Sempre gostei de HQs, acho que elas estão entre o cinema e a literatura, podem ser sérias ou ingênuas, além de atrair as crianças para um vício benéfico, o da leitura.
Se você já é barbado não se acanhe, gibi é coisa de adulto também.
Este causo se passou em 95, na finada livraria Iporanga, no seu calçadão.
Recebemos naquele verão os “Los 3 amigos”, que vieram com um quarto elemento, o Adão Iturrusgarai.
E foi um dia muito bacana, que até hoje se instalou na minha memória.
O pessoal da editora Ensaio foi quem trouxe o quarteto, numa van.
Primeira parada, Lanches Sevilha, a melhor torta de banana do bairro, que ficava bem em frente à livraria, boa vizinhança.
Recebemos a notícia e encontramos Angeli, Glauco, Laerte e Adão com suas barrigas no balcão, pedindo coxinha, pizza em pedaço e gargalhando.
Era um tal de mexer uns com os outros sem trégua que até fiquei um pouco na retranca, vai que sobra pro livreiro iniciante?
A piada do momento era com as “congas” recém adquiridas pelo Glauco, que tinha ido descalço para o evento em Santos, culpa dos torós de São Paulo em janeiro que inundaram a sua casa e seu único par de tênis.
Mais tarde, já na livraria, se amontoavam centenas de pessoas atrás de autógrafos, aliás autógrafos com desenhos criados na hora, coisa chique, autógrafo de cartunista.
E as brincadeiras continuavam, Glauco já era ligado no Daime, Adão era calouro nas mãos de todos, Laerte, sempre politizado e o Angeli - o maior dos elogios - um skrotinho.
O mais incrível é que existia uma harmonia no ambiente, todo mundo ria, não valia ficar de cara feia.
Daquele dia em diante mantive contato com todos, tendo já recebido algumas vezes em Santos o Laerte e o Angeli.
Quero dividir com vocês aqueles momentos, tentar resgatar as molecagens vividas há quinze anos com aqueles caras geniais, agradeço o espaço que motivou a lembrança em forma de texto.
Me empolguei tanto que gastei tudo que vendi no botequim, em companhia dos nossos best-sellers, na mesma noite do evento.
Valeu a pena.
PS. Vão abraços para Adão, Angeli e Laerte, não para o Glauco, é uma pena
José Luiz Tahan, 41, é livreiro e editor.
Dono da Realejo Livros e Edições em Santos, SP,
gosta de ser chamado de "livreiro",
pois acha mais específico do que
"empresário" ou "comerciante",
ainda mais porque gosta de pensar o livro
ao mesmo tempo como obra de arte e produto.
Nas horas vagas, é um pai de família exemplar.
Já nas horas vagas de pai de família exemplar,
assume sua identidade (não muito) secreta
como o blues-shouter Big Joe Tahan.
Muito legal esta história!
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