Wednesday, June 22, 2016

O BELÍSSIMO "TREM DA VIDA" É O CARTAZ DE HOJE NO CINECLUBE PAGU ÀS 19 HORAS

por Alissa Cocktolstoy
para Círculos de Leitura


Em torno de 1941, uma comunidade judaica da França vê-se ameaçada com a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha e o avanço das tropas nazistas. O pequeno povoado recebe a notícia da chegada dos alemães através de Scholmo, considerado como “o Louco” da aldeia. A princípio a comunidade entra em pânico. Nem o Alto Conselho consegue uma saída cabível, pois muitos não queriam sair daquele lugar onde sempre haviam vivido. Até que Scholmo tem uma ideia: construir um trem, simulando uma deportação de judeus para o campo de concentração. O destino seria a Palestinaonde, os judeus mais teriam proteção.

Juntos, os moradores vão encontrando estratégias para realizarem o plano. Também se apóiam no fato de terem entre eles mestres nos mais diferentes ofícios. O saber fazer bem as coisas tornou-se um recurso fundamental. Por exemplo, ter excelentes alfaiates os possibilitou fazer réplicas perfeitas de uniformes nazistas. Compraram vagão por vagão. e tinham entre eles aqueles que sabiam reformá-los e torná-los idênticos aos trens oficiais. Um escritor suíço ensinou a alguns escolhidos para fazer o papel de nazistas a falarem o alemão melhor. Assim o sotaque não os delataria caso fossem parados no caminho. Um dos temas principais da história é a cooperação – e a força do grupo. Todos doam o que lhes era possível para ajudar na construção do trem. Alguns fazem o papel de oficiais nazistas, outros de judeus presos. Partem rumo à Palestina sob o comando de um maquinista que mesmo sem ter feito antes na prática uma viagem, consegue aprender na prática, com uma manual à mão, impulsionado pela dedicação à comunidade e ao seu sonho de um dia ser maquinista.

No caminho decidem mudar de rumo: para a Rússia por esta ter menos estações. Escapam de bombas colocadas nos trilhos por franceses da resistência contra o nazismo, que imaginavam se tratar de um trem de deportação. Os franceses só param de persegui-los quando os vêem orando, em comemoração ao Sabá, dia sagrado para a religião judaica.

Yossi, um judeu comunista, prega suas ideias durante a viagem alegando sempre: ” Homens e mulheres do mundo inteiro, uni-vos!” e ” no futuro todos os homens serão iguais “, criando conflitos internos entre os judeus e conseguindo alguns adeptos.Durante a noite, alguns judeus comunistas fogem e para recuperá-los só com mais uma ideia do louco: colocar os cachorros para acharem eles. Enquanto isso, Scholmo vê nazistas de verdade capturando o alfaiate. Para resgatá-lo, tem a ideia de confeccionar uma farda superior a do oficial que capturara o alfaiate, e assim é feito. Recuperam o alfaiate e ainda enchem o trem de mantimentos para o resto da viagem.

Há uma cena marcante em que o trem é parado por uma barreira alemã. Aqui, pela primeira vez, o Comandante faz seu papel de nazista e inventa uma história para tentar convencer os alemães: aquele trem carregava judeus “especiais”, comunistas e por isso, não constava na lista por ser sigilo total. A história foi tão convincente, e o comandante a contou tão bem, que conseguem enganar os nazistas, e passam pela primeira barreira. O comandante se fez passar tão bem por nazista, que acaba se tornando alvo de critica e desconfiança de alguns do grupo, que o acusam de fascista. Mas ele não se abala, pois sabia que o que fazia era por amor a sua gente.

Continuando a viajem encontram um outro trem e o oficial deste trem diz ter a permissão para revistá-los. Eis que de repente surge uma nova revelação: o trem que os parou na verdade é de ciganos, que, como eles estão fugindo dos campos de concentração. A partir daí, os dois trens torna-se um e vão todos para a Rússia. Para aliviar os momentos de tensão vividos por ambos grupos de fugitivos, há uma disputa entres os músicos e todos acabam comemorando, provando que diferentes crenças podem viver em um mesmo lugar em harmonia.

O filme termina com a imagem de Scholm contando sobre o destino final dos personagens. Uma vez em terra Soviética, a maioria ficou e abraçou a causa comunista. Outros foram à Palestina, sobretudo os ciganos. Outros foram à Índia. O maquinista seguiu até a China e tornou-se chefe de estação. Esther ( a mulher que ele sempre amou ) foi morar na América e teve muitos filhos lindos. Entretanto, Scholm nos conta tudo isso atrás de um arame farpado, usando um pijama listrado – o uniforme usado pelos prisioneiros dos campos de concentração. Ficam então muitas perguntas: o quanto da história realmente aconteceu? Será que alguns se salvaram, e talvez outros, como Scholm, foram presos no caminho? Qual o nível da loucura de Scholm, uma vez que ele havia sido na verdade alguém criativo que propôs uma solução para sua aldeia? Não sabemos se podemos ou não acreditar na veracidade total do final narrado por Scholm. Mas a história nos mobiliza a pensar na força da criatividade e cooperação humanas, mesmo em situações extremas. O “Trem da Vida” é, na verdade, o símbolo da luta de um povo pelo direito de continuar a viver.


TREM DA VIDA
(Train de Vie, 1998, 103 minutos)

Direção
Radu Mihaileanu

Elenco
Lionel Abelanski (Shlomo)
Rufus (Mordechai)
Clément Harari (o rabino)
Michel Muller (Yossi)
Agathe de La Fontaine (Esther)
Johan Leysen (Schmecht)
Bruno Abraham-Kremer (Yankele)
Marie-José Nat (Sura)
Gad Elmaleh (Manzatou)






Quarta - 4 de Novembro - 19 horas
OFICINA CULTURAL PAGU
Rua Espírito Santo, 17 
quase esquina com Av. Ana Costa
Campo Grande, Santos SP
Telefone: (13) 3219-2036

Ao final da exibição,
 um breve debate com os curadores
 do Cineclube Pagu:
 Carlos Cirne e Marcelo Pestana




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