Sofrimento?
Nem
tanto, nem tanto...
Se
há um torcedor de futebol que não pode reclamar da vida é o brasileiro. O
futebol parece nascer no nosso DNA, tal a intimidade e o prazer de jogar que
nos envolve. Ao longo de todas as Copas do Mundo, o Brasil é o único time que
nunca faltou a qualquer delas; um assíduo frequentador e o melhor, o que mais
ganhou. Com isso, criou um péssimo hábito nos seus torcedores: a vitória é
obrigatória, compulsória. E, como todos sabemos, além de imponderável, jogo é
jogo e são permitidos três resultados: vitória, empate ou derrota. Para os
brasileiros, vitória, vitória ou vitória. E fim de papo.
Esse
comportamento mostra o glorioso caminho brasileiros em Copas. Nenhuma equipe
apresentou os mais fantásticos mágicos da bola como o Brasil, rotina que começa
lá atrás com Leônidas, Heleno de Freitas, Didi, o mágico Garrincha, Ronaldinho
Gaúcho, Zico, Zito, Ronalducho, Rivaldo e o inigualável e maior jogador de
todos os tempos, um senhor chamado Edson Arantes do Nascimento, alcunhado de
Pelé. Claro, alguns nomes não aparecem (são tantos...), o que mostra a força e
o talento que parecem esbanjar pelos nossos campos.
Assim,
a vitória de 2 a 0 sobre o México, cá entre nós, foi supervalorizada pela
imprensa, particularmente o pessoal da TV, que teve momentos até patéticos, com
demonstrações de um ufanismo chato e bobo. Basta uma rápida análise do jogo,
para se perceber que o goleiro mexicano, Guillermo Uchoa, fez cinco defesas
difíceis, e na sua entrevista ao final do jogo não se lamentou de nada. Pelo
contrário, elogiou o time brasileiro, elogiou a determinação na luta “pela
vitória e a habilidade” que, segundo ele, “é imbatível”. Já nosso goleiro
hollywoodiano, Alinson, foi para o vestiário no final e nem precisou passar
desedorante. Nossa defesa, bem colocada e com uma sincronia quase perfeita,
deixou-o de camarote assistindo o jogo. Apenas um chute de longe que ele
colocoiu para escanteio. Ora, para um jogo de Copa do Mundo, o México fez
pouco, muito pouco..
Tivemos
os primeiros 25 minutos iniciais, quando o México chegou até a dar a impressão
de que poderia nos surpreender. Mas, passado o ímpeto inicial, as coisas foram
colocadas nos devidos lugares e o Brasil, mesmo ainda insosso, conseguiu
equilibrar o jogo, criar duas boas chances e voltar arrasador no segundo tempo.
É necessário que nossa torcida aprenda uma filosofia que a torcida argentina
conhece com perfeição: “aprender a sofrer”. Sim, com a evolução que o futebol
vem apresentando em todas as seleções, os jogos ficarão cada dia mais
complicados. Como dizem os analistas mais veteranos, “não existem mais bobos”
no futebol. Qualquer garoto –- e até as meninas, felizmente -- adoram chutar
uma bola, discutem táticas e elegem seus ídolos. Futebol transformou-se num
produto de consumo mundial, como coca-cola, ipad, celular e outros trastes. Com
uma diferença brutal: é saudável e praticado ao ar livre...
Agora,
só nos resta aguardar a Belgica nesta sexta. Temos condições de sobra para
chegar até a final, mesmo tendo pela frente seleções cotadas e muito bem
armadas. Para nós, resta aprender a sofrer, entender que não somos mais tão
bons assim como imaginávamos e que o futebol, para ser perfeito, exige
coletividade. O individualismo fica apenas para aquela faixa final do campo,
onde somente os realmente grandes sabem a decisão a ser tomada. Posso me
enganar, mas estou achando que a seleção tem tudo para chegar às finais. E aí,
a grande ironia: só falta o Brasil ser campeão do Mundo durante o governo Temer
e com o ex-presidente marginal e boquirroto na cadeia. Definitivamente, este é
o país da piada pronta.
Bom...
nesta sexta tem mais. Preparem seus corações. Inté.
Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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quando esquece que está aposentado.
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