Friday, October 28, 2016

CAFÉ E BOM DIA #40 (por Carlos Eduardo Brizolinha)



Houve um momento que me senti Jorge Luis Borges pela simples razão de oferecer minha opinião pelo prêmio Nobel conferido ao Bob Dylan. Tomando como ponto de partida a literatura francesa que nasce com o " Juramento de Estrasburgo " e " Cantilena de Santa Eulália ", de certa forma não oferecem muito interesse literário, mas nos dois séculos subsequentes ( XI e XII ) com as canções de gesta, retrato da civilização feudal, sim. A literatura ganha com essa forma grandiosa, e Chanson de Roland é o marco zero. Foram trovadores de profissão, retocando tradições que transmitiam o sentimento em versos cantados. Chanson de Roland tem mais de 3000 versos que narram a morte de Olivier e Roland no vale de Roncesvales. Estaria eu negando toda epopeia romanesca do século XII. O que faria com o que é designada como literatura cortesã? Pois não me levaram a sério, ainda que não haja como negar que alguns poetas tem musicalidade e que as palavras são um código que designa imagens e o instrumento usado para transmitir sejam cordas vocais. Perdi por três a dois e paguei uma rodada de cerveja. Os ganhadores votaram por destaques da literatura que tenham qualidade para atravessar fronteiras ou mesmo os que atravessaram dentro de que concebemos como boa literatura nos tempos atuais. Vivos como é critério do prêmio. Conversando com o escritor Manoel Herzog/Germano Quaresma considerou ser saudável a polêmica, tanto quanto eu. Julinho Bittencourt gostou. Me surpreendeu Betty Rabinovich ter odiado e Lucy Scatamacchia que o premio não fará dele uma referência para a literatura. Salomon Rabinovich meu psicanalista favorito acha que o fator contributivo para a literatura faria justiça cultural dar o premio para o Roth, Philip. Não me ocorreu perguntar se havia ironia. Dos 113 premiados 44 nunca tive a oportunidade de ler e tampouco vi uma só edição. CAFÉ E BOM DIA.



Por ter pesquisado sobre alguns autores ganhadores do premio Nobel não pude deixar de me fixar nas poesias de René François Armand Prudhomme, escritor francês nascido em Paris, em março de 1839. Filho de um comerciante francês, não pode estudar engenharia por problemas de saúde e só completou sua educação num Instituto Politécnico. Após uma tentativa frustrada na indústria e um emprego como assistente de um escritório de advocacia, ingressou como membro da «conferência La Bruyère», associação literária, que o encorajou a publicar os primeiros poemas. Cabe lembrar que posteriormente estudou as ciências e direito na Universidade de Paris. A primeira coleção "Versos e poemas" , em 1865, caracterizada pela grande perfeição no formulário, o levou à fama. Sua coleção, Stances et poèmes (1865), lhe trouxe fama. Ele entrou no grupo de parnasianos pelo respeito adquirido com seu trabalho. Sully foi influenciado por Vigny e, em alguns aspectos, antecipou os simbolistas O resto da sua obra, escrita sob influência parnasiana, faz se merecer serem destacados os livros "Caderno italiano" 1866, "Solidões" 1869, "Destinos" 1872, "A rebelião das flores" 1872, "A ternura vaidosa" 1875 "justiça" de 1878 e 1888 "Felicidade" .Em 1881 foi eleito membro da Academia francesa e em 1900 foi agraciado com o primeiro do Prêmio Nobel. Deixou um legado que descreve o mundo interior do homem analisando experiências intimas, outro aspecto muito importante é ter refletido ideias morais, filosóficas e cientificas. Confesso que seus tratados dentro da linha filosófica do Positivismo não passei perto, mas em contrapartida a tradução de Lucrécio foi o primeiro caminho para a tradução em português, A verdadeira religião de Pascal e nas criticas de arte ( essas pela generosidade de Didier koch, além do filme de Yves Robert " Alexander Le bienheureux ". Muito produtivo. Ele morreu em 6 de setembro de 1907.



Nunca temos diante dos olhos o devir-puro, o puro caos da physis. Como disse Nietzsche: “Somos nós apenas que criamos as causas, a sucessão, a reciprocidade, a relatividade, a coação, o número, a lei, a liberdade, o motivo, a finalidade; e ao introduzir e entremesclar nas coisas esse mundo de signos, como algo em si, agimos como sempre fizemos, ou seja, mitologicamente. Qual o problema? É que junto a nossa propensão histórica para mentiras bem contadas, surgiu a estranha tendência de desfazê-las, de caminhar em direção a verdade que velamos, e precisamos velar, de nós mesmos. Cada passo nesta direção, porém, sempre nos parecerá um misto de revelação e de loucura. Ocorre que não sinto sabor nas imagens sonorizadas mascadas e cuspidas de informativos alucinógenos, não molho minha alma nas ondas do radio e não mais lavo minhas mãos para tirar a tinta negra da impressão do jornal. Minhas manhãs são de astronauta libertado segurando uma corda como Godot sem esperar o absurdo das revelações e disposto ao exercício da minha própria loucura, abro as páginas somente para artistas. Quando acordo para o dia olho para meus livros, musicas, filmes escolhidos por anos e anos. Reservei um canto para minha armadura de lutas, as inscrições dos meus ideais estão gravados tal como nos portais de Gaudy. Mantenho cada frase conservada e polida, pois não tenho mais o vigor de outrora. Minhas palavras de lutas repousam veladas pela sensibilidade dos ouvidos e do olhar para o sublimado e eterno amanhecer que se chama arte, repouso do guerreiro. Ouço a voz de querida amiga confidenciando a mesma decisão.

BOM DIA E CAFÉ.

Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada na Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.

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