por Chico Marques
Para quem não é médico, e não sabe, Hipócrates foi um pesquisador da Grécia antiga, atrelado ao campo da saúde, que viveu em meados de 460 a.C., na época de outros filósofos como Sócrates e Platão. Considerado o ”pai da medicina”, ele estabeleceu princípios fundamentais que são seguidos como base da prática médica até hoje.
"Hipócrates" é também o nome do filme de estréia do diretor francês Thomas Lilti, um cineasta médico, que além de dirigir assina o roteiro que conta a história de Benjamin (Vincent Lacoste), um jovem estagiário no hospital que seu pai, um médico muito respeitado no meio, trabalha. Como seu pai é um dos profissionais mais influentes do Hospital, Benjamin vislumbra uma carreira garantida com o amparo profissional dele.
Um dia, ao ser chamado para um plantão, ele atende um paciente regular do Hospital, chamado Tsunami (Thierry Levaret). Como não tinha condições de fazer no paciente um determinado exame, pois o aparelho está quebrado, Benjamin decide receitar a ele um analgégico. No dia seguinte, ao chegar no Hospital, descobre que o paciente morreu, e que ele talvez tenha sido o responsável. Seu pai sai em sua defesa, dizendo a todos que seu filho fez no paciente o tal exame (que não foi feito). Isso tudo atinge em cheio a autoconfiança de Benjamin, que começa a não conseguir mais trabalhar como antes.
Um dia, ao ser chamado para um plantão, ele atende um paciente regular do Hospital, chamado Tsunami (Thierry Levaret). Como não tinha condições de fazer no paciente um determinado exame, pois o aparelho está quebrado, Benjamin decide receitar a ele um analgégico. No dia seguinte, ao chegar no Hospital, descobre que o paciente morreu, e que ele talvez tenha sido o responsável. Seu pai sai em sua defesa, dizendo a todos que seu filho fez no paciente o tal exame (que não foi feito). Isso tudo atinge em cheio a autoconfiança de Benjamin, que começa a não conseguir mais trabalhar como antes.
O filme procura se manter equidistante das dificuldades enfrentadas pelos outros estagiários num ambiente precário em questões éticas e infraestruturais, e segue focando em temas éticos -- como eutanásia, questões de natureza estrutural, greves constantes e até questões raciais entre franceses e argelinos -- sem dizer com muita clareza onde pretende chegar.
O que vemos na tela é um emaranhado de situações, e as questões levantadas são extremamente interessantes, mas infelizmente alguma coisa fica faltando.
O que vemos na tela é um emaranhado de situações, e as questões levantadas são extremamente interessantes, mas infelizmente alguma coisa fica faltando.
Apesar das ótimas ideias do diretor e roteirista, fica faltando um aprofundamento maior em cada um dos temas, pois tudo passa pela tela com uma leveza às vezes exagerada.
Na verdade, o que o filme tem de melhor, além do tom de "dark comedy", é a relação de Benjamim com Abdel Rezzak (Reda Kateb), um outro médico mais experiente do hospital.
A perplexidade de benjamin e ao idealismo de Abdel acabam fornecendo os motes necessários para que a trama de "Hipócrates" tome rumos aparentemente incertos até chegar a um porto seguro.
E quando chega, nos damos conta de que, apesar do diretor Thomas Lilty ser um estreante, ele consegue ser habilidoso o suficiente para entregar uma história convincente, com muitas nuances dramáticas e um trabalho de atores altamente elogiável.
E quando chega, nos damos conta de que, apesar do diretor Thomas Lilty ser um estreante, ele consegue ser habilidoso o suficiente para entregar uma história convincente, com muitas nuances dramáticas e um trabalho de atores altamente elogiável.
O que percebemos em "Hipócrates" é que a questão da saúde pública na França, no final das contas, não é lá tão diferente da do Brasil.
Tudo funciona precariamente por lá também, os dilemas enfrentados pelos profissionais diariamente são os mesmos, e a falta de perspectivas é herdada de um governo para outro, independente da ideologia vigente.
"Hipócrates" não pretende ser um grande filme.
Mas é inteligente o suficiente para fugir exemplarmente da velha armadilha de misturar ética com estética.
Com isso, é um filme divertido, eficaz e digno de se assistir.
HIPÓCRATES
(Hippocrate, 2014, 102 minutos)
Direção
Thomas Lilti
Roteiro
Baya Kasmi
Julien Lilti
Pierre Chosson
Thomas Lilti
Produção
Agnès Vallée
Emmanuel Barraux
Fotografia
Nicolas Gaurin
Elenco
Carole Franck
Félix Moati
Jacques Gamblin
Jeanne Cellard
Julie Brochen
Marianne Denicourt
Philippe Rebbot
Rafik Ben Mebarek
Reda Kateb
Thierry Levaret
Vincent Lacoste
em cartaz no Cinespaço Shopping Miramar
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