LEVA UM CASAQUINHO: AS BOAZUDAS DOS ANOS DE OURO DO CINEMA BRASILEIRO #15: LUCIA VERÍSSIMO

Monday, March 20, 2017

AS BOAZUDAS DOS ANOS DE OURO DO CINEMA BRASILEIRO #15: LUCIA VERÍSSIMO

por Chico Marques

Quem foi apresentado a Lúcia Veríssimo pela primeira vez através da novela da TV Bandeirantes "Os Imigrantes", de Benedito Ruy Barbosa, com certeza viu uma mulher linda, com uma voz envolvente e um presença em cena muito intensa, e não conseguiu ficar indiferente ao seu porte avantajado e ao seu potencial cênico.

A maioria dos brasileiros, no entanto, só foi perceber que ela existia em meados dos Anos 80, quando finalmente ganhou papeis de destaque em novelas da TV Globo, como "Roda de Fogo" e "Mandala".

Eu posso me considerar um afortunado, pois tive o prazer de acompanhar a carreira de Lúcia Veríssimo desde suas primeiras aparições nas telas de cinema, em dramas eróticos como "Ariella" e "Filhos e Amantes", e de comédias deliciosas como "Jeitosa" e "Casal de 3".

Acreditem: não havia homem ou mulher naquela época que não sentisse o chão tremer quando Lúcia surgia imponente e completamente nua em algumas cenas desses filmes. Era um escândalo, de tão gostosa que era.

Lúcia Veríssimo e (sua amiga de infância) Christiane Torloni não tiveram a menor dificuldade em se afirmar como as mulheres mais exuberantes do Cinema e da TV nos Anos 80.

As duas combinavam talento, beleza e sex-appeal em doses cavalares, com uma "nonchalance" que tirava o fôlego de qualquer um.

Lúcia Veríssimo é carioca do Leblon, onde nasceu há 58 anos (11-07-1958), filha da modelo e manequim Yvonne Veríssimo e do compositor, arranjador e cantor Severino Filho, do grupo Os Cariocas.

Canceriana típica, demorou um pouco para achar um foco para seus talentos.

Estudou no Colégio Rio de Janeiro, onde descobriu o teatro ainda criança.

Na adolescência, seguiu para o Tablado, onde se escolou com Maria Clara Machado.

Desviou da rota para cursar Jornalismo na Universidade da Cidade, no Rio de Janeiro, mas acabou não concluindo o curso.

No final dos Anos 70, lá estava ela de volta ao teatro, agora profissionalmente.

Desnecessário dizer que seu talento e seu carisma no palco, somados à sua beleza, rapidamente abriram as portas do cinema e da TV para ela.

Um dado interessante e curioso sobre Lúcia Veríssimo é que, assim como sua mãe, sempre teve um tino empresarial aguçado, e soube usá-lo com maestria para promover e gerenciar sua carreira.

Fundou a Canela Produções para gerenciar os projetos da carreira. Cursou Direção de Fotografia e edição e passou a produzir e dirigir espetáculos teatrais e musicais, além de programas de TV como "Terra Brasil" (1997), todo filmado em película, que acabou premiado em festivais de audiovisual pelo mundo inteiro.

Sua vida é pautada por engajamentos.

Em 1982, participou da fundação do Partido Verde, ao lado de Fernando Gabeira.

Ativista pelos direitos dos animais, é vegetariana desde 1983 e apóia o movimento Segunda Sem Carne.

Sem contar que, além de nunca ter escondido de ninguém seu bissexualismo, assumiu publicamente seu casamento com uma produtora de TV paulistana de três anos para cá.

Tem mais:

Lúcia é proprietária de uma fazenda em Bananal SP, onde cria mais de 20 cavalos das raças Mangalarga Marchador e Quarto de Milha que são cuidados com homeopatia e alimentação orgânica.

Além disso, gerencia uma linha extensa de produtos com a marca LV -- entre eles, uma cachaça envelhecida que é muito conceituada entre os "cachaçófilos".

Sua última façanha surpreendente foi a peça teatral "Usufruto" (2010), um libelo contra a hipocrisia nos costumes brasileiros. Escrita, produzida, dirigida e interpretada por ela, "Usaufruto" ficou célebre por trazer Lúcia e o ator Raphael Vianna protagonizando no palco algumas das cenas mais eróticas já encenadas no teatro brasileiro.

Desnecessário dizer que fez uma bela carreira pelos palcos do Brasil afora.

PS: Lúcia Veríssimo posou para a Revista PLAYBOY em duas ocasiões diferentes:

A primeira em 1983

E a segunda em 1988

Ambos os ensaios estão entre os melhores já produzidos pela edição brasileira da revista, como você pode comprovar na sequência de fotos a seguir.

