A
foto de um menino assistindo com os olhos arregalados a queima dos fogos em
Copacabana, Rio de Janeiro, pode ser usada como um termômetro que marca o
início deste 2018. Ela, que inicialmente foi publicada em B&W e, em
seguida, colorida, disparou uma série de comentários irados, ensandecidos,
totalmente sem pé nem cabeça, como se aquela cena fossa a maior tragédia do
mundo. Antes de mais nada, a foto mostra apenas um menino com frio, na beira
d'agua, olhos fixos no céu, gravando em sua memória uma sequência de imagens
que, provavelmente, nunca mais esquecerá. Não há condições de se estabelecer
sua condição social. Rico? Pobre? Abandonado pelos pais? Menino de rua?
Essas
questões, infelizmente, não podem ser respondias pela fotografia, aliás,
belíssima. Na verdade, trata-se apenas de um menino que teve coragem de
enfrentar as frias águas do Rio de Janeiro á noite. Nada além disso. As
divagações que apareceram nas redes sociais foram assustadoras e mostram uma
intransigência colossal represada nas mentes de muitos brasileiros. A foto,
para eles, era uma amostra de um Brasil que abandona suas crianças (não estou
afirmando que não abandona...), onde os brancos viram de costas para os negros
-na verdade era um bando de tontos tirando uma self...- enquanto os demais
adultos sequer olham para o menino. Ora, ninguém, num momento como aquele,
abaixaria a cabeça para olhar alguma coisa; muito menos estaria fazendo uma análise
sociológica sobre as condições das crianças abandonas do Brasil e tudo mais.
Não naquele momento. Ali estava apenas um menino preocupado em assistir os
fogos, simples assim...
Considerando-se
que a passagem de ano é uma forma de recomeço, de boas esperanças, bons ventos,
boas notícias, essa reação de uma parte de nossa sociedade chega a desapontar.
Ninguém está afirmando aqui que estamos às mil maravilhas. Temos sérios
problemas que envolvem nossas crianças, como a educação depauperada, professores
desvalorizados, mas uma análise errônea como essa não ajuda em nada, apenas
piora.
Mas,
não vivemos apenas de meninos na praia que provocam situações iradas. Enquanto
os ensandecidos de plantão ficam tirando suas conclusões mais iradas ainda, o País
segue sua triste caminhada para o atraso. Só para termos uma ideia: nos últimos
5 anos, gastamos estonteantes R$ 122 bilhões na manutenção de nossas estatais.
Feitas as contas, essa estatais deram um retorno de R$ 89 bilhões. O buraco,
portanto, foi de R$ 33 bilhões. Adivinhem quem paga a conta? Para estragar de
vez esse início de ano, descobre-se que 7 a cada 10 brasileiros são contra as
privatizações! A conclusão é simples: o grande problema não é apenas não terem
a menor ideia de como votar, mas não terem, também, a menor ideia do que
significa somar e diminuir!
Já
o presidente da Petrobras, Pedro Parente, conseguiu uma façanha, ou um quase
milagre. Depois de muita conversa, os acionistas da Petrobras norte-americanos
aceitaram um acordo para por fim a um processo que vinha infernizando a vida da
empresa. Diante dos descalabros ocorridos na gestão da empresa na era
lulopetista, os acionistas do norte entraram na Justiça e levaram. Agora, a Petrobrás pretende pagar US$ 2,9 bilhões
(tenta um parcelamento) para enterrar de vez com o processo. Acionistas gringos
gostam da ideia e só falta agora o juiz confirmar. Uma boa saída, pois um
julgamento público, com júri popular, poderia enterrar de vez os sonhos de
recuperação da empresa. Os acionistas brasileiros também entrarão na Justiça e
deverá ser aplicado o mesmo sistema.
E,
se a Petrobrás caminha bem, apesar dos percalços, nossos políticos seguem
enfiando os pés pelas mão. Deputados estaduais do Amapá votaram em causa
própria e levam nos bolsos um 14º salário e grana para vestimentas condignas
com o cargo, ou seja lá o que isso signifique. Mostra apenas que nem mesmo de
uma tragédias como o Petrolão, a Lava jato e outras mais, esses senhores sem
vergonha na cara não aprendem. Luislinda fez escola! Como se isso não bastasse,
o presidente Michel Temer escolheu um Ministro do Trabalho, C. Brasil, filha do
notório Roberto Jefferson, condenada a pagar R$ 60 mil de indenização para seu motorista, que era obrigado a
trabalhar até de madrugada para atender
tão ilustre família! Parece
mentira...
E,
para encerrar este breve, porém conturbado, início de ano, descobre-se que
Governo e congressistas tramam (ou articulam?) uma emenda constitucional que
"flexibiliza", a Regra de Ouro, que impede o Executivo de contrair
dívidas para pagar emendas correntes, sob o risco de incorrer no crime de
responsabilidade fiscal. Mais fácil: querem enfiar o pé na jaca, aumentar a
capacidade de gasto para facilitar a vida dos bandidos. Acredito que nem
preciso explicitar quem, no final, acaba pagando a conta. Por isso, e mais
algumas cozitas que ainda vão aparecer, 2018 não vai ser fácil. Ano de
julgamento importante e que faz lembrar o seguinte: a dificuldade que a
esquerda tem para conviver com a legalidade! Ano eleitoral de escolha quase
impossível (vou de partido NOVO), oportunidade de se renovar um Congresso que
não merece o menor respeito (falam em 50 %) e uma pequena, suave e quase
imperceptível recuperação econômica. Seja lá o que nos esteja destinado, Feliz
Ano Novo!!!
PS
- Mas, em compensação, apareceu nosso 007! Jonathan Moisés Diniz, 31 anos,
brasileiro residente nos USA, foi preso pela polícia venezuelana e está em
local incerto e não sabido. Segundo o incrível e insólito Nicolas Maduro,
ditador de plantão na Venezuela, nosso compatriota estava trabalhando para a
CIA, via uma Ong que têm "sérias ramificações internacionais. O Itamaraty
esperneou e parece que nesta próxima semana um cônsul brasileiro poderá falar com o espião. Só tenho uma
dúvida: O que tem para ser espionado num País falido, com inflação
estratosférica e com um bando de ensandecidos no poder? Adiós!
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
Colabora com LEVA UM CASAQUINHO
quando quer e quando sente vontade,
pois, como dissemos acima,
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado.
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