Thursday, August 13, 2015

VENHA AO MISS CONHECER UM WESTERN ARGENTINO SURPREENDENTE: JAUJA

por Rafael de Queiroz
para OUTROS CRÍTICOS


JAUJA é o sétimo filme do argentino Lisandro Alonso e o primeiro a usar atores profissionais e uma parceria no roteiro, o poeta e jornalista Fabian Casas. O filme ganhou o Prêmio da Crítica em Cannes esse ano e conta com Viggo Mortessen (Gunnar Dinessen) no papel principal. . O filme é rodado em 4:3, o formato clássico, com cores saturadas e uma fotografia maravilhosa.

JAUJA é um lugar de riquezas e possibilidades, como Eldorado, mas todos que tentaram chegar lá se perderam. O filme se passa na Patagônia durante o período das colonizações, onde há a sugestão de uma campanha violenta, onde ocorre o genocídio dos povos que ali residem, chamados “cabeça-de-coco” pelos militares em campanha, para abrir espaço aos europeus. O capitão Gunnar, um oficial dinamarquês, está acompanhado de sua filha Ingeborg (Viilbjork Agger Malling), uma menor de idade que é desejada pelo tenente Pitalluga, mas que se entregará ao jovem soldado Corto.


Um outro personagem, que até agora não aparecera é citado constantemente pelos outros, um ex-general Zuluaga, que para uns era um exemplar militar, disciplinado e competente, para outros era instável e irascível, que desaparecera. Surgem boatos de que ele teria enlouquecido e estava praticando roubos, vestido de mulher, o que para os oficiais era uma história muito fantasiosa, contada por Corto. Quando a noite cai, Corto rouba um cavalo e foge com Ingeborg pelo deserto. Gunnar, ao se dar conta do sumiço da filha, parte sozinho em uma jornada para resgatá-la.

Seguindo os rastros deixados pelo casal, quando ele está prestes a encontrá-los, Corto é avistado ensanguentado, agonizando embaixo de uma árvore. Enquanto tenta conseguir informações sobre sua filha, ao que Corto murmura “Zuluaga”, um índio escondido rouba sua espingarda e seu cavalo. Gunnar não desistirá e vai seguir na direção das montanhas, por aquele lugar austero e perigoso, mesmo a pé. Na sua caminhada, só acompanhado da sede e da fome, vai se encontrar com uma velha que mora dentro de uma caverna, só acompanhada de seu cachorro.


A velha loura e dos olhos claros, como sua filha desaparecida, insiste para saber como era a mãe de Ingeborg. Ela também se emociona quando ele a entrega um soldadinho de chumbo que sua filha tinha achado no começo do filme e perdido durante sua fuga. Seria aquela caverna a toca do coelho de Alice? Seria apenas um sonho? Tempos e lugares diferentes poderiam coexistir, como no que se diz sobre possíveis outras dimensões. Nesse sentido um final alternativo é proposto, em um tempo/lugar distinto, mas onde ausência, solidão e separação são lacunas existenciais que nunca deixarão de acompanhar o indivíduo.

JAUJA é um filme interessante e diferente de muita coisa, melhor para quem procura uma experiência cinematográfica que não siga padrões estéticos ou de narrativa mais comuns disponíveis.


JAUJA
(2014 - 109 minutos)

Direção
Lisandro Alonso

Roteiro
Lisandro Alonso
Fabian Casas

Cinematografia
Timo Salminen

Elenco
Viggo Mortensen
Ghita Norby
Viibjork Malling Agger


Em cartaz no MISS 
Museu da Imagem e do Som de Santos
Av. Pinheiro Machado 48
Sessões às 14.00, 18.30 e 21.00 hs


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