TELEVISÃO

1980 . Marina (novela)
1980 . Os Imigrantes (novela)
1983 . Champagne (novela)
1983 . Parabéns pra Você (minissérie)
1984 . O Cometa (minissérie)
1984 . Viva o Gordo (humorístico)
1985 . Nome de Mulher (novela)
1986 . Roda de Fogo (novela)
1987 . Mandala (novela)
1988 . Santa Marta Fabril (minissérie)
1988 . Delegacia de Mulheres (seriado)
1989 . O Salvador da Pátria (novela)
1990 . Araponga (novela)
1991 . O Sorriso do Lagarto (minissérie)
1992 . Despedida de Solteiro (novela)
1992 . Alternativa Saúde (programa de variedades)
1993 . Agosto (minissérie)
1994 . Você Decide . Em Família (seriado)
1995 . Você Decide . Pacto de Silêncio (seriado)
1995 . Cara & Coroa (novela)
1998 . Terra Brasil (série)
1999 . Você Decide . O Esposo (seriado)
1999 . Andando nas Nuvens (novela)
2000 . Uga-Uga (novela)
2002 . Esperança (novela)
2005 . América (novela)
2006 . Linha Direta Justiça . Chacina da Candelária (série)
2008 . Guerra e Paz (novela)
2011 . Amor e Revolução (novela)
2013 . Amor a Vida (novela)

FILMES

1980 . Ariella (de John Herbert)

1980 . Novela da Oito (de Odilon Rocha)

1981 . Filhos e Amantes (de Walter Hugo Christensen)

1982 . Casal de Três (de Adriano Stuart)

1984 . Jeitosa (de Nello de Rossi)
1995 . As Feras (de Walter Hugh Khouri)

1996 . O Homem Nu (de Hugo Carvana)

LÚCIA FALA (parte 1)

"Dificilmente vou a festas e lugares badalados. Não tenho nada contra isso, mas não faz o meu tipo, não é assunto que me interesso desde sempre. Sou muito caseira, gosto de receber amigos, ler, assistir filmes, namorar… coisas tranquilas. Para a maioria de hoje em dia, sou uma chata e sem atrativos."

"Nesses anos 2000 fiz pouquíssimos trabalhos em TV. Trabalhei direto nos anos 80 e 90 e agora só esporadicamente. Mas não fui eu que me afastei da TV como todos falam. Não houve uma briga com a TV. Apenas não sou escalada. Adoraria, pois é um veículo que amo trabalhar e onde fui extremamente feliz. O personagem que eu gostaria de interpretar é o que ainda não fiz."

"Acredito que todos os formadores de opinião deveriam ter a consciência de que, como disse sabiamente Plínio Marcos, somos cristos da humanidade. Temos um compromisso, entende? Fico muito feliz quando uma pessoa na rua chega para mim e diz, “sabe, aquela entrevista que você deu falando aquilo, modificou a minha vida. A partir dali minha vida virou outra coisa e me sinto mais feliz”. Pronto, eu me sinto cumprindo a minha missão."

LÚCIA FALA (parte 2)

"Estou montando um filme sobre 70 anos de música no Brasil contando a história através da influência política e tendo como fio condutor a carreira de 70 anos de palco do meu pai, Maestro Severino Filho, fundador do conjunto vocal, Os Cariocas, responsáveis pelo lançamento da Bossa Nova. Começando na era Vargas e a Rádio Nacional até os dias de hoje. Depois começo a me preparar para fazer meu segundo filme."

"Fico triste de ver que para manter um corpo magro hoje em dia tenho que abdicar de muitos prazeres mundanos como bons vinhos, doces, massas. E que devido a escolhas de esportes tão radicais que sempre fiz, contraí problemas que não me dão oportunidade de queimar essas calorias com facilidade numa boa atividade física. Então fico pensando: é difícil alguém ser feliz e magro? Então me entristece não ter mais aquela facilidade de emagrecer, porém adoro a minha calma, serenidade e quase nenhuma ansiedade. Detesto ver que existem, sim, limitações físicas, mas que as viagens intelectuais são mais atraentes. Detesto a minha falta de paciência, porém adoro não ter mais saco de discutir, de brigar. Detesto levantar para beber água, dar banho no cachorro, limpar a moto, trocar a tomada do abajour e continuar com sede porque esqueci para que eu tinha levantado, mas adoro me divertir com isso também. Adoro ainda ser motociclista, apesar de ter que conviver com os motoqueiros que detestam mulheres e ainda mais velhas pilotando motos, mas adoro passear de moto hoje. Enfim, gosto que a idade me dê oportunidade de enxergar as coisas com mais clareza e inteligência, apesar de não me deixar ser tão mais ágil fisicamente."

"Nunca vi nada de errado com a nudez e nem acho um bicho de sete cabeças posar nua. Ainda continuo tomando banho de mar, cachoeira (na minha fazenda), rio e piscina da forma como Deus me colocou no mundo. E continuo fazendo força para que todos que me acompanham façam o mesmo, mas duvido muito que queiram ver uma mulher que já não tem mais as mesmas formas de jovem, nos meus quase 60 anos, pelada. Posei nua duas vezes, no tempo que não existia photoshop. Fazer outra vez agora com o recurso do photoshop seria muito mais fácil. Acho que teriam um enorme trabalho de edição e não sei se eu gostaria de mentir tanto. Prefiro me expor a poucos eleitos."