maior audiência ser tradicionalmente de Columbo, tanto O Casal McMillan quanto McCloud tinham muito boa aceitação do público. Foi exibido no Brasil pela TV Tupi.
(Police Woman CBS 1974-1978)
Um episódio da série Os Novos Centuriões, estrelado por Angie Dickinson, acabou servindo de piloto para Police Woman. Ela faz a gostosíssima policial Suzanne "Pepper" Anderson, da unidade criminal da LAPD. O Sergento William "Bill" Crowley (Earl Holliman) é o seu superior imediato e Pete Royster (Charles Dierkop) e Joe Styles (Ed Bernard) são membros da sua equipe, que investiga crimes de todos os tipos. Ao longo da série, Pepper vira constantemente boi de piranha para permitir que sua equipe pegue os criminosos, e disfarça-se de prostituta, de enfermeira, de professora e até de bailarina ao longo das várias temporadas da série. Angie Dickinson venceu o Globo de Ouro de melhor atriz em série dramática em 1974 e concorreu ao Emmy de Melhor Atriz numa série dramática por três anos consecutivos (1975-1977).
É UM BABY-BOOMER INCORRIGÍVEL
E PASSOU BOA PARTE DE SUA INFÂNCIA
E DE SUA ADOLESCÊNCIA
NOS ANOS 60 E 70 ASSISTINDO TV.
POR SORTE, NÃO ERA
ESSA TV HORRENDA QUE TEMOS HOJE
E ELE CONSEGUIU SE SALVAR.
UFA!
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