Sexta passada, resolvi tomar uma cerveja no happy hour de um desses barzinhos metidos a besta do Gonzaga (na hora que veio a conta, percebi que o metido a besta na verdade era eu).
O garçom, supereducado, me indicou uma mesa de canto. Pedi uma Original e uma porção de fritas. Na mesa ao lado, um outro frequentador solitário pedia uma dose de Black.
O sujeito, de uns cinquenta e poucos, me encarou por uns 10 segundos e disparou com a naturalidade etílica de quem já passava da terceira dose: “Você sempre se veste assim, com esse chapeuzinho estranho e essa gravata borboleta de Jerry Lewis?”
O Brain é um personagem virtual
que para muitos é de uma realidade espantosa.
O pessoal da agência de publicidade que recebe
semanalmente os seus textos datilografados (acreditem)
jura que nunca esteve frente
a frente com o articulista.
A ilustração que mostra o personagem é baseada
nos depoimentos do porteiro do prédio da agência
que o descreveu fisicamente para que
o ilustrador pudesse caracterizá-lo.
O porteiro diz que todo domingo
esse sujeito estranho, de gravata borboleta,
entrega o seu envelope com alguns textos.
São textos sobre publicidade e comunicação em geral,
mas sempre com teor crítico, irônico
e às vezes até um pouco petulante.
Foram esses traços de personalidade
que fizeram a agência dar o nome
de Brain ao nosso protagonista.
E criar um espaço para ele que se manifestasse
com suas opiniões polêmicas e comentários ácidos.
O Brain escreve toda quarta aqui no Leva um Casaquinho.
Isso se o porteiro do prédio não esquecer
de entregar o envelope lá em cima,
na agência.
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