No ano em que a
direita ‘roeu e a corda’ (e pulou fora da Nova República), o
pensador-historiador escocês Niall Ferguson lançava o seu “A Grande
Degradação”.
Leitura
obrigatória!
Especialmente
para se entender como um ‘baixo-clero’, que impulsionou sua mediana carreira
política em programas de TV “pop” ao longo de três décadas, pode,
tranquilamente, chegar ao mais alto posto do Executivo em esfera federal.
Todo país tem o
seu “Trump” de plantão: na Argentina, quem sabe, seria o Machri; nas Filipinas,
o “rompe-e-rasga” do Duterte; a França segue de família le Pen; a Inglaterra
tem o Boris Johnson... e, por aí, vai...
Nada muito
surpreendente, aliás.
O ‘pobrema’ não
é o caldo-de-cultura de uma direita assumir postos-de-comando: o ‘pobrema’ é a
ultra-direita subir ‘nos costados’ da direita para entregar o que há de mais poluente
em termos de conteúdo, dogma e doutrinação.
Depois do
testemunhado na noite do último domingo, há de nascer, ainda, algum brasileiro
que ache estranho (ou venha a criticar!) um país como o Irã ser uma república
muçulmana.
Trocando de
crença, se o vencedor do pleito no último final-de-semana fosse do candomblé,
caso decidisse agradecer aos orixás o sucesso nas urnas com uma “gira”, era
‘bas fond’ na certa.
Ou seja: abraçar
essa de ‘estado laico’ é uma cascata de doer no espírito. Se vale a crença da
maioria, é bom não reclamarmos dos persas. Agradecerei, sempre, minha liberdade
de culto, mas não empurro minha instituição religiosa de preferência goela
abaixo de mais ninguém.
Se Naill
Ferguson fosse um historiador mais atento, a primeira instituição a ser
recuperada no mundo ocidental era o da Isonomia. Mas qual?!
Saber se esse
caldo-de-cultura chegou primeiro ‘pela esquerda’ ou ‘pela direita’ seria o
mesmo que entender quem veio primeiro: o ovo ou a galinha.
No final, temos
o ovo frito e o frango assado. Grande dilema!
Há mister de se
ter algum cuidado com ‘lobo em pele de cordeiro’: há os “proto” para qualquer
lugar onde se deite o olhar. Os simulacros de esquerda que o digam: não apoiar
cunhos político-ideológicos sequestrados por determinado partido faz todo o
sentido do mundo, em especial quando se leva chifre por três vezes (já pode
pedir música!). Xingar um ancião de quase 80 anos (independente se gostemos de
sua biografia, ou não) é dose para elefante.
‘As diferenças
de pensamento enriquecem a raça humana’ é uma outra falácia de doer na alma. Se
é uma coisa que o bichinho homem (permitam-me a minúscula!) nunca foi é ser
tolerante. Resolve-se tudo com um belíssimo “ele é um bosta”, e estamos
conversados.
Pois é, “Mr.”
Niall Ferguson: ‘taí’ uma boa explicação do porquê as instituições no mundo
ocidental andam passando de cavalo para burro.
É constitutivo
do ser humano a hipocrisia. Seria bom abandonarmos essa ilusão do tipo ‘canção
do John Lennon’ onde o cordeirinho faz o leão de gato-e-sapato. Quem vence,
tripudia: como se comemorasse a quitação do carnê das Lojas Cem referente a uma
esquife transadíssima para o próprio velório.
E se perguntar:
mas que ‘caralhos’ vocês estão comemorando?!
Apreciem as
últimas falas da economista-chefe da XP Investimos, Zeina Latiff, e verifiquem
o tamanho da naba que se direciona contra o próprio rabo. Independe se o(a)
querido(a) freguês(a) gosta, ou não, de determinado partido, se votou ‘por
utilidade’, para se evitar ‘isso ou aquilo’. Independe, mesmo!
Somem as falas
dela com a leitura sugerida no início desse texto e vocês verão que não é culpa
“desse” ou “daquele”: é uma bosta contínua transformada numa incrível e
monumental bola-de-neve difícil de matar no peito ao pé da montanha.
Zeina foi
enfática: se nos próximos 365 não for entregue reforma fiscal minimamente
decente, além de o país “quebrar”, o futuro governo não emplaca dezembro de
2019.
Cai antes.
Governança
precisa de lastro: não dá para chegar ao poder com um ‘think-tank’ feito por
gente raivosa via canal de ‘Você Tubo’.
Povo profundo
como um pires: de todos os lados.
E a fatura
vencendo...
Ficou “legal”
odiar: o país sem dinheiro, quebrando, mas o que vale é xingar.
Ninguém pára a
fim de ouvir as análises quase sempre escuras de um porvir pouco animador. A
realidade anda batendo à porta. Mas qual?! O lance é nem terminar de ler o
texto e já sair xingando o(a) autor(a) de tudo quanto é nome.
E a fatura
vencendo...
Sem dinheiro
para pagar.
O que tem de
dogma e palavrão no perfeito desrespeito ao próximo é de cair o queixo e ficar
procurando o pedaço de maxilar cidade afora.
É uma
picaretagem & charlatanismo que ganhou proporções siderais: sim, porque,
agora, a democracia também chegou na falta de compostura.
Voltamos a
repetir, nessa perdida Mercearia, que o lado bom da coisa é que esse
caldo-de-cultura é ótimo para a hipocrisia de se “fazer as pazes” para que todos
ataquem o peru no próximo dia 25 de dezembro.
É para se ouvir
aquela voz lá no fundo: “... tenham dó!”.
Pega bem sermos
“bonzinhos” no feriado religioso: uma porrada de ofensa ao longo de cinco anos
para a superação das diferenças em nome da ‘harmonia familiar’.
É para se
levantar uma estátua de 200 metros para o Nelson Rodrigues: o deus do século
XXI.
Como, por aqui,
o peru foi cindido por motivos particulares (não políticos), os sumiços já se
estabeleceram nos últimos 30 anos (de um lado da família, são perto de 15), em
que pese a observação das últimas inclinações políticas em ambos os lados do
clã reforçarem os votos de mais 30.
De ‘boas’?! ‘Tá’
bom do que jeito que ‘tá’.
O lado bom da
coisa: não gastar tempos preciosos e gigantescos para “manter as aparências” a
fim de engolir gracejos & mais ofensas no grande festejo de nascimento do
Messias com aquela cara mais boa do mundo; como se nada tivesse acontecido:
entra por um ouvido e sai pelo outro.
Uma ode ao
‘sangue-de-barata’.
Essa Mercearia
apoia os(as) corajosos(as) que não irão à ceia, e ampara o aviso: o peru foi
cindido. E não tem volta! Não se trata de uma questão de “resistência”: é um
fato! ‘Tomadas de posição’ não afetam o convívio jamais: ‘insultos
subliminares’, sim. Exceto xingamentos bem mais explícitos... para esses, o
conserto foi embora há muito.
Aos que não irão à ceia,
nossos comerciais votos (posto que isso é uma Mercearia) de parabéns! Coragem,
acima de tudo, de não pactuar com qualquer coisa que venha foder a cabeça.
Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 47 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É autor de Areias Lunares
(à venda na Disqueria,
Av. Conselheiro Nébias
quase esquina com o Oceano Atlântico)
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO
Muito bom !!! 👏🏻👏🏻👏🏻
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