Sunday, July 8, 2018

REFLEXÕES SOBRE TITE E NEYMAR (por José Luiz Araújo)


(texto publicado originalmente
no perfil do autor no Facebook
e resgatado por LEVA UM CASAQUINHO)

(a ilustração acima foi capa
de um tablóide esportivo argentino
neste último sábado, 7 de Julho de 2018)


Treinador competente e diferenciado, entendo, é o que encontra soluções (antes e durante o jogo), caso de Roberto Martinez, da Bélgica. Mudou a forma do seu time jogar em função do que conhecia do Brasil. No Corinthians, era o que fazia Carille diante da falta de quantidade na qualidade.

Tite é muito bom técnico. Mas é teimoso. E pensa que lealdade é tudo. Não abre mão dos atletas nos quais confia. Pergunto: o que é confiança nesse caso? É ter certeza de que o jogador fará exatamente o que ele mandar sem contestar?

Ora, qualquer atleta convocado, óbvio, ainda mais em uma competição desse nível e de tiro curto, fará o que o treinador mandar; ninguém é maluco. Não há mais rebeldes em seleção brasileira. E se não fizer, ou seja, quebrar essa confiança, é só substituir; afinal, são mais 22 à disposição.

Teimosia o levou às mesmas escolhas, como manter Gabriel Jesus, Marcelo e outros.


Além de não ter jogado o que dele se esperava (o que pode acontecer com qualquer um; nem todo atleta diferenciado decidirá todos os jogos), Neymar ficou mais marcado por suas dramatizações do que pelo trato à bola.

O problema é que em nada mudou a forma como ele é mimado, protegido, impedido de se expor. É preciso que seu pai ou seja quem for estoure essa bolha.

Ele tem 26 anos, não é moleque. Não jogou bem, tem que ser criticado sim. Mas quem o comanda não aceita. Ocorre que não é apenas para não chatear o 'moleque', há por trás toda uma imagem de intocável e de super-estrela que fomenta o dinheiro que ganha com publicidade. Empresas, óbvio, aliam suas marcas aos 'perfeitos'. Ou você já viu obeso fazer publicidade de energéticos, vitaminas, academias, etc?

Pois Neymar é tão protegido que até mesmo Tite caiu nessa, ou seja, há todo um universo de pessoas para isso. O treinador não o deixou falar nas entrevistas. Não que seria algo sensacional, uma vez que da boca dele nunca se ouviu nada de excelente conteúdo intelectual e nem mesmo futebolístico, pois está bem claro que ele não entende o esporte que pratica, não sabe ler o jogo, analisar táticas, etc.

Mas como atleta profissional (de um esporte público), adulto e ídolo, Neymar tem sim (até para quem compra os produtos que anuncia) que vir a público e falar sobre a Copa, sua atuação e a dos demais colegas de seleção. Não tem coragem de enfrentar os jornalistas. Ou não o deixam. E se for isso, mais um ponto nessa mania de ser intocável, moleque.

Neymar (e quem o cerca) precisa entender, de uma vez por todas, que o que faz também fora de campos (cabelo, carros, viagens, até quem namora, etc), mesmo sendo durante a sua vida privada, influencia sua imagem, para o bem e para o mal. Atletas, políticos, artistas e outros, infelizmente (pois a nossa sociedade é assim) não possuem vida privada; por isso ganham tanto dinheiro com a exposição.

No mundo, principalmente na Europa, jogadores, jornalistas e demais pessoas comuns não entendem como Neymar faz tantas dramatizações se possui futebol de sobra. Ocorre que lá é uma questão cultural dos povos criticar qualquer tentativa de se dar bem de forma irregular.

Mas nem uma palavra. Ele apenas se manifesta em suas redes sociais, onde não pode ser contestado. Hoje, disse que sua tristeza era tanta que seria muito difícil ter forças para continuar a jogar.

Tudo bem, então que encerre a carreira. Tome, de uma vez por todas, uma decisão como homem e que seja realmente sua.

Se pensar (e vai, claro) melhor e seguir em frente no futebol (é o que a maioria quer), assuma suas responsabilidades e mude de atitudes.

Futebol para ser o melhor do mundo ele tem, o que o impede de chegar ao topo são os que fazem as escolhas por ele.


José Luiz Araújo é Professor Universitário
e Mestre em Educação Física,
além de jornalista (trabalhou em
A TRIBUNA por mais de 25 anos)
e amigo do editor de LEVA UM CASAQUINHO
desde os tempos de escola.
Esta é a sua primeira colaboração.
Que venham outras.

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