Sunday, November 15, 2015

O SOULMAN CAIO BOSCO LANÇA SEU QUINTO DISCO, "CEREBRAL" (Hoje 18hs SESC-Santos)


por Chico Marques


Disse não muito tempo atrás em meu blog musical ALTOeCLARO que eu me considero uma das pessoas menos indicadas para escrever uma apreciação crítica do novo disco desse jovem soulman talentoso e esforçado chamado Caio Bosco.

É que eu o conheço bem.

Vejo o Caio há sei lá quantos anos correndo atrás de uma personalidade para seu trabalho, pesquisando incessantemente os mais diversos gêneros e experimentando água de todas as fontes musicais disponíveis.

Ele é um daqueles artistas que já nascem com mentalidade de produtor, e que não sossegam enquanto não encontram a melhor moldura sonora para suas canções – mesmo que esse processo exija uma disponibilidade de tempo que ele, como cantor e compositor, nem sempre tem.

Mas o legal é que, nesse embate meio esquizofrênico consigo mesmo, a música de Caio sai sempre ganhando.



Foi assim com os dois discos que fez à frente do Radiola Santa Rosa entre 2004 e 2006, quando ainda usava o nome Caio Dubfones e circulava pela cena hip-hop com um trabalho "low profile" extremamente original.

Foi assim também com o EP “Diamante”, o primeiro gravado com seu nome Caio Bosco, onde deixava o hip-hop de lado e brincava de Tim Buckley e de Beck Hansen em 6 canções no mínimo inusitadas – eu, pessoalmente, adoro “Eu Não Quero Ser Sua Garota Nunca Mais”, composta depois de presenciar uma discussão entre um casal de meninas.

Em 2012, com “Caio Bosco”, ele voltou repaginado como um “blue-eyed soulman”, soltando a voz em números expressivos e delicados como “Em Frente”, que remete a Curtis Mayfield no início dos anos 70, e também “Miss High Times”, onde mistura Jorge Ben pré-Banda do Zé Pretinho com grooves à moda Norman Whitfield.



Agora, com "Cerebral", Caio evita flertar com rupturas e procura dar sequência aos experimentos desenvolvidos nos dois discos anteriores, buscando sonoridades mais densas e envolventes e privilegiando seu trabalho como compositor, que é o alicerce principal de seu trabalho.

 Mais uma vez, Caio trabalha com o americano Jim Waters, responsável por verdadeiros milagres sonoros em discos do Sonic Youth e do Jon Spencer Blues Explosion, além de Lucinda Williams e R L Burnside, retomando a dobradinha bem sucedida que fez de seu disco anterior um trabalho tão especial.

Para completar, "Cerebral", assim como o anterior "Caio Bosco", foi masterizado em Nova York pelo especialista Fred Kervokian, responsável pelo arremate final na brincadeira.



Enfim, o motivo pelo qual sou uma das pessoas menos indicadas para escrever uma apreciação crítica do novo disco do Caio Bosco é que eu só consigo ver as virtudes dele, que não são poucas.

Até bem pouco tempo atrás era um artista emergente admirável. Hoje, ele já é um artista maduro. Com um meta artística muito clara e uma atitude extremamente afirmativa.

Quem duvida, que escute o tom jazzy de "Feira do Rolo",  ou o suingue de "Mendigos do Amor", ou ainda a psicodelia soft de "Pernambuco Beach".

Convenhamos: um artista que consiga transitar com tamanha desenvoltura por todas essas variantes musicais mantendo sua personalidade artística intacta é um artista consumado.

Ou seja: Caio Bosco pode até querer ser "Cerebral".

Mas, definitivamente, o que o move é a alma.


LANÇAMENTO 
HOJE
18 HORAS
COMEDORIA DO SESC-SANTOS
Conselheiro Ribas 136
no encerramento do 
CULTURALMENTE SANTISTA

Todos os CDs e LPs de CAIO BOSCO

você encontra na DISQUERIA






No comments:

Post a Comment