(...)
O ponto principal é que nem todos os conjuntos de instituições, consideradas como
um todo, são iguais. Há combinações boas e ruins. Em alguns conjuntos de instituições,
as pessoas podem florescer livremente como indivíduos, como famílias, como
comunidades. Isso porque as instituições nos incentivam efetivamente a fazer
coisas boas – como inventar maneiras novas e mais eficientes de trabalhar ou de
cooperar com nossos vizinhos em vez de tentar assassiná-los. Em contrapartida, há
estruturas institucionais que têm o efeito oposto: incentivam o mau comportamento,
como matar pessoas que nos incomodam, roubar propriedades que cobiçamos ou
desperdiçar nosso tempo. Onde há instituições ruins, as pessoas ficam presas a
círculos viciosos de ignorância, má saúde, pobreza e, muitas vezes, violência.
Infelizmente, a história indica que há mais dessas estruturas medíocres do que
boas. Um conjunto de instituições realmente boas é difícil de se alcançar, ao
passo que é muito fácil ficar emperrado em uma instituição ruim. E é por isso que
a maioria dos países foi pobre durante a maior parte da história, além de iletrada,
doente e violenta. (...) Certamente, é
desejável que as sociedades com instituições ruins tenham instituições
melhores. Podemos ver esse processo acontecendo em todo o mundo: em grande
parte da Ásia, em partes da América do Sul e até mesmo na África. Mas há um
processo mais insidioso que vem ocorrendo ao mesmo tempo, em que sociedades com
instituições boas pouco a pouco começam a ter instituições piores. Por que isso
ocorre? Quem exatamente são os inimigos do Estado de direito, as pessoas
responsáveis pela notória deterioração que detecto em nossas instituições de
ambos os lados do Atlântico? (...)”[FERGUSON, Niall. “A Grande
Degeneração”. Tradução: Janaína Marcoantonio. São Paulo: Planeta, 2013, p. 15-16]
Os(As)
‘urubulinos(as)’ da carniça pútrida já andam com seus maus-agouros: daqui a 40
dias, um 2019 novinho em folha, mas prometendo um buraco bem maior do que esse
onde já nos encontramos.
Pode ser pior?!
Aaaahh... pode,
sim! Acreditem!
Funcionalismo
público do Rio Grande do Norte ainda não recebeu o 13º de 2017. O desse ano, é
bom já ir tirando da cabeça tal tola esperança...
Errado?! Claro!
Quem trabalha quer receber! O justo salário, a justa paga de sua atividade
profissional. Onde já se viu um troço desses?! Trabalha, e não recebe?! Isso
não existe. É injusto!
Só que tem um
‘pobrema’, não há dinheiro. Nem para folha de pagamento, remédios em hospitais
e postos de saúde, gasolina para viaturas policiais.
É um tal de
‘comunidade solidária’ com brasão das forças policiais dos estados em faixas
espalhadas pelas cidades que é uma coisa...!
‘Nós somos a
polícia, mas, com a falta de combustível, você vigia, caro(a) cidadão(ã)’.
‘Entonces’...
“tá”! Fazer o quê?!
A ‘pregunta’:
mas como é que chegamos nesse ponto? Onde foi que tudo deu errado?
‘Cabeça de
colonizado’ é uma desgraça! ‘Cabeça de colonizado’ é capaz das piores
barbaridades jamais imaginadas em toda história da humanidade. Um troço!
‘Cabeça de
colonizado’ pensa bem que dinheiro nunca acaba. ‘Cabeça de colonizado’ vai
‘pra’ praia na certeza de que pau-brasil e palmital nunca acabarão. ‘Cabeça de
colonizado’ não vigia Estado Democrático de Direito, imaginando, sei lá, que
basta estabelecer uma Constituição e o próprio EDD que tudo se resolve sem
grandes esforços.
“Orai, e
vigiai!”, já ouviram falar?!
‘Cabeça de
colonizado’ é preguiçosa: “... a gente arruma uma boca, tipo ‘Capitanias
Hereditárias’, e tudo mais se ajeita”. Abre concurso, apadrinha ‘uma penca’,
mantém aposentadorias para B&B, Caixa, militares e magistratura, e foda-se
o resto!
“O dinheiro dá”,
entende?!
“Não,
caríssimo(a)! Dá, não!”. Cobertor minúsculo essa peça de ficção chamada
orçamento.
E quando o lugar
é pobre (‘Brasil-sil-sil-sil!’), a coisa piora sensivelmente.
O que anda
matando em termos de custo da máquina é um trem obsceno que envolve as
aposentadorias das “cabeças coroadas”. Citados acima, os cargos de elevado
‘escalão’ são piores que qualquer marajá e/ou monarquia ainda existente no que
tange a torrar o dinheiro duramente coletado das atividades ligadas a tal
“iniciativa privada”.
É de se avisar:
a “iniciativa privada” quebrou, já não anda com as próprias pernas há muito!
