Saturday, July 15, 2017

CAFÉ & BOM DIA #66 (por Carlos Eduardo Brizolinha)


"...Guillaume Apollinaire (1880 - 1918) nasceu em Roma, Itália. Mas seria em Paris, França, que faria carreira como grande poeta e agitador cultural. Escreveu artigos, poemas, contos, romances eróticos e interessava-se bastante por pintura moderna. Em 1905 escreveu o artigo Picasso, Pintor. Em 1912 escreveu o catalogo para a mostra de Delauney e em 1918 faria o mesmo para a mostra Picasso-Matisse. Tornou-se um dos expoentes da vanguarda artística do início do século XX, defendeu e empresariou os pintores cubistas. Morreu em 1918, de gripe infecciosa em Paris. Dele Gertrude Stein escreveria em Autobiografia de Alice B. Toklas: "Apollinaire era muito atraente e interessantíssimo. A cabeça lembrava a dos últimos imperadores romanos. Extraordinariamente brilhante fosse qual fosse o assunto abordado, independente de estar bem informado ou não, imediatamente compreendia todo o sentido da questão e elaborava-a com espírito e imaginação, levando-a mais longe do que poderia ser pelos próprios entendedores do assunto e, por estar acertando". Não há sequer uma vez que não lembre do Dr. Lafayette, principalmente por repetir inúmeras vezes que Apollinaire não só abrigou Picasso como bancou despesas. 


"...BAUDELAIRE SE TORNOU UMA LENDA EM PARIS, GRAÇAS AO SEU ASSUMIDO ATAQUE A BURGUESIA. SEU MODO PROVOCATIVO CHAMAVA ATENÇÃO. NEM HORA E NEM LUGAR PARA FAZER OBSTÁCULOS. Incomodava até clientes de locais decadentes como o restaurante Chez Dinocheau. Um dos incomodados foi Maxime Rude que lembrou de Baudelaire no seu livro " Confissões de um jornalista ". Se refere ao poeta como um bohéme de longos, finos e acinzentados em seus momentos bárbaros de cabelo suflé e sem perder em nada a sua facilidade em chocar os outros com palavras - DEPOIS ME DEPARO COM O NASCEDOURO DO TERMO. O termo bohème e bohèmien entraram para o idioma francês indicando uma geração de homens jovens que odiavam dinheiro e trabalho e os confortos medíocres da burguesia. Vagabundos, bêbados, desajustados, poetas, jornalistas, sátiros, narcisistas, filósofos e, todos reunidos no mesmo espaço ao mesmo tempo numa Paris fervendo nos anos 1830.


"...E HORA DE REVER MACUNAÍMA. Macunaíma tinha acabado de ser cagado por um urubu enquanto dormia embaixo de uma árvore e é onde começa uma aventura do gênero fantástico, surrealista, com elementos absurdos, sobrenaturais, resgatou lendas e superstições, e inventou muitas, tudo isso permeado com muito humor. Maanape: um dos irmãos de Macunaíma simboliza a figura do negro. Jiguê: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza a figura do índio. Sofará: mulher de Jiguê era bem moça, apanhava de Jiguê por ficar “brincando” na mata com Macunaíma enquanto devia trabalhar. Iriqui: nova mulher de Jiguê. Era linda, mas também foi deixada por Jiguê quando este descobriu que ela também “brincava” com Macunaíma. Ci: é a responsável pela peregrinação de Macunaíma, já que foi ela quem lhe deu a pedra Muiraquitã. Ela foi o verdadeiro amor de Macunaíma. Capei: uma grande cobra que Macunaíma teve que enfrentar. Piaimã: é o gigante que roubou a muiraquitã de Macunaíma. Torna-se a principal oposição do herói e motivo pelo qual ele parte em sua jornada para São Paulo. No final, o herói mata Piaimã e toma de volta a pedra. Vei: é a representação do sol, apesar de ser mulher. Tem duas filhas e quer que Macunaíma se case com uma delas. Porém Macunaíma não fica com nenhuma de suas filhas. Ceiuci: mulher do gigante. Era gulosa e já tentou devorar Macunaíma. É herói sem caráter? Na verdade ele é um anti- herói, porque faz coisas absurdas, judia e ama ao mesmo tempo as mulheres, come sem trabalhar, xinga, entra em briga, prega peça em todo mundo, mas ele tem alguns dons mágicos e uma sorte fora do normal, é preguiçoso, mas consegue tudo o que quer. Adoro Macunaíma e junto com Vidas Secas são livros para ler sempre.


Descartes disse que a leitura era conversa com os grandes homens dos séculos passados, mas uma conversa selecionada, na qual estes nos revelam apenas o melhor de seus pensamentos. Isso pode ser verdade para os grandes homens, mas como grandes homens existem em pequeno número, incorreríamos em erro se estendêssemos esta máxima a toda espécie de livro e a toda espécie de leitura. Tantas pessoas medíocres e mesmo tantos cretinos tem escrito livros que podemos em geral encarar uma grande coleção de livros, não importando gênero, como um acervo para servir à história da cegueira e da loucura dos homens. Tenho absoluta certeza que Jean Le Rond d'Alembert que adotou o Le Rond por ter sido abandonado nas escadarias da capela parisiense de Saint Jean de Le Rond, ficaria assustado com a quantidade de livros editados e o diminuto número de leitores. Foi filósofo, matemático e físico e em 1751 aceitou o convite de Diderot para desenvolver a " Enciclopédia ", uma síntese dos conhecimentos filosóficos, literários e científicos da época.


A Terra é um pequeníssimo ponto no Universo. É um pequeno fragmento do sistema solar. O sistema solar é um pequeno fragmento da Via Láctea. E a Via Láctea é um pequeno fragmento dos muitos milhões de galáxias reveladas pelos telescópios modernos. Neste insignificante ponto do cosmos há um breve interlúdio entre dois longos períodos estéreis em vida. Neste breve interlúdio, há outro ainda mais curto que contém o homem. Se o homem é realmente o objetivo do Universo, o prefácio parece um pouco longo demais. Superestimar a importância de nosso planeta sempre foi um dos defeitos dos teólogos de todos os tempos. É importante aprender a não se aborrecer com opiniões diferentes das suas, mas se dispor a trabalhar para entender como elas surgiram. Se depois de entendê-las ainda lhe parecerem falsas, então, poderá combatê-las com mais eficiência do que se você tivesse se mantido simplesmente chocado. Quão frágil e inerme é a razão! No entanto, é nosso único instrumento. Existe um artista aprisionado em cada um de nós. Deixe-o solto para espalhar alegria por toda parte. Bertrand Arthur William Russell, III Conde Russell (Ravenscroft, País de Gales, 18 de maio de 1872 – Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX. Foi um político liberal, ativista e um popularizador da Filosofia. Inúmeras pessoas respeitaram Russell, e outras tantas continuam respeitando, como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade, ainda que seu posicionamento em alguns temas, como acontece comigo, com você e com todo mundo, tenha sido controverso.

 ETA CAFEZINHO BOM, BOM DIA.

 

Carlos Eduardo "Brizolinha" Motta
é poeta e proprietário
da banca de livros usados
mais charmosa da cidade de Santos,
situada à Rua Bahia sem número,
quase esquina com Mal. Deodoro,
ao lado do EMPÓRIO SAÚDE HOMEOFÓRMULA,
onde bebe vários cafés orgânicos por dia,
e da loja de equipamentos de áudio ORLANDO,
do amigo Orlando Valência.



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