Quem era vivo nos Anos 70, 80 e 90 em Santos, com certeza lembra com carinho da Pastelaria Independência.
Localizada no coração do Gonzaga, onde hoje funciona uma loja de 1.99, a Pastelaria Independência era a única casa de comida ligeira da região que permanecia aberta e funcionando a todo vapor a madrugada inteira.
Era muito comum na época sair de shows, de bailes, ou mesmo das boites no Centro da Cidade no meio da madrugada e, ao invés de seguir direto para casa, dar uma paradinha na Pastelaria Independência para comer alguma coisa antes de dormir. Ao contrário do que muita gente comentava, a casa era limpa, e não costumava ter problemas com a Saúde Pública.
Não havia nada de especial nos pastéis da Pastelaria Independência. Vinham nos quatro tipos tradicionais: carne, queijo, palmito e camarão. O sabor seguia o padrão de todas as pastelarias, provavelmente a partir de uma receita distribuída por algum SEBRAE para chineses recém-desembarcados aqui.
Mas se os pastéis era comuns e sem diferenciais, as "esfihas orientais" que eles serviam alí eram realmente especiais. Suculentas, com a massa sempre crocante, estavam sempre quentinhas, pois saíam fornadas delas durante toda a madrugada.
Depois que a Pastelaria Independência fechou, o Gonzaga virou uma espécie de cidade fantasma depois das 22 horas, o que foi uma pena. O fim de noite na cidade perdeu muito de sua graça. As únicas opções disponíveis passaram a ser os quiosques de sanduíches na praia, quase todos com sanduíches nogentos e nada recomendáves.
Eu confesso que procurei durante um bom tempo alguma outra pastelaria que servisse "esfihas orientais" com sabor semelhante às da Pastelaria Independência, mas não achei. A que mais se aproxima dela é a servida na pastelaria ao lado da Livraria Realejo. Mas não é a mesma coisa, infelizmente.
Daí, resolvi buscar a receita da "esfiha oriental" para fazer eu mesmo em casa. É muito simples.
MASSA
1 quilo de farinha de trigo
2 xicaras pequenas de óleo
1 colher de sal
2 colheres de açúcar
100g de fermento de pão (ou um envelope)
1/2 litro de leite morno
2 gemas
RECHEIO
1 quilo e meio de carne moida
1/2 colher de sal
2 tomates picados sem pele e sem sementes
1 cebola grande bem picada
1 xicara pequena de azeite de oliva
Numa tigela, adiciono os liquidos. Incluo o fermento
previamente diluido em pouco de leite morno. Adiciono então a farinha de trigo até que fique uma massa mole,
e então aguardo 15 minutos, até que
fermento comece a levedar.
Espalho o restante da farinha sobre a mesa e
despejo a massa levedada sobre ela.
Começo a manipular a massa até que ela se solte das mãos.
Faço bolinhas e em seguida começo a abri-las em círculos grandes, com 10 cm de diâmetro.
Misturo numa tigela grande todos os ingredientes do recheio e, a seguir, com uma colher grande, adiciono o receio bem no centro do círcula de massa.
Para finalizar, dobro as massas circulares em três partes com o recheio dentro, aperto bem para que elas não liberem o liquido do tomate no forno, e coloco a esfiha com a borda para baixo na assadeira. Levo ao forno pré-aquecido a 180 graus por 20 minutos e voilà!
Essa receita rende de 40 a 50 "esfihas orientais".
Recomendo fazer durante a madrugada para os amigos recém saídos da balada, numa homenagem à boa, velha e saudosa Pastelaria Independência.
Chico Marques
é meio gourmet
e meio gourmand,
é meio gourmet
e meio gourmand,
mas é antes de tudo
um comilão inveterado.
um comilão inveterado.
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