Sunday, January 7, 2018

FELIZ ANO NOVO (uma crônica de Álvaro Carvalho Jr.)



A foto de um menino assistindo com os olhos arregalados a queima dos fogos em Copacabana, Rio de Janeiro, pode ser usada como um termômetro que marca o início deste 2018. Ela, que inicialmente foi publicada em B&W e, em seguida, colorida, disparou uma série de comentários irados, ensandecidos, totalmente sem pé nem cabeça, como se aquela cena fossa a maior tragédia do mundo. Antes de mais nada, a foto mostra apenas um menino com frio, na beira d'agua, olhos fixos no céu, gravando em sua memória uma sequência de imagens que, provavelmente, nunca mais esquecerá. Não há condições de se estabelecer sua condição social. Rico? Pobre? Abandonado pelos pais? Menino de rua?

Essas questões, infelizmente, não podem ser respondias pela fotografia, aliás, belíssima. Na verdade, trata-se apenas de um menino que teve coragem de enfrentar as frias águas do Rio de Janeiro á noite. Nada além disso. As divagações que apareceram nas redes sociais foram assustadoras e mostram uma intransigência colossal represada nas mentes de muitos brasileiros. A foto, para eles, era uma amostra de um Brasil que abandona suas crianças (não estou afirmando que não abandona...), onde os brancos viram de costas para os negros -na verdade era um bando de tontos tirando uma self...- enquanto os demais adultos sequer olham para o menino. Ora, ninguém, num momento como aquele, abaixaria a cabeça para olhar alguma coisa; muito menos estaria fazendo uma análise sociológica sobre as condições das crianças abandonas do Brasil e tudo mais. Não naquele momento. Ali estava apenas um menino preocupado em assistir os fogos, simples assim...

Considerando-se que a passagem de ano é uma forma de recomeço, de boas esperanças, bons ventos, boas notícias, essa reação de uma parte de nossa sociedade chega a desapontar. Ninguém está afirmando aqui que estamos às mil maravilhas. Temos sérios problemas que envolvem nossas crianças, como a educação depauperada, professores desvalorizados, mas uma análise errônea como essa não ajuda em nada, apenas piora.

Mas, não vivemos apenas de meninos na praia que provocam situações iradas. Enquanto os ensandecidos de plantão ficam tirando suas conclusões mais iradas ainda, o País segue sua triste caminhada para o atraso. Só para termos uma ideia: nos últimos 5 anos, gastamos estonteantes R$ 122 bilhões na manutenção de nossas estatais. Feitas as contas, essa estatais deram um retorno de R$ 89 bilhões. O buraco, portanto, foi de R$ 33 bilhões. Adivinhem quem paga a conta? Para estragar de vez esse início de ano, descobre-se que 7 a cada 10 brasileiros são contra as privatizações! A conclusão é simples: o grande problema não é apenas não terem a menor ideia de como votar, mas não terem, também, a menor ideia do que significa somar e diminuir!

Já o presidente da Petrobras, Pedro Parente, conseguiu uma façanha, ou um quase milagre. Depois de muita conversa, os acionistas da Petrobras norte-americanos aceitaram um acordo para por fim a um processo que vinha infernizando a vida da empresa. Diante dos descalabros ocorridos na gestão da empresa na era lulopetista, os acionistas do norte entraram na Justiça e levaram. Agora,  a Petrobrás pretende pagar US$ 2,9 bilhões (tenta um parcelamento) para enterrar de vez com o processo. Acionistas gringos gostam da ideia e só falta agora o juiz confirmar. Uma boa saída, pois um julgamento público, com júri popular, poderia enterrar de vez os sonhos de recuperação da empresa. Os acionistas brasileiros também entrarão na Justiça e deverá ser aplicado o mesmo sistema.

E, se a Petrobrás caminha bem, apesar dos percalços, nossos políticos seguem enfiando os pés pelas mão. Deputados estaduais do Amapá votaram em causa própria e levam nos bolsos um 14º salário e grana para vestimentas condignas com o cargo, ou seja lá o que isso signifique. Mostra apenas que nem mesmo de uma tragédias como o Petrolão, a Lava jato e outras mais, esses senhores sem vergonha na cara não aprendem. Luislinda fez escola! Como se isso não bastasse, o presidente Michel Temer escolheu um Ministro do Trabalho, C. Brasil, filha do notório Roberto Jefferson, condenada a pagar R$ 60 mil de indenização  para seu motorista, que era obrigado a trabalhar até de madrugada para atender  tão ilustre família!  Parece mentira...

E, para encerrar este breve, porém conturbado, início de ano, descobre-se que Governo e congressistas tramam (ou articulam?) uma emenda constitucional que "flexibiliza", a Regra de Ouro, que impede o Executivo de contrair dívidas para pagar emendas correntes, sob o risco de incorrer no crime de responsabilidade fiscal. Mais fácil: querem enfiar o pé na jaca, aumentar a capacidade de gasto para facilitar a vida dos bandidos. Acredito que nem preciso explicitar quem, no final, acaba pagando a conta. Por isso, e mais algumas cozitas que ainda vão aparecer, 2018 não vai ser fácil. Ano de julgamento importante e que faz lembrar o seguinte: a dificuldade que a esquerda tem para conviver com a legalidade! Ano eleitoral de escolha quase impossível (vou de partido NOVO), oportunidade de se renovar um Congresso que não merece o menor respeito (falam em 50 %) e uma pequena, suave e quase imperceptível recuperação econômica. Seja lá o que nos esteja destinado, Feliz Ano Novo!!!



PS - Mas, em compensação, apareceu nosso 007! Jonathan Moisés Diniz, 31 anos, brasileiro residente nos USA, foi preso pela polícia venezuelana e está em local incerto e não sabido. Segundo o incrível e insólito Nicolas Maduro, ditador de plantão na Venezuela, nosso compatriota estava trabalhando para a CIA, via uma Ong que têm "sérias ramificações internacionais. O Itamaraty esperneou e parece que nesta próxima semana um cônsul brasileiro  poderá falar com o espião. Só tenho uma dúvida: O que tem para ser espionado num País falido, com inflação estratosférica e com um bando de ensandecidos no poder? Adiós!


Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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quando quer e quando sente vontade,
pois, como dissemos acima,
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado.

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