Essa aparvalhada Mercearia, em colóquio recente com membro da plateia (conhecida também como ‘leitora’), pôde concluir
que embusteiro(a) é uma raça do caralho.
Tudo é experiência e, se a indulgência
estiver na medida certa, há de se encontrar alguma lição que se possa tirar
independente do tamanho da trombada.
Agora, se tem um negócio que não desce é
gente desleal. Se entendermos ‘traição’ como uma ponta do iceberg,
subentenderíamos que o encontrado abaixo da linha d’água é o que chamaríamos de
deslealdade.
E deslealdade, meu/minha caro(a)
freguês(a), é uma merda.
O exercício do perdão, nesses casos, fica
próximo do impraticável.
Imaginemos um quadro grave de doença e, ao
chegarmos no hospital, não há médicos. Quando há, não curam, mas matam.
A vida de um filho, de uma filha; seu pai,
sua mãe; a pessoa que você mais ama, nas mãos de quem deveria salvá-los(as).
Oito horas depois, pode encomendar o
caixão.
Ser sacana até vai, mas filha-da-putice
extremada é de moer o fígado.
Numa leitura de obra encostada por quatro
anos, essa reflexiva Mercearia pôs-se a pensar sobre o que vale e o que não
vale a pena na vida.
E descobriu que não existe perda de tempo
mais dolorida do que correr atrás do vento.
Se já é bastante discutível a licitude das
coisas, o que dirá a ausência de lisura, comprometimento e lealdade quando mais
se precisou deles.
Olhando em perspectiva, através de certo
afastamento, verificou essa Mercearia que certas construções jamais seriam
sólidas se erigidas sobre pântano sem o devido aterro.
A
leitura, após tal hiato, deixava a cada página um sabor de que é azul, mas não
é o céu; reluz, mas não é ouro.
A conversa com a anônima leitora foi
reveladora e elucidativa para essa desavisada Mercearia. Sonhava esse
estabelecimento comercial com certa envergadura em relação à obra em questão,
mas o coração desautorizava a razão.
Até que...
A tal leitora corroborou o sentimento
brotado na leitura do texto com a vantagem de que seu empirismo era bem mais
eloquente do que meu conhecimento técnico sobre o assunto.
A vantagem de se olhar para trás é ver (e
aprender!) com os próprios erros. No caso dessa inadvertida Mercearia, a coisa
foi mais além: o resultado não pode ser mais catastrófico em cenário diferente.
Após os devidos pedidos de desculpas e
correções de rotas, chegou-se a conclusão de que o suposto desvario do
transeunte tinha explicação: a rua não tinha saída.
Parafraseando Rei Salomão, no mar de
vaidades e enfadonha ocupação, fluência é a última coisa que importa. E caso
alguém porte uma, será devidamente colocado num canto.
“... é a lei da concorrência”, diriam os
pragmáticos.
No meio do caminho, um escamoteamento de
se perder o rumo, uma liberdade que não vem da produção, uma produção que não
liberta ninguém, controle dos dados e eternas tentativas filhas da puta de se
estruturar o ambiente.
Sim, querido(a) freguês(a): ambiente
estruturado é merda!
Aliás, ambiente estruturado é bom para
robô, o que não é o caso dessa Mercearia.
Pois, então, vejamos...
Gastos gigantescos de força e energia para
se conduzir as coisas em direção sempre à construção de um ambiente estruturado,
além de não ser humano, muito menos ‘do bem’, é uma deslealdade do caralho!
É o mais grotesco de todos os furtos:
rouba de qualquer um o direito à autoria, à participação e ao compartilhamento.
Não há comprometimento que resista à brutal falta de mão-dupla naquilo que
supostamente receberia o nome de interação.
Então, ‘tá’...
Joga-se o ‘merdelê’ todo para o outro lado
do muro e o vizinho que se vire.
Aí, fica fácil, né?!
Bem... ambiente estruturado é para ‘social
clubs’, “(...) eu te puxo/e tu me lambe (...)”, confrarias e afins, onde a
última coisa que se possa ter é confiança naquilo que ‘está fora’.
É a morte do talento, a morte do amor. O
ambiente é estruturado para a facilitação da manipulação, um ‘gas lighting’ ‘do
cazzo’, com resultados só para um lado... e foda-se o resto!
Edificante, isso...
É ‘tocar o foda-se’ numa Ciência Intuitiva
que jamais será realizada por robôs e seria a única saída para a criação de uma
nova forma de existir, “... para que a vida passe”.
Resiliência não é obediência. Entender não
é concordar.
O cuidado com a cidade (política) e com a
casa (economia) tem por premissa a constituição de um organismo (organização),
posto que é operado por gente, e não o estabelecimento de um ‘ambiente
estruturado’.
Tentativas de ‘ambiente estruturado’ são
pródigas em gerar um espaço fértil para a manipulação: com vantagens para
apenas um dos lados, escora-se no mais detestável dos expedientes, a saber, o
escamoteamento, a completa falta de alguma transparência e sinceridade. Chega a
soar desonesto.
“É até verdade... mas dar-te-ei 30% dela,
certo?!” #sqn
‘Ambientes estruturados’ são o que há de
pior no mundo: é a antessala do controle das mentes, das vontades, dos
‘movimentos de alma’. Por si só, é desleal pacas! O(A) querido(a) freguês(a)
até tem o seu valor, mas desde que aceite a merda toda! O tolhimento do acesso
a porcentagens maiores da verdade e do que realmente é fato através de um
controle dos dados é tratar o outro como uma espécie de ‘boneco’, ‘brinquedo’,
uma ‘coisa’ destituída de qualquer forma de sentimento ou potência.
‘Id est’, serve para candidatos a
autômatos e que se comportem direitinho, o que não é o caso dessa sanguínea
Mercearia, muito menos de qualquer ser humano.
Sabem qual é o perigo?! É o de que essa
gente que manipula a imagem não entende que critérios podem estar equivocados e
que a imagem é somente uma representação do real. O fato mesmo, nas mãos
dos(as) leitores(as), é bem, bem diferente.
Sabem qual é o perigo?! É o de que os(as)
maestros(as) do ‘gas lighting’ jamais controlarão as forças da Vida e da
Natureza, jamais escravizarão o fluxo solar, forte e potente como é, com suas
peneirinhas furadas.
A Vida é de uma força tão avassaladora que
sempre traz ‘o novo’. Quando ‘o novo’ chega, há de se entender que ainda não
nasceu sujeito(a) com extrema habilidade para desviar quem for da rota de
conhecimento da fria, total e completa anatomia de um fato.
O ‘ambiente estruturado’ é a forma mais
sutil e devastadora de censura: uma censura à própria vida!
Sabem qual é o medo dessa ‘tchurma’?! É o
de que as pessoas se sentem à mesma mesa e se conversem. Elas piamente
acreditam que todos estão em silêncio, mas todos estão falando tudo, e sobre
tudo
Mas... aí, ‘Inês é morta’! Fodeu! A casa
caiu!
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
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