Mexer numa reforma da previdência (nas três esferas) sem colocar cerca na
dinheirama dos “cabeças coroadas” é foder de vez! Os trabalhadores da
“iniciativa privada” estão desempregados, fodidos, já não conseguem sequer
contar mais com os serviços públicos, uma bosta completa.
Empurrar mais
uma continha para as atividades chamadas “da iniciativa privada” é já saber que
a porra toda quebra em questão de meses. Não chega em outubro de 2019.
Uma das questões
que movimentam os ‘programas de debate’, nos canais abertos, fechados e “Você
Tubo” é como o presidente recém-eleito vai lidar com o corporativismo. Brasil é
‘jogo-de-empurra’, “... farinha pouca, meu pirão primeiro...”. E foda-se o
próximo!
Católico-cristão,
‘pacas’!
“No cu, jaú!”
que o corporativismo “100% made in Brazil” vai entregar a rapadura sem botar
‘pra’ foder. Classe política, populista e babaca, não entrará em
‘bola-dividida’ para perder eleições em breve. Ações necessárias, mas
tremendamente impopulares, estão fora de cogitação. Judiciário, que é um outro
ente corporativista, nem pensa em partir para o sacrifício “... em ‘prol’ do
bem-estar de todos e da nação”. Nem fodendo!
Tudo bem! “Vai
quebrar, beleza?!”.
E de um jeito
que não vai ter dinheiro para mais ninguém.
Se uns receberem
e os demais, não, preparem-se para uma ‘quebra-de-ordem’ que partiu... da...
própria governança! ‘Úia!’.
O salário do
presidente ‘tá’ garantido, mas o do resto da população, não?! Humm... como
gostam de brincar com fogo.
‘Cabeça de
colonizado’ é uma bosta, mesmo!
Há o peso,
nesses últimos tempos, do empobrecimento mesmo de países ‘considerados’ mais
ricos. O mais assustador dos índices, entre os pertencentes à OCDE, é o dos
Estados Unidos. Algo aterrador! O que gerou a pergunta presente na abertura da
Mercearia dessa semana, feita pelo historiador escocês Niall Ferguson: como
podem países ricos entrar, ultimamente, na ‘espiral descendente’?!
As investigações
de Ferguson são extensas: recheadas de muitos pormenores numa equação de sétimo
grau macabra e forrada de intermináveis variáveis. Em suma, o que daria para
afirmar é: onde o dinheiro é escasso, desaparece a ética.
Ética é algo
que, por incrível que pareça, todos possuem. Só que uma pessoa enfia a cara em
CDs & DVDs piratas, PDFs de livros e demais cópias do que seja, por
completa falta de dinheiro. Seria quase como afirmar que “... o dinheiro que
uma pessoa tem a faz mais ética do que as demais”.
E há alguma
linha de raciocínio pertinente nisso.
Ainda que longe
de uma boa explicação para tal, a relação entre ética & finanças
rechonchudas acaba por explicar porque nossa cidade, aqui, por essas bandas de
cá, tornou-se ‘dinheirista’. Super simples: dinheiro permite ética.
Porque, quando
não há bastante para todos, vira ‘terra-de-ninguém’. Questões éticas são postas
de lado na busca do acesso ilimitado ao dinheiro. Pessoas passam a ter ‘preço’
e uma vida só vale quando enquadrada na “possibilidade Azevedo Sodré de ser”.
Os valores humanos passam por um crise forte diante do desaparecimento de
abordagens mais consistente e não tem existência que aguente o tamanho das
trombadas que sempre pintam no caminho.
A solução é
“flexibilizar” as instituições para: a. ocupá-las; e b. fazê-las instrumento
(ou caminho) para o acesso ilimitado ao dinheiro. Como isso gera uma conta, o
costume é empurrar o boleto para aqueles que já não possuem muito. O calote
sempre se aproximaria a passos largos.
O que o
professor-doutor em filosofia Paulo Arantes chama de “rebaixamento”. Nesses
casos, pega todo mundo: inclusive os países tidos como ‘ricos’.
Ferguson vai
para o caminho da degeneração das instituições ocidentais: seus
desmantelamentos garantem que mesmo ‘os ricos’ apresentem problemas sérios para
garantir o bem-estar de suas populações. Empobrecimento galopante. Tudo fica
muito ruim, mesmo para lugares onde imaginamos rios de dinheiro cortando suas
principais cidades.
Em algum ponto,
o historiador escocês vai ter de se deparar com uma certa escrotice & escrotidão
comum no DNA humano: “... farinha pouca, meu pirão primeiro”. Produzir riqueza
em escala global é destruir o planeta e ter como entendimento que toda cabeça
“bate no teto”.
Riqueza
ilimitada não existe. Enquanto isso fizer parte do imaginário humano, é a
dor-de-cabeça que nunca vai embora. Uma assombração perene. Na hora de se
resolver problemas, vira um troço: balança tudo! Entra ano, sai ano, e a
precariedade só aumenta.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 47 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É autor de Areias Lunares
(à venda na Disqueria,
Av. Conselheiro Nébias
quase esquina com o Oceano Atlântico)
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO
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