Tuesday, November 27, 2018

NOVA ADMINISTRAÇÃO, PROBLEMAS ANTIGOS (por Alvaro Carvalho Jr)



Não será nada fácil para a nova administração brasileira, agora sob o comando do capitão Bolsonaro, tocar em frente todas a necessárias mudanças na economia. Tanto que, numa forma de revolta subliminar, deputados de vários partidos já lançam torpedos contra as reformas tão necessárias para que este País saia de sua inércia.

E o cinismo desses deputados chega a níveis tão descarados e cínicos que assustam: falam claramente que dificilmente apoiarão a reforma da Previdência, por exemplo, sem que não haja uma contrapartida, usando a impopularidade da reforma como moeda de troca. Uns canalhas.

Segundo esses deputados, só há uma maneira de tocar as reformas: os partidos precisam ser ouvidos e receber, proporcionalmente, o que tem de direito, como se nossa política fosse um pedaço de carne a ser repartido. Argumentam, Pasmem!, não encontrarem motivação suficiente para aprovarem uma proposta tão importante e tão rejeitada pelo eleitorado! Só há uma saída: a troca por alguma coisa, no caso cargos e dinheiro.

A situação ficou mais complicada à partir do momento em que o capitão Bolsonaro resolver entregar três cargos importantes para o DEM-Democratas, um partido que quase foi aniquilado pelo PT e que agora volta ao cenário político com toda força. Mas, fazendo justiça, o DEM nem foi consultado para a entrega desses cargos. Foram personagens escolhidos a dedo pelo presidente eleito, escolhas pessoais e que, segundo ele, seguiram questões de competência, nada além disso.

Fica claro, portanto, que o toma lá dá cá parece um câncer colado à política brasileira como tatuagem de péssimo gosto. O mundo mudou, as pessoas mudaram, o eleitorado brasileiro –para o bem ou para o mal- demonstrou sua ânsia de mudanças nas urnas e meia dúzia de políticos ainda insistem nesse hábito terrível. Até quando seremos obrigados a conviver com esse tipo de política velho, carcomido, sujo?

Chegou o momento de enterrar certos mitos que vem nos atrapalhando pelos séculos. Esse negócio de afirmar que privatizar é de direita ou intervir no mercado é de esquerda; priorizar o mercado internacional é de direita, combater a desigualdade de renda é de esquerda, não passam de jargões políticos muito úteis no horário de propaganda eleitoral. Mas bem pouco úteis na hora de tocar um País em frente. Durante a Ditadura Militar, considerada de direita, o mercado sofreu intervenções sempre que o ditador de plantão decidia. E a maior onda de privatizações foi com FHC, um social democrata, portanto de esquerda.

Na realidade, o que interessa é o ajuste e aplicação de uma política econômica que atenda ao País; que torne a vida de todos mais fácil e que leve a Nação para um bem-estar geral. Sempre é bom lembrar que o dinheiro tem duas qualidades fantásticas: não leva desaforo para casa e nem tem cor ideológica. Fica claro, portanto, que direita e esquerda servem apenas para disputar poder, mas a economia deve ser levada com seriedade, dentro das necessidades que o País exige.

O Brasil, por exemplo, enfrenta uma crise fiscal histórica. E 10 entre 10 economistas de plantão consideram que as reformas da Previdência, trabalhista e Tributária são a única saída para se tentar equilibrar as contas lá por 2023. Sim, crianças, lá por 2023, ou seja, dentro de uns 5 anos. Isso se essas reformas forem aprovadas ainda este ano! Como sair desta enrascada? Apenas com sacrifício, muito sacrifício. Não serão as teorias de Marx ou de Keynes que irão alterar o panorama tenebroso que enfrentamos. Ou une-se o País e vamos todos colocar uma só camisa, ou iremos, todos em uniformes diferentes, para o mesmo buraco.

Não dá mais para conviver com bancada da bala, a bancada ruralista, a bancada evangélica, a bancada católica, a bancada seja lá do que for. Gostaria de saber quando teremos a bancada do Brasil, a única que realmente interessa. Esse negócio de cada um puxar a sardinha para o seu lado é política superada, enterrada e sepultada.


E, finalmente, acabar definitivamente com esses políticos do tipo Dalário Beber, senador por Santa Catarina, do PSDB, que, cinicamente, tentou baixar de 8 para 3 anos a proibição de ocupar cargos públicos dos políticos corruptos pegos na Lei da Ficha Limpa, a única lei popular aprovada. Um País, para chegar ao seu destino, precisa respeitar as leis. Sujeiras como essa desse senadorzinho não levam a nada. Um político que nunca aprovou nada e que vive às nossas custas a um custo altíssimo. Mais um que o eleitorado esqueceu de defenestrar...Adiós.


Álvaro Carvalho Jr. é jornalista aposentado
e trabalhou para vários jornais e revistas
ao longo de 40 anos de carreira.
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quando esquece que está aposentado.